dear frank, trust me

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Frank Iero - capítulo 15


— Que merda, cara…

— Pois é, mano, agora eu to voltando para a casa do Gerard, como foi o combinado. Eu até pensei em ficar no meu apartamento, mas o Gee está certo e o melhor agora é eu ficar num lugar onde eu consiga me isolar do mundo, então eu só passei lá pra pegar as malas que, por sorte, eu nem desfiz direito.

— Uma coisa boa, pelo menos.

— Realmente, o fato de que eu não tive ânimo nem pra desfazer as minhas malas é ótimo.

— Ei, cara, eu só tentei ser otimista, levantar um pouco esse astral.

— Eu sei… Me desculpa, eu só estou estressado. - suspirei, tentando me concentrar na estrada quase deserta à minha frente.

Eu tinha acabado de contar tudo o que aconteceu nas últimas 24 horas para o Bert. Falei tudo, desde a hora em que eu pisei na moradia do Gerard, até o momento que nos despedimos no hospital. Eu precisava desabafar um pouco e ele me pareceu a melhor pessoa, então, mesmo estando dirigindo, liguei para ele. Eu sei que isso vai contra as regulamentações de trânsito, mas até agora está dando certo, afinal é só deixar no vivo a voz.

Eu nem precisei de GPS, porque acabei decorando o caminho, depois de tantas idas e vindas.

— Imagino… E como você tá se sentindo?

— Culpado… Bert, você não sabe como foi difícil ver o Gerard naquele estado, tão debilitado e fraco, tossindo toda hora, com uma máscara na cara e a voz cansada, machucada… Tudo por minha culpa, Bert! Sério, é uma sensação horrível, se eu pudesse eu trocaria de lugar com ele.

— Não fala uma coisa dessas, porra! Credo, eu nunca vi você tão pra baixo. Quer dizer já até vi sim, quando... - acho que ele ia começar a falar sobre algum momento da minha vida que eu, com certeza, não estou afim de lembrar, mas desistiu quando percebeu que essa era uma péssima ideia — bom, isso não vem ao caso… E quando eu perguntei como você tava se sentindo, eu queria saber o seu estado de saúde. Ce disse que ta com covid, não é?

— Ah… sim, eu estou com o covid. - confesso que me senti um tapado ao ouvir isso. Quero dizer, eu saí desabafando sobre os meus sentimentos, quando na verdade Bert só queria saber da minha saúde — Mas eu sou assintomático então estou normal. É até estranho lembrar que esse vírus está dentro de mim, porque eu realmente não to sentindo nada de diferente, nem mesmo um sintoma fraco como um nariz entupido ou uma tosse seca, nada. Eu realmente me sinto saudável.

— Isso é tão bizarro… - ele comentou, provavelmente sem saber o que falar sobre o assunto — Mas, cara, não fica se sentindo mal por causa de toda essa merda não.

Bert nunca foi bom com conselhos, mas é um ótimo ouvinte e normalmente sabe me animar, porém acho que nesse caso não cabem muitas piadinhas e ele sabe disso.

— Pense que agora ele está recebendo o tratamento que precisa e logo vai estar saudável novamente e aí os dois vão poder voltar para essa novela mexicana que vocês vivem.

Retiro o que eu pensei. Bert sempre encontra uma brecha pra fazer uma brincadeira. Admito que eu cedi e dei uma risada fraca com o comentário.

— Você é um sem noção, sabia? - brinquei.

— E você é um dramático! - ele rebateu — Se eu tivesse no seu lugar, já teria me entregado aos braços daquele gostoso e nada disso estaria acontecendo. Vocês estariam vivendo uma lua de mel que todo solteiro nessa quarentena, como eu, sonha.

— Onde é que foi parar o Bert que chamava o Gerard de filho da puta, desgraçado, sem alma e quis que ele e todos os Way na merda? - lembrei McCracken de algumas das ofensas que ele proferiu ao Gerard e a família dele, quando tentava me consolar, naquele passado tão distante e, ao mesmo tempo, próximo.

Quarantine Limits  ✱  ғʀᴇʀᴀʀᴅWhere stories live. Discover now