Capítulo 19

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APRIL

2 anos depois...

Eu acordei e sentia muitas dores no meu corpo. Olhei em volta e percebi que estava no hospital. Droga! Fui internada de novo. Olhei na direção da porta e vi o esboço de alguém escorado nela. Mas não era um mero profissional do hospital, que estão com seus costumeiros jalecos brancos. Era um homem parado ali, bem jovem. Usava calças jeans, uma camisa de manga curta bem surrada, e os cabelos estavam bagunçados.

Quem está aí? — Perguntei forçando a visão para tentar ver quem era. Por mais que eu tentasse, não conseguia ver o rosto, tudo era apenas um borrão, eu ainda estava dopada demais.

A pessoa se aproximou e eu apertei meus olhos várias e várias vezes para ter certeza de quem eu via. Talvez eu estivesse alucinando, mas como? Se tudo era tão real.

— Harvey? O que faz aqui?

Só queria saber como você estava. — Ele respondeu olhando pra mim. Sua voz se quebrou no meio da frase. Eu não conseguia decifrar os seus olhos, eles estavam tempestuosos demais.

Que cínico! Como tem coragem de vir aqui depois do que você fez?!

Eu estava tão aborrecida! Ele havia me feito muito mal para depois vir aqui fingir que se preocupava.

Me desculpa! É que eu não sei o que acontece comigo. Eu... — Harvey abaixou a cabeça. Ele tinha medo das palavras. Algo naquilo, me fez sentir um aperto no coração.

Você o quê?

— Nada! — e então, toda a esperança que eu tinha de finalmente poder alcançá-lo se desfez quando ele se virou e saiu do quarto sem dar satisfações.

Harvey espera! — tentei levantar e ir atrás dele, mas não consegui por conta de alguns aparelhos que estavam em mim.


Acordei assustada com o mesmo sonho desde que estive internada no hospital. Ele sempre acabava assim, comigo tentando ir atrás do Harvey. Por mais que eu tentasse entender, nunca consegui decifrar o que aquilo queria dizer. E era estranho porque, era exatamente igual, todas às vezes. Cada olhar, cada fala, cada suspiro... Isso me perturbava, mas eu tinha aprendido a lidar com esse misto de sensações estranhas que esse sonho deixava toda vez que aparecia durante o meu sono.

Peguei o relógio e olhei a hora. Eu estava atrasada mais uma vez.

— Droga! — Vesti minha roupa o mais rápido possível, calcei minhas botas e desci correndo. Não tinha mais ninguém na casa, e ao sair de uma vez pela porta, a claridade irritou os meus olhos. Mas isso não me impediu de ver três figuras paradas do lado de fora me esperando, e nenhuma delas tinha uma cara legal.

— Atrasada de novo! — Madlyn reclamou.

— Desculpa tá! E vocês também nem pra me acordar.

— A gente até que tentou, mas você não acordava de jeito nenhum. — Pearlyn disse me encarando.

Eu desci os poucos degraus em frente à casa e me aproximei mais delas.

— A avó Loretta e a Emmy já foram. Toma! — Dani disse jogando as chaves do carro para mim. — Já que chegou atrasada, é você quem vai dirigir a caminhonete. — Deu um sorriso malicioso e foi andando para onde a caminhonete estava.

Chegamos na cidade e vimos a avó Loretta e a Emmy na barraquinha vendendo as compotas de geleia que ela fazia. Todo domingo nós cinco ajudávamos ela na feira, já tinha virado rotina.

Não Se Esqueça De Mim [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now