Disse sim

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O fim da história está cada vez mais próximo e eu não sei como dizer adeus, e vocês? Como se sentem?

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"Cabe o meu amor. Cabem três vidas inteiras. Cabe uma penteadeira. Cabe nós dois..."

Outubro, 2018

Marcela Mc Gowan.

O tempo passa de maneira inconstante e quando queremos e precisamos dele, parece que o mesmo evapora e passa a nos pregar uma peça passando lentamente. Eu e Gizelly passamos o último mês dividas entre audiências de custodia do nosso filho e os preparativos para nosso casamento, eram os toques finais que precisavam de nós, então buscávamos dar o nosso melhor dos dois lados. Um sentimento de felicidade me dominava com tudo sendo realizado, porém apenas quando Jamil se tornou finalmente nosso eu passei a transbordar na plenitude.

Mariana havia nos prometido que aquela seria nossa última audiência e o depoimento do menino, o que não era de costume, seria de grande importância, o casal que lutava contra nós, por algum motivo também tinha muito interesse no nosso pequeno e às vezes eu me sentia extremamente irritada quando a mulher chamava meu filho de "meu menino".

Encontrava-me em completo desespero naquele dia, não permiti que as meninas fossem a escola e não as deixei sair de perto de mim, quando deu nossa hora de irmos para o fórum, Alana ficou com elas e mesmo assim doeu deixa-las. Minhas mãos suavam e Gizelly parecia centrada, já meu coração parecia saltar da boca quando adentramos o local, nossas mãos nunca se desgrudavam e ela mantinha-me calma. Passava-me paz.

- Respire fundo, amor...

Antes que Gizelly pudesse terminar sua frase meus olhos buscaram por Jamil e o encontrei segurando a mão da senhora Talita, nossos olhos se reconheceram e ele sorriu com tanta ternura que eu poderia desfalecer de tanto amor. Sorri de volta e ele num ato desesperado soltou da mão que o segurava e veio em nossa direção.

Jamais pensei que um coração pudesse bater de maneira tão descompensada quanto naquele momento, o pequeno nos abraçava de maneira doce e a morena que até aquele momento fazia-se de forte chorava capciosamente o segurando apertado. Mari havia nos dito alguma coisa, porém passou despercebido por mim e eu só me concentrava em olha-lo e ter a certeza de que ele estava bem.

Meus olhos buscavam algo fora do lugar e toda vez eu respirava fundo ao constatar que não existia nada. Assim como deixou nossa residência, ele estava, ou seja, sendo bem cuidado. O que era um alivio em meu coração. Havia chegado ao fim todo nosso tormento, as palavras ditas por Mari significavam que não existia mais luta, a batalha havia sido ganha por nós. Jamil era agora Bicalho Mc Gowan. Senti o momento exato que atingi a plenitude naquele dia.

Enquanto eu mantinha-me paralisada em frente à janela de vidro do quarto reservado para mim, naquela manhã minha mãe prosseguia relembrando os momentos decisivos que me levaram até ali.

Lá em baixo eu podia observar uma quantidade significativa de pessoas trabalhando no quintal da casa da vó Madalena, elas pareciam alheias ao meu olhar atento, entretanto concentradas o suficiente em seus trabalhos. A cerimonial andava de um lado para o outro dando ordens de como tudo deveria funcionar, eu sentia meu coração bater fortemente em meu peito. O grande dia havia finalmente chegado.

Quando mais nova, acreditei que casamentos são contratos eternos onde os responsáveis faziam juras eternas e inquebráveis, mesmo que já possuísse idade suficiente para saber que não mais funcionava assim, acreditava que comigo e Gizelly seria diferente, pois silenciosamente anos atrás nós já havíamos feito esse contrato quando declaramos nosso amor.

Entrelinhas | GicelaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora