Capítulo 100

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MÔNICA

Três meses atrás...

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A reunião começa com um clima pesado, Adam e Julian evitam olhar nos meus olhos, o que já me deixa bastante desconfortável. Uma mulher entra na sala, e todos os murmurinhos das outras mulheres seção, ela varre o olhar como se estivesse procurando por alguém, e finalmente encontra, eu mesma.

- É um prazer te conhecer pessoalmente. - Ela sorri enquanto aperta a minha mão. - Creio que já deve saber meu nome e quem eu sou, Sarah.

- Sim, é um prazer conhecer você também, pena que nessas circunstâncias. - Digo.

- Bom, cada um com suas missões. Eu vim aqui para te agradecer por todas as localizações que você tem mandado nessas semanas, foram extremamente necessárias, tínhamos uma certa dificuldade em achar os esconderijos deles, mas você nós demos várias em dias, foi surreal. Vim também para te fazer um pedido, não pare, estamos chegando nos últimos, eu sei, e preciso que você faça um grande favor, talvez o mais difícil até agora, mas é necessário. Me escute com muita atenção. - Neste momento ela se senta minha frente e todo meu corpo sente calafrios. -Você já recuperou a memória, sabe que é noiva do Hector, um homem com poder de capital, ele está agora movendo o mundo para achar você, e estamos impedindo isso, não espero que nos perdoe por isso, mas como eu disse é necessário que você continue nos passando informações. A alguns dias tivemos a notícia que ele deu entrada a uma denúncia contra Agatha, não podemos deixar que ele continue, isso vai prejudicar a missão, a polícia, o governo, a mídia, vão se envolver nisso, e vão dar a eles a oportunidade de escaparem impunes, acredito que já falaram a você que nosso objetivo é matar um por um e antes descobri o máximo de esconderijos possíveis, e não vamos conseguir fazer isso com esses detalhes no caminho.

- Onde você quer chegar? - Pergunto já impaciente.

- Você tem que fazer o Hector parar de procurar por você, por um mínimo de tempo, é tudo que precisamos.

- Isso é impossível. - Digo.

- Não se ele pensar que esteja morta. - Fico congelada com essa última palavra.

- Você está querendo que eu finja está morta? Isso é cruel, não posso brincar com os sentimentos dele, com os da minha família. Você já esteve no meu lugar, mas no momento não está se colocando - O desespero começa a ficar evidente.

- Sim já estive no seu lugar e entendo o quão pesado isso pareça, e não, não estou pedindo para brincar com ele, isso não é brincadeira, é algo sério, precisamos de tempo, sem nada que faça os S. A correrem. Já ouviu vários relatos do que eles fazem, já viveu na pele. Sabe lá no fundo que eu tenho razão, precisamos fazer isso agora.

- Eu não posso fazer isso, eu sinto muito.

-Eles levaram meu filho assim que nasceu. De uma mãe para uma mãe, me ajude a encontrar meu filho. - A serenidade em seu olhar, faz com que eu perceba que não se trata só da minha situação ou da de Héctor, e sim de várias pessoas, talvez eu esteja sendo egoísta pensando só em mim.

- Eu aceito. - Concordo já arrependida.

- Obrigada, um dia você vai olhar para trás e ver que sua missão foi muito importante.

Eu espero que ela tenha razão, que eu me orgulhe de tudo isso, no momento só sinto dor.

Julian e Adam não param de entrar e sair da sala, com mais e mais acessórios. Julian disse que ele era editor de vídeo, que vai deixar essa cena muito real, e eu fico desapontada, no fundo no fundo eu queria que desse pra notar que não é verdade. E fica tudo pronto, chão falso, luz, os SQUIBS que dão o efeito do tiro já está nos lugares programados em meu corpo. Sento-me em um banquinho e espero a hora de começar a falar.

- Pode falar. - Adam ordena, então começo.

- Eu sinto muito não ter conseguido encontrar vocês, por muito tempo eu ansiei por esse momento, em poder ver todos, abraçar e me sentir em casa novamente. - Ela faz uma pausa e enxuga uma lagrima. - Mas a realidade infelizmente não foi essa, cada um tem a história que merece e essa foi aminha. Eu amo tanto vocês, posso dizer que os melhores momentos da minha vida foram a seus lados, vocês foram a melhor parte de mim. Obrigada por tudo. Hector você foi o amor mais sereno que eu já tive, fez do seu coração uma casa e foi aí que escolhi morar, melhor escolha. Obrigada pelo emprego, acho que foi o emprego de babá mais inusitado que existiu, e eu fui muito feliz, espero que continue sendo. Espero que todos vocês sigam em frente, senão por vocês, então que seja por mim. Não tentem procurar vingança, não quero que se machuquem, protejam as crianças e se protejam, esse é meu primeiro pedido, o segundo e último é... nunca esqueçam que eu amo vocês.

Depois de cinco tiros falsos, eu finjo que morri, pareceu tão real porque foi realmente como eu me senti. E é assim que eu deixo a reunião e volto para casa. Destruída. E fico mais ainda quando vejo Edgar dentro do meu quarto, meu coração sai pela boca.

- Onde você estava? - Seus olhos farejam meu medo.

- Caminhando um pouco. Hoje senti muita dor, achei que seria bom uma caminhada.

Ele me olha tão friamente, que não consigo distinguir o que vai acontecer, se ele acreditou ou não.

- Vista um casaco, vamos sair. - Ele diz ao se levantar da cama.

- Mas e a Emily?

- Ela está dormindo e não preciso dela para o que vai acontecer.

O que vai acontecer? Todo meu corpo entra em estado de alerta, eu visto um casaco por falta de opção, torcendo para o que seja lá que vai acontecer, que Julian e Adam me socorram, eles prometeram cuidar de mim.

O carro está cercado por seguranças, que não se importa em mostrar suas armas, mesmo estando no meio da rua. Entro e seguimos por várias ruas escuras, o pior disso tudo é que eu não pude me despedir daqueles que eu amo. Ele para em um condomínio em frente a uma casa que parece de boneca, é rosa e branco, muito linda.

Edgar me acompanha até a entrada da porta e finalmente entramos, realmente parece uma casinha de boneca, é como se uma criança morasse aqui, mas tudo que eu consigo ver é uma mulher ruiva, sentada em um sofá aos prantos enquanto treme.

- Está é minha filha, Clara. Você não deve lembrar dela, nós vemos pouco. - Não sei reagir a essa mentira, muito menos sei se estou sendo convincente. - Ela sofre com diversos problemas, um dele é sua alta bipolaridade, e ela não age de acordo com sua idade, ela tem vinte e quatro anos, mas as vezes tem dez.

Clara continua aos prantos, é assustador, como se ela nem tivesse notado que estamos á observando.

- Não faz muitas horas que recebemos a notícia que minha irmã Agatha morreu. - Meu coração vai a mil por hora, tento disfarça ao máximo meu espanto excessivo, mas e se ele realmente estiver falando a verdade, foi os S.A? Já que Hector estava iniciando as denúncias, deve está tudo interligado. - Ela amava você, acredito que quando recupere a memória você sinta isso como estou sentindo. Mas não como a Clara, ela a amava mais que eu, as duas eram carne e unha, eu não sei consolá-la, então por favor me ajude.

Ele me olha apontando para ela, e eu vou em sua direção mesmo sem saber ao certo que fazer, ela se assusta quando nota a minha presença, mas Edgar a acalma com um olhar, ergo os braços e abraço, ela reage bem me apertando contra se mesma, e continua a chorar. Não acredito que estou consolando alguém pela morte da Agatha.

Depois de muitos longos minutos, ela me afasta colocando suas mãos geladas na minha barriga. A outra mão ela enxuga o nariz.

- São meus irmãozinhos papai? -Ela pergunta como se fosse uma criança.

- Sim, novos integrantes da família.

- Eu sempre quis ter irmã mais velha. - Ela diz.

Clara dá um sorriso, e me chama para perto apontando para o meu ouvido, então sussurra:

- Na verdade eu sempre quis ser mamãe. - Ao me afastar noto rapidamente que seu sorriso agora é maquiavélico, assim como o seu olhar, o que faz tudo e mim se arrepiar.

Procura-se uma babá (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now