Obscuro

Despertar

Desde o confronto contra Zetsu Branco e seus clones em Konohakagure, o objetivo de reforçar mais a segurança da vila era a principal atividade de Tsunade, além de ficar atenta a qualquer novidade do quadro de saúde de Sakura. Ela havia permitido que os pais da pupila pudessem ficar perto da moça e que a informasse se algo acontecesse.

Ela não dormia.

Não comia.

Apenas ia em seu apartamento para tomar um banho e trocar suas roupas.

Mesmo sendo detentora do Byakugou, Tsunade ainda era uma mortal, assim como qualquer outro habitante da vila.

Naruto ia todos os dias até a recepção do Hospital saber algo sobre sua amiga. As notícias sempre as mesmas: continua adormecida no coma. Aquilo o deixava triste, mas ao mesmo tempo, enfurecido. Sakura não tinha nada que ter se jogado numa luta corpo a corpo com o Zetsu, ainda mais pelo Uchiha.

Ah o Uchiha...Naruto nem sabia mais o que pensar sobre o amigo que ele tanto queria tirar da vida obscura que ele havia escolhido.

"Teme, por que fugiu? O que te fez ir embora?". O Uzumaki sempre se perguntava.

O que Sasuke escondia?

Por que partiu de novo?

Onde ele poderia estar?

No esconderijo, ele seguia mais frio, mais intocável...

... mais insuportável.

Se pudesse ficar isolado em qualquer lugar, ele o faria, mas destruir Madara ainda era seu foco.

Agora ele não se juntava mais com os demais membros do time Taka. Sasuke fazia suas refeições no quarto ou na área de treinamento. Sua mente conturbada volta e meia o levava para um certo ponto da floresta, revivendo o momento que teve com aquela que tinha os cabelos rosados...

... e tinha também o domínio de sua alma, coisa que ele não assumia nem pra si mesmo.

Karin seguia firme em tentar arrancar algo do Uchiha mais novo, mas gritos e olhares de desprezo eram o que ela recebia. Se martirizava por não ter o coração do rapaz, além de praguejar a kunoichi que podia ter tudo o que ela queria. Desde a vinda de Sakura, ela fora "esquecida". Os encontros que tinha com o moreno antes da ideia absurda dele eram a melhor coisa que ela tinha dele. Mesmo sendo ciente de que ele não tinha qualquer um sentimento por si, Karin continuava tentando arrancar algo que ela pudesse sentir que poderia ser um indicio de uma correspondência de afago vindo dele.

A mente do Uchiha o levava apenas a uma pessoa. Ele queria saber algo sobre Sakura mas também não queria arriscar sair de onde estava e ser pego por shinobis da folha e ser trancafiado como ele deveria estar de verdade. Por mais que tenha ajudado a Godaime com informações enquanto Sakura estivesse com ele, ainda assim o receio batia de obter o que tanto queria, pelo menos pessoalmente.

Com sua inteligência que sempre fora posta à prova, ele se valeu de sua contratação com Aoda, o invocando em miniatura e ordenando que fosse até a vila para que o informasse de tudo o que poderia estar acontecendo.

Seria um sentimento de culpa que estava crescendo no interior da mente conturbada do moreno?

Culpa por tê-la levado para lá.

Por ter se envolvido.

Por ter feito com que ela pudesse ser um meio para uma redenção futura.

Ele poderia mudar, mas agora parecia tudo perdido novamente.

Sua clausura continuava. Ninguém o incomodava, apenas o chamava para algo que merecesse sua atenção. Saia para pequenas investigações sobre o paradeiro de Madara mas sempre vinha com um nada como resposta. Aquilo o tomava de uma grande ira. Por conta dele, Sakura estava desacordada.

A brisa fresca do dia era sentida pela loira que estava sentada diante da janela do quarto do hospital. A mãe de Sakura, Mebuki, fitava a filha adormecida, na esperança de que algo pudesse acontecer. Um filme passava em sua mente. Sua filha pequena, correndo como se não tivesse rumo, o primeiro dia na academia, o dia que ela se tornou uma genin, suas conquistas que ela contava e ela, a mãe, não entendia e às vezes, passava dos limites a criticando.

Era doloroso para a mulher pensar assim. Sakura poderia acordar, ou talvez não. Pensar assim era a pior das coisas mas tinha de ser racional. Ela sempre fora firme, agora deveria ser mais, até mesmo para o bem dela e do marido.

Tsunade e Shizune adentraram ao quarto, para examinar a rosada. Os sinais vitais normais indicavam a estabilidade da moça, mas nada que ela pudesse acordar. Um relatório seria feito para que pudesse ser estudado.

- Nosso consolo é de que nada está alterado em Sakura, só nos resta mesmo esperar que ela acorde. – disse a Godaime, olhando para Mebuki.

- Nossa menina é forte e geniosa. Ela vai reagir, eu sinto isso.

O pai da kunoichi não estava ali, mas seria informado caso fosse preciso. Ao longe, num galho, a miniatura de Aoda estava observando tudo, para que pudesse informar seu mestre.

A ligação que o moreno tinha com sua invocação era incrível. Tudo o que a cobra pensava sobre o que fora mandado ser feito, o Uchiha era informado. O estado de Sakura era o mesmo desde que saiu da vila e nada mudara. A mãe e a mestra estavam juntas, torcendo para uma mudança. Ele não tinha lembranças da mãe da rosada, talvez a tenha visto uma vez na vida ou nem isso.

Com o quarto "vazio", Aoda adentrou e se manteve em um ponto estratégico para que não fosse detectado.

Observando atentamente, a cobra notou um movimentar do corpo da rosada, como se estivesse a ponto de despertar. Um grunhido baixo fora ouvido e os olhos esmeraldinos que estavam fechados, se abriram.

A visão turva buscava identificar onde estava. Seus níveis de chakra oscilavam fraco, mas nada que pudesse ser alarmante e que causasse uma entrada brusca de alguém. Fitava o cômodo claro. Poltrona fora do lugar, bandeja sob uma mesa, as cortinas balançando. Não tinha noção de quanto tempo estava ali, mas sentira uma fisgada de dor no abdome. Lembrara vagamente da luta contra a criatura que estava em busca de Sasuke e que fora golpeada.

Tentou levantar, mesmo se sentindo fraca. Se apoiando no que podia, Sakura fora até a janela. O tempo havia mudado. Uma chuva fina caia sobre Konoha. Aquele momento lhe trouxe a lembrança da entrega para o Uchiha. Seria uma boa lembrança se não estivesse sentindo dor. Shizune entrou no quarto e viu a kunoichi em pé, acordada.

- Sakura...

- Shizune, a quanto tempo estou aqui?

Em seu quarto, Sasuke já sabia que a rosada havia acordado.

Um meio sorriso escapou, dando a entender que ele exprimia um certo alivio, mas talvez isso não mudasse muita coisa.

Ela acordou.

Ela estava de volta.

Mas, ele voltaria?