Capítulo 9

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─── O que aconteceu?

Juan chegou a loja de penhores e antiguidades um hora depois.

─── Estávamos te esperando. ─── disse Ana.

─── Fui até a fazenda Harley comprar um cavalo, não demorei. ─── disse ele, verificando se a porta da loja estava trancada e adentrando o espaço.

─── Comprar um cavalo? Nós já não temos cavalos suficientes? ─── ele sabia que Ana diria aquilo.

─── É um cavalo rebelde. O dono estava pensando em vender ele para um lugar onde os cavalos são torturados puxando toneladas de cargas. É o que fazem com cavalos assim. E se não quisessem ele lá, não sei o que o Harley seria capaz de mandar fazer. Então eu o comprei e fiz um acordo com o Harley ─── contou de um só vez. ─── Mas podemos conversar sobre isso depois, me conte o que você está fazendo aqui. O que aconteceu?

─── Eu vi os Castiçal de Prata na casa do Robert Phillips.

Juan olhou da Ana para Naiel. O dono da loja confirmou com a cabeça.

─── Eu não disse? ─── era mais uma afirmação, calma e satisfatória, que Juan gostou de ter dito.

Gostou ainda mais de cruzar os braços e encarar Ana.

─── Me desculpa por ter duvidado de você, Juan ─── disse ela. ─── Era isso que você queria ouvir?

─── Era sim. Agora vamos ao que interessa. Precisamos fazer algo.

─── Chamar a guarda, contar o que aconteceu e mandar que vasculhem aquela mansão atrás da minha peça ─── Naiel estava um pouco nervoso. Os óculos balançando entre os dedos.

─── Se acalme, Naiel. Vamos tentar resolver isso com calma. Vamos pensar em algo bem feito.

Ana se sentou em uma das cadeiras próximas a mesa de trabalho de Naiel. Enquanto os dois companheiros de trabalho discutiam o que fariam, ela notou os papéis espalhados por ali. Papeis velhos e quase ilegíveis. Pergaminhos da Caroa, percebeu pelos brasões e selos desgastados. Se não estava enganada, esses mesmos pergaminhos estavam nas mãos de Juan quando os dois estavam dentro do coche, a caminho de Clarenorth, meses atrás. Esteve também na mesa do escritório dele por um tempo.

─── Juan?

─── Sim, minha querida?

─── Esses papéis...são da coroa? São do palácio?

Tanto Juan quanto Naiel se calaram e olharam na direção de Ana, da mesa.
Naiel se adiantou até ali, como se ela fosse uma criança brincando com algo de valor.

─── Não toque nesses papéis. Estão muito frágeis. ─── O velho tirou os papéis de cima da mesa.

Ana olhou para o marido. Ele ainda não tinha respondido.

─── São. ─── disse então. ─── Eu pedi que Rowena os pegasse no Palácio para mim antes de virmos para cá. São do Naiel agora.

Pensativa, Ana olhou uma última vez para a caixa com cadeado onde Naiel guardara os pergaminhos. Parecia muito importante para ele e ela queria curiosamente saber o motivo, mas tinham um assunto mais urgente para resolver.

─── Nós não podemos envolver a guarda da cidade nisso. Phillips é um dos homens mais influentes de Clarenorth, ele dará um jeito de contornar a situação, com suborno ou algo do tipo. O capitão da guarda não vai mandar o desgraçado para a sela por um castiçal. Não ele. ─── Falou Juan.

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