uma bagunça - cap 27

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⚠️aviso: pode conter gatilho de relacionamento abusivo⚠️
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johnny

07 de julho;

Eram umas 3:00AM e eu ainda não encontrava Kenzie. De tanto andar pelos corredores, eu estava ficando cansado, e cada vez mais eu tinha a sensação de que eu não a encontraria. Sentei apoiada em umas das paredes do corredor. Retomei o ar depois de uns 5 minutos, e comecei a levantar para ir ao meu quarto, mas algo me chamou a atenção.

Do outro lado de uma das portas, pude ouvir algo. Um barulho abafado, provavelmente a pessoa estava em um banheiro. Bati na porta para saber se estava bem. Ninguém respondeu. Ao invés disso, a porta se abriu, deixando apenas uma brecha para eu poder espiar. Depois ouvi passos se afastando, e então, um choro. Um choro familiar. Eu não podia entrar, ou podia? Quero dizer, essa pessoa abriu a porta pra mim. Se estava chorando, precisava de ajuda.
Então abri mais a porta para poder passar e fui seguindo o choro, que me levou até o banheiro. Sentada no chão, reconheci a pessoa na mesma hora...

Johnny: Mackenzie?

Ela não disse nada. Apenas levantou a cabeça, e me encarou com um olhar vazio. Mas isso já havia explicado tudo. Ela parecia cansada. Seu rimel estava todo borrado, e seu cabelo bagunçado, preso em um coque. Estava com uma calça moletom cinza, e um casaco preto, que ficava grande nela. Tinha algo atrás dela, que eu não reconheci na hora. Só alguns segundos depois, quando ela se virou e pegou uma garrafa de bebida alcoólica. Kenzie estava bebendo. Era proibido. O que tava acontecendo com ela?
Sem falar nada, me sentei ao lado dela. Delicadamente, tirei a garrafa de sua mão, despejei o líquido pelo ralo do box e coloquei o vidro de lado. Ela me olhou com cara feia, e murmurou alguma coisa que não pude decifrar. Mas algo me dizia que ela havia me xingado

Johnny: É para o seu próprio bem, Kenz... -ela me olhou, parecendo surpresa após ouvir o apelido

Mantivemos contato visual por uns segundos. Ela estava sorrindo. E eu realmente não sabia se era um sinal bom ou ruim.

Depois da Kenzie lavar o rosto, a ajudei no caminho do banheiro pro quarto. Ela deitou na cama, e eu sentei do seu lado à esquerda. Sua respiração estava bem pesada, e ela olhava fixamente pro teto

kenzie: john...?

johnny: sim?

Ela levantou, e me encarou. Sentada na cama, a mesma se aproximou de mim. Meu coração começou a bater tão forte, que podia jurar que ela ouvia. Aos poucos, nossos lábios foram se encontrando. Segundos depois, me afastei. Ela me olhou confusa. Ela claramente estava bebada. Isso não é certo. Não tem como saber se ela realmente queria isso. Se fosse para eu beija-lá, queria pelo menos que ela se lembrasse depois. E sim, eu provavelmente iria me arrepender mais tarde.

johnny: kenz...você está bebada, não está bem. Não é certo, ok? Não vou me aproveitar da situação

kenzie: eu não quero ele -ela pareceu aliviada depois de falar isso em voz alta á alguém

johnny: eu sei que nã...

kenzie: ele me bate, Orlando -ela me interrompeu, com lágrimas no rosto. Prendi minha respiração por segundos. Aquilo era demais.

Lentamente, ela ergueu a manga do casaco e deixou a mostra seu braço. Algumas partes estavam roxas, outras tinham a marca de uma mão, que apertara seu braço extremamente forte

kenzie: não é todo dia sabe... -ela diz abaixando a manga do casaco de volta- tem dia que ele é legal comigo, que me trata bem, e são nesses dias em que eu acho que ele vai mudar. Mas ai logo depois, ele grita comigo, me agarra. E...e eu não sei porque. Eu nunca fiz nada a ele -a voz de choro era óbvia

johnny: ei, você pode chorar ok? Não precisa ser durona sempre, toda hora. Tá tudo bem

E então ela desabou. Aquilo realmente partia meu coração. E com certeza não era o que eu esperava para essa noite, enquanto todos estão felizes na fogueira. Me aconcheguei melhor na cama, e Kenzie levou sua cabeça ao meu peito, enquanto tentava abafar o choro. Eu não sabia o que fazer dali pra frente. Comecei a acariciar seu cabelo, na qual já tinha se desfeito do coque pois era liso demais para aguentar por muito tempo.

johnny: sabe...você não fez nada de errado. Você só é boa demais pra ele. E ele não enxerga o que está fazendo. É idiota o suficiente pra fazer isso com uma garota.

kenzie: eu queria terminar já faz meses. Mas eu não consigo, Johnny. Ele sabe onde eu moro. Ele sabe meus pontos fracos. E se algo acontecer com alguém que eu amo? Vai ser por culpa minha, como sempre é. O que aconteceu com a gente por exem...

johnny: não, por favor não diga isso. Essa história toda foi culpa minha. Assumo a responsabilidade das minhas ações, talvez tarde.... -ela olha pra mim- Mas eu sei o que eu fiz com você. E nem se quer foi justo o pessoal continuar junto comigo, e você ter que ficar sem eles.

kenzie: não falo só disso John. Minha vida está uma bagunça. Eu estava afastada da minha irmã, e só agora que voltamos a conversar. E meus pais...

Ela se calou. Ainda acariciando seu cabelo, desencostei minhas costas da cabeceira da cama e olhei pra Kenzie, preocupado

kenzie: eles se separaram. Tirando isso, está tudo bem -bem mais aliviado, encostei na cabeceira novamente

kenzie: na verdade, assim...eles não se separaram de fato. Mas eles andam discutindo, e não é pouco. Um dia eu ouvi minha mãe conversando com uma amiga, e ela mencionou que queria divórcio com meu pai. Mas ele não sabe disso. E umas semanas antes de vir, Maddie descobriu. Eles estavam brigando quando ela chegou em casa. Eles acham que eu não sei, mas fui a primeira a descobrir. Antes até do meu pai.

johnny: sinto muito Kenz...

kenzie: tudo bem -ela olhava pro teto, parecendo concentrada

johnny: porque seria sua culpa?

kenzie: eu sinto que distanciei a família. Eu não participava mais das noites de jogos, não frequentava por muito tempo o mesmo ambiente que eles. Eles não conseguiram me fazer sentir melhor. E as vezes eu penso que eles se sentem culpados. Tudo que eu faço, estraga algo depois

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