seis

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Brendo

As vezes a chuva é
Apenas água, ou você pode ver ela como uma forma de se limpar e se renovar.
O problema sempre pode virar solução
A vida é assim, uma confusão.

(...)

Acordar com o barulho de chuva nunca foi tão frustante quanto hoje, era um dia treino, porém, acho que iriamos apenas correr pela quadra como sempre fazemos em dias de chuva.

Se eu não fosse o capitão do time, não pensaria duas vezes antes de faltar. Não é do comum chover por aqui, então sempre era um dia atípico.

— Bom dia! Hoje é o dia mais lindo do ano, vamos comemorar com chocolate quente e um bom filme, acho que papai viajou e mamãe não vai dormir em casa! - era inacreditáveis o quanto Bianca amava dias de chuva, sempre foi assim. Uma criança que amava ficar em casa vendo as gotas de chuva baterem na janela.

Eu sempre adorei o amarelo forte no rosto que o sol trazia, em momentos assim esquecia que éramos irmãos.

— Eu tenho treino hoje, e o treinador não vai cancelar por causa de uma chuvinha, então só a noite poderemos fazer o que você quer, minha princesa. - Bianca me olhou com cara de choro, ela provavelmente estava pensando que o loirinho de estimação dela também não poderia está presente com ela nesse dia entediante. — Vai se arrumar, não vamos nos atrasar pra a aula.

— Ah, Brendo. Não vou não, é dia de chuva e eu pretendo fazer uma maratona de crepúsculo. Se bem que ontem eu disse que iria buscar o Eliot... Ele anda pegando dois ônibus para chegar na escola mais cedo. - Bianca sussurrou como se estivesse indecisa por pensar nos sentimentos do amigo.

— Eu busco ele, não tem problema, eu vou de carro. - Bianca me olhou meio desconfiada, não julgo ela, ela está mais do que certa em desconfiar de mim. — Ou você prefere tomar banho nesse frio... E ir até sei lá onde o Eliot mora, para depois ir até a escola e estudar! Sim, estudar!

Fazer drama era a forma mais pura de persuadir a Bia, era fofo de se ver.

— Tá bom, tá bom. - Bianca falou quase que em desespero. Eu sei que ela não queria fazer nada daquilo.— Eu não quero isso para mim, vou te mandar o endereço do Eli, mas por favor, respeita meu melhor amigo! Se ele falar "não" é "não".

— Não precisa se preocupar com isso, eu sei respeitar as pessoas, você que não sabe. - Falei e Bianca me olhou colocando a mão no peito como se estivesse ofendida.

Logo vi ela sair do meu quarto. Sem perder tempo entrei no banheiro e liguei o chuveiro, era fora do comum tomar banho quente pra mim, porém, aquele dia pedia por aquilo.

Desci as escadas  caminho ao carro e vi Bianca assistindo algo na televisão ainda de pijama.

— Eu te enviei o endereço, e falei pro Eliot que você iria, mas ele não me respondeu! - Bianca era ótima em gritar, principalmente de manhã cedo. — Tenha uma boa aula e um bom treino, te amo.

— Também te amo. Fica bem e não abre a porta pra ninguém, querida.

Assim que falei segui meu caminho para a garagem. Peguei o carro e segui por onde o GPS falava. Logo cheguei em um bairro um pouco distante do meu, mais pobre, porém, as casas eram lindas, as cores pareciam mais vivas. O GPS me mandou parar de frente a uma casa amarela com janelas brancas e logo eu vi ele.

Eliot estava em pé na varando com uma camiseta branca de mangas cumpridas, ele tinha a mochila apoiada nos ombros e logo vi outros garotos saindo pela porta.
Sai do carro para que Eliot me visse e e chamei pelo o seu nome.

Eliot!

Logo que me viu ele corou quase que de imediato. Me olhou como se estivesse nervoso e veio andando em minha direção.

— O que faz aqui? Pensei que veria a Bianca e um Uber, não você. - Eliot falou rápido de forma com que entregava o seu nervosismo em me ver assim, na frente da sua casa.

— Bem, a Bianca se negou a sair de casa nesse lindo dia de chuva, então ela pediu para que eu te desse uma agradável carona. - falei e sorri com meu sorriso mais inocente possível.— bem, vamos?

Eliot apenas assentiu e entrou no banco do carona, sem olhar para trás onde os mesmos garotos nos olhavam atentos.

Entrei no carro e assim seguimos para a escola. Eliot não me direcionou uma palavra sequer, apenas silêncio até que paramos em um sinal.

— Acho que eu posso conseguir jogar no primeiro jogo da temporada? - Eliot perguntou meio apreensivo.

— Claro, você está no meu time de treino, e eu sou o capitão. Acredite, eu tenho muita palavra naquele time, não se preocupe. - Falei tentando acalmar Eliot, eu realmente não perderia a oportunidade de  colocar ele em um jogo, ele era bom naquilo, eu tinha que reconhecer.

— Não queto jogar só porquê estou no seu time, ou porquê você gosta de mim, Brendo. Quero ser reconhecido. - Tá, talvez eu só goste dele porquê acho ele a coisa mais fofa do mundo. Eu sorri e olhei diretamente pra ele, Eliot estava me olhando como se esperasse por uma resposta minha.

— Eliot... Você vai ser reconhecido, não se preocupem. Só afirmei que eu costumo cuidar bem do meu time, principalmente daqueles que estão mais próximos de mim. Relaxa, você vai jogar.

— Obrigado.- Eliot olhou para a janela, o sinal abriu e nós seguimos o caminho novamente em um silêncio quase constrangedor, porém, eu estava confortável por algum, motivo. — Brendo?

— Oi? - perguntei olhando brevemente para Eliot que ainda olhava para a janela.

— Eu beijo mal? - Eliot falou e eu quis rir, foi tão aleatório e sem contexto algum. — Eu já quis perguntar antes, mas não ficamos sozinhos desde aquele dia... Meus primos sempre falaram que se eu não beijasse cedo eu beijaria mal.

Eliot sorriu provavelmente lembrando de algo.

— Eles são uns babacas. - Ele me olhou como se esperasse uma resposta, era perceptível que ele estava muito envergonhado pela cor vermelha que toda sua face tinha naquele momento. — Pode ser sincero. - Eliot deu um pequeno sorriso de lado e me olhou, nossa! Que sorriso, se ele soubesse que teria qualquer resposta de mim apenas usando esse sorriso...

— Olha, ninguém beija totalmente bem, mas existe quem beija mal. Eu acho depende de cada pessoa, porquê as pessoas passam suas personalidades nos seus beijo... - logo foi interrompido pelo loiro que me encarava confuso.

— Acho que você tá enrolando demais...

— Ei, calma. Eu só estava tentando explicar, só quero dizer que é relativo beijo bom o ruim, mas eu particularmente gostei do seu, parece com você. É doce e tímido... É gostoso, como você. - quando olhei para Eliot ele estava com os olhos arregalados me olhando vermelho como um tomate.

Lindo.

Já estamos na rua da escola, parei de frente e Eliot ainda me olhava sem expressar nada e nem muito menos falar algo.
Olhei pra ele esperando ele falar algo antes de descer, mas ele não fez isso...
Eliot se aproximou de mim de forma com que eu fiquei extremamente surpreso.

Eliot encostou a boca na minha de um jeito calmo e tímido, exatamente como eu o descrevi. Logo Eliot deixou sua língua deslisar para dentro da minha boca, de uma forma molhada eu sentia todo aquele gosto incrivelmente único.

Sua mão foi até minha cintura e a outra até minha nuca, em uma forma de o deixar confortável eu fiz exatamente a mesma coisa. Minha mão subiu até sua nuca e o trouxe para mais perto de mim e apertei sua cintura de forma delicada. Sem perceber Eliot já estava em meu colo...

Nunca dá pra negar que é amor (reescrevendo)Where stories live. Discover now