Um

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A tarde caia e com ela a felicidade de quem poderia continuar a viver em seu lugar, Sakura colhia alguns legumes em sua horta para que pudesse fazer um belo jantar. Mais cedo, seu pai havia partido na esperança de que conseguisse pagar a dívida em que se encontravam.

As roupas balançavam no pequeno varal feito com cordas espessas com o a brisa do fim de tarde, era como se tudo fosse realmente dar certo em suas vidas.

Estava orgulhosa, entrou para sua casa e vestiu seu avental que ficava ao lado da porta em sua pequena cozinha a lenha, colocando seus legumes de molho temperou seu porco para que tivesse o melhor naquela noite. Era o mínimo que poderia fazer para agradecer ao seu pai pelo grande esforço que estava fazendo, sabia que não era fácil proteger e cuidar da própria terra além da família.

Viviam em uma pequena casa amadeirada, o campo lhe davam liberdade para viverem tranquilos dentro daquele pequeno local, uma pequena plantação tomava. Não era muito, já que ultimamente não estavam conseguindo pagar suas dívidas com a colheita mas ao menos era o suficiente para que os alimentasse. Eram apenas ela e seus pais, não tinham muito e mesmo assim viviam bem.

Entretida com seu trabalho enquanto descascava e cortava os legumes com a ajuda de sua mãe, ouviu a porta ranger anunciando a chegada de seu pai. Sabia que traria notícias de como foi, estava ansiosa para lhe dar o jantar de agradecimento por seu esforço.
Mebuki lhe ajudava com as panelas da cozinha quando ouviu seu pai anunciar sua chegada.

— Estou de volta.

Sakura se virou com seu sorriso doce e com surpresa olhou para os cinco homens que haviam em sua casa. — Sejam bem vindos. — Disse timidamente limpando as mãos em seu avental.

Três guardas aguardavam pacientes com suas grandes espadas e roupas parecidas. O mais velho com longos fios brancos em sua cabeça presos na metade deixava algumas mechas sob seu rosto, tinha o sorriso largo, vestia uma bonita roupa creme com adornos em dourado, tão caro como podia ser e ao seu lado com parte de seu rosto coberto, tinha uma longa cicatriz que descia de suas sobrancelhas claras  e se estendia até por baixo do tecido escuro, uma marca que provavelmente havia ganhado em alguma de suas batalhas. Com cabelos acinzentados, vestia uma longa túnica preta e mantinha as mãos descansadas em seus bolsos, seus olhos negros a encarava em silêncio.

O mais velho a olhou com seu largo sorriso e voltou a olhar para seu pai. — Muito bonita meu caro Kizashi, Muito bonita.

— Sim e uma ótima dona de casa, como a mãe. — Apertou os dedos de Mebuki enquanto falava.

— Pai? — Tentou não conseguia entender o que estava acontecendo, Kizashi apenas a olhou fazendo com que abaixasse o olhar entendendo que não deveria dizer qualquer coisa que fosse, Sakura segurou seus dedos atrás de seu corpo na tentativa de se desculpar pela intromissão.

— Maravilha, voltaremos dentro de um dia para buscá-la. — Disse enquanto se virava. — Temos uma grande festa para preparar!

Com uma breve reverência em sua direção o homem de cabelos acinzentados partiu seguido pelos seus guardas. Angustiada, olhou para seu pai que mantinha a mão firme nas de Mebuki.

— Pai... o que...

— Basta, Sakura. — Disse respirando fundo. — Eles virão te buscar amanhã, esteja pronta. Sua mãe ajudará a se arrumar para a chegada deles.

— Pai.. o que quer dizer com isso.

— Você se casara com o lorde, foi o único jeito que consegui de pagar a nossa dívida.

Sakura arregalou os olhos, perdeu o equilíbrio de suas pernas e apoiando nas madeiras de sua cozinha o olhou incrédula. Mebuki soltou a mão de Kizashi e com cuidado segurou as dela na tentativa de acalmar seus nervos.

— Querida, pode ser que seja a melhor coisa que já aconteceu em sua vida. — Disse tocando em seu rosto.

Sakura soltou sua mão devagar e segurando o choro seguiu correndo para seu quarto, não queria ser obrigada a se casar com alguém que nem sabia quem era, tinha extremo medo de que isso pudesse acontecer um dia. Sempre imaginou que seus pais a deixariam encontrar o amor sem obrigação alguma, mas tão enganada e iludida, provavelmente teria como marido um lorde porco que a trataria tão mal como uma pobre escrava.

Mas se passaram tantos anos e nunca foi obrigada a nada disso, que se sentia traída por seu próprio pai que prometeu cuidar de sua vida.

Jogada em sua pequena cama colocou em sua cabeça que não ficaria naquele lugar, certa de sua escolha sairia antes que não tivesse mais escolha sobre sua própria vida.

E com uma pequena sacola cheia com alguns vestidos pulou para fora de sua pequena janela, com a falta de equilíbrio caiu batendo com seus joelhos no chão. Tentando não fazer barulho tampou a própria boca não deixando com que seu resmungo de dor saísse de seus lábios, se apoiando nas madeiras de sua casa se levantou com a sacola nas mãos e em silêncio andou tentando passar despercebida por trás de sua horta.

— A onde pensa que está indo?

Sakura gelou e tremendo virou o corpo para onde vinha o som forte de sua voz, apoiado na árvore que tinham ao lado de sua casa um dos guardas que estavam dentro de sua casa apoiava os braços atrás da cabeça.

Se desencostando dali, caminhou lentamente em sua direção. Sabia que não conseguiria correr muito mais que o guarda que a observava enquanto tentava sua falha fuga.

Segurando firme em seu braço a puxou com cuidado de volta para sua casa. — Por favor, me deixe ir ninguém saberá que me deixou escapar. — Implorou para o homem que seguia em sua frente a levando de volta.

— Não posso fazer isso, fui deixado aqui para que não acontecesse nada com você até que meu lorde viesse buscá-la.

O homem a levou com cuidado e em sua porta a abriu para que entrasse, estava desesperada para não precisar estar nessa situação.

Seu pai saiu de seu quarto e com o rosto coberto de raiva a pegou pelo pulso e carregou para dentro da casa. — Já fechei a sua janela, agora vá descansar, não pode fugir disso Sakura, já foi decidido.

Magoada puxou seu braço sem se importar com seu pai, correu para seu quarto na sua última noite em liberdade. Chorou como se ainda fosse uma pequena criança, o ar era pouco para conter sua respiração entrecortada pelos seus soluços.

E tão cansada de chorar, adormeceu prometendo a si mesma que não desistiria de ter sua própria vida em paz, sairia dessa situação de um jeito ou de outro.

Um Grande Pagamento - Parte 1 - Kakasaku/ShikaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora