O arquiduque deu um passo para trás quando a ponta da cimitarra tocou seu pomo de adão.─── Entre ─── ordenou Juan. Puxando o bandido disfarçado de guarda para dentro do quarto junto consigo. Estava mancando, com a ponta da adaga fincada no panturrilha.
A porta foi fechada atrás deles.
Não era exatamente como tinha planejado o encontro com o Arquiduque, porém, do jeito que estava sendo talvez fosse ainda melhor.
Os olhos do Arquiduque corriam apavorado de Juan para o cúmplice caído no chão.
─── O que está acontecendo?
Juan puxou uma corda pequena do bolso e jogou para o dono do quarto.
─── Amarre-o ─── ordenou, pressionando a ponta da lâmina na pele de Estevan. ─── Amarre-o!
O arquiduque se jogou no chão ao lado de seu cúmplice saqueador vestido de guarda. Puxou os braços do homem para trás e o amarrou, ignorando os gemidos de dor do mesmo.
A lamina cimitarra não se afastou da nuca do lorde em nenhum momento. Ele não era tão ingênuo para tentar fazer algo naquela situação e perder o pescoço.
─── Aperte mais.
O Arquiduque obedeceu, apertou mais a corda.
─── Levante-se.
Devagar, se levantou, de costas. E foi encurralado com a espada até que estivesse entre a parede e a ponta da lâmina.
Um cachorrinho com medo.─── Não estou entendendo. Por que vocês guardas estão no meu aposento?
Um grande ator, pensou Juan. Como fora toda a vida, tão debaixo do nariz do rei.
─── Quantos saqueadores disfarçados há no palácio?
─── Eu não sei do que está falando ─── disse o lorde. O roupão fino caindo sobre um dos ombros como um falso moribundo. ─── Se há saqueadores, bandidos disfarçados é obrigação da guarda e do capitão saber, não minha. ─── O lorde fitou Juan por dois segundos. ─── A não ser que você também seja um deles e não um guarda de verdade.
─── Ou talvez eu não seja nenhum dos dois ─── disse Juan.
Estevan engoliu em seco.
─── Q-quem é você? O quer?
Quando Juan não respondeu, o saqueador cúmplice amarrado no chão resolveu se esforçar para isso
─── Ele me seguiu, milorde. Não é um guarda do palácio, tão pouco um do bando. ─── Juan deixou que o saqueador falasse. ─── Há outro com ele lá fora, um ruivo estrangeiro. ─── um grunhido de dor. ─── Esse ruivo fez parte do nosso bando por um tempo. Achávamos que estava morto.
A expressão pensante do lorde oscilava de medo a confusão. Ele não sabia o que pensar do homem escondido atrás do lenço preto, segurando uma espada na sua frente.
─── Quem o mandou? Como entrou no palácio?
─── Sou eu quem faço as perguntas aqui. Então, fale. Quantos bandidos disfarçados há no palácio?
O arquiduque arfou, quase sorrindo soberbamente.
─── Mesmo que eu lhe conte qualquer coisa, acha mesmo que vai conseguir sair vivo desse palácio para levar informação a quem quer que trabalhe? Há dois guardas na entrada dessa ala, logo logo eles vão perceber que tem algo errado acontecendo e virão até aqui, então você perderá toda essa marra.
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Cidade Da Alvorada | Livro 2
Historical FictionAna vive uma vida diferente da que tinha. Feliz e dona de si, ela agora passeia pelas ruas e toma chá em bistrôs com a liberdade que sempre imaginou. Em uma nova cidade, em sua própria casa, e ao lado de alguém que ela talvez nunca tivesse imagina...