Cap. 8 - Repassando os Detalhes

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Pov Camila Cabello

Nós Repassamos os Detalhes Principais.

Ela rouba todo o lençol durante a noite. Eu durmo sem roupa. Ela não gosta de usar a pia do banheiro ao mesmo tempo que eu. E eu não dou a mínima se ela cospe pasta dental na pia enquanto eu escovo os dentes. Ela tem mais de duas dúzias de loções para o corpo e não repete nenhuma durante a semana.

— Eu não uso loção, obviamente — eu digo, gesticulando na direção da pequena estante de seu banheiro, repleta de loções de frutas vermelhas, flor de ameixa, leite com mel e todos os tipos e essências de cremes para o corpo existentes no planeta. — E repito, eu não sei por que alguém me perguntaria que tipo de loção você usa.

— Eu sei disso — ela responde, ligando na tomada o secador de cabelo. — O ponto é que eu quero sentir que sabemos essas coisas uma sobre a outra, para podermos agir mais naturalmente como noivas. É para parecer autêntico. Por exemplo, eu levo cinco minutos para secar o cabelo.

Eu ligo o cronômetro do meu celular e leio um capítulo de um e-book enquanto ela usa o secador no cabelo. Existe algo muito caseiro neste breve momento. Como se nós fôssemos um casal de verdade e eu estivesse esperando minha mulher se aprontar para sairmos.

Hmmm.
Talvez porque seja precisamente isso o que está acontecendo.
A não ser por um detalhe: nós não somos um casal de verdade.

Quando o alarme do meu cronômetro dispara, Lauren está pronta e eu então ponho o meu celular no bolso. Depois de enrolar o fio de secador, ela estala os dedos.

— Esquecemos de uma coisa muito importante.

— O quê?

— Como nós descobrimos?

— Como descobrimos o que?

— Dãã. Que estamos apaixonadas, ora. — Ela diz isso com tanta doçura, de modo tão sereno, que por um momento não me dou conta do significado de suas palavras. Eu esqueço que estamos criando os detalhe e simplesmente começo a vasculhar minhas lembranças em busca da resposta. Quando, por fim, a realidade se restaura e me dou conta do meu devaneio, eu rio de mim mesma.

Nós não estamos apaixonadas, só vamos fingir que sim. Então, enquanto saímos do banheiro, eu conto a ela a mesma história que contei ao meu pai nesta manhã — a história do nosso amor e de como terminamos juntas.

— Isso não é o suficiente — ela comenta.

Percorremos a curta distância até sua diminuta cozinha e os saltos dos sapatos dela produzem um ruído seco ao baterem no piso de madeira dura.

— Por que não? — pergunto. Lauren apanha uma jarra de chá gelado na geladeira e eu pego dois copos no armário. Ela é exigente quanto ao chá gelado que consome; adora os saquinhos de chá da loja Peets que compra no site da Amazon, pois não há uma unidade da Peets em Nova York.

— Precisamos de mais detalhes — ela diz e toma um gole da bebida. — Eu aposto que as filhas do Sr. Offerman vão ser as primeiras a sentir o cheiro da mentira. Garotas são muito espertas. E se as filhas dele suspeitarem,
você pode apostar que vão contar ao papai. Nós precisamos trabalhar bem essa parte. Vamos ver se eu entendi: Certa noite, no bar, nós percebemos que tínhamos um sentimento forte uma pela outra, é isso?

— Sim. Faz apenas alguma semanas. Tudo aconteceu bem rápido.

— Mas como foi que começou? Especificamente. Qual foi o detalhe especial que fez nosso romance surgir?

— Lauren, eu contei essa história para o meu pai. Ele não me perguntou.

— Mas as mulheres vão — ela ressaltou e então balançou seu anelar vazio — assim que eu colocar o anel no dedo, todas as mulheres vão falar nele e vão querer saber como nos apaixonamos, com detalhes. Provavelmente amanhã mesmo, no jantar. Nós precisamos de uma história — Lauren diz enfaticamente enquanto caminha pela pequena cozinha.

CAMREN: Minha Sempre Melhor Amiga (G!P)Where stories live. Discover now