parte XLII

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Roseanne se retirou do refeitório e percorreu o trajeto que a levaria para o dormitório. Ela não estava se sentindo muito bem, sua respiração parecia um pouco pesada e o oxigênio da nave não estava tão viável quanto deveria. Era a primeira vez que estava observando melhor o internato e achou um tanto suspeito as monitoras transitando com tanta velocidade pelos corredores.

Antes de seguir por aquele que seria o corredor de dormitórios, Roseanne se sentou ao lado de um dos elevadores disponíveis em seu andar, abraçando os joelhos e entrelaçando as mãos. Ela sentia um aperto no peito, aquele mesmo mau presságio que a apelava por segurança. Queria se concentrar para ver se conseguia alguma mensagem mais clara de alerta para o que deveria fazer.

A sua meditação foi interrompida quando Jennie Kim sentou ao seu lado, imitando a posição em que estava sentada. Park a olhou de soslaio e expirou, pendendo a cabeça para o lado oposto.

— O que faz aqui?! — questionou Jennie a cutucando com o ombro.

— Estava tentando me concentrar.

— Para o quê?!

— Por que esse interrogatório?! — Jennie não lhe respondeu. — Não quero entrar em meu dormitório agora, estou me sentindo muito sozinha e, se eu for para lá, me sentirei ainda mais vazia.

— Você sabia que uma hora ou outra, isso ia acontecer.

— É, eu sabia, só não imaginei que seria tão rápido... Você já se arrependeu por algo que fez?!

Jennie ergueu a sobrancelha esquerda como se a resposta fosse óbvia.

— Hoje, eu quase voltei no tempo... Eu pedi coisas ruins que afetariam entes de pessoas que eu passei a desprezar por nada, pedi para Jeongyeon dar um jeito, fazer ligações, cancelar tudo, mas mesmo assim não me sinto melhor.

— Não se sente melhor porque não se arrependeu a tempo.

— Eu odeio sentir isso, essa sensação de estar errada, de que poderia evitar, tentar de outra forma...

— Isso se chama remorso, Rosé.

— Eu sempre quis ser como o meu pai, ele sempre conseguiu as coisas destruindo tudo o que se opusesse a ele, agora que senti um pouco de ser como o grande Mr. Park, pergunto-me se ele sente isso, essa dor, remorso, sensação de que não valho de nada.

— Tenho certeza que não — disse sincera. — Você não precisava ser como o seu pai, existem outras maneiras de fazer o seu nome sem precisar colocar os outros embaixo dos seus pés...

— Eu sei, agora eu sei e é muito tarde para reverter todas as merdas que eu fiz. É assustador assistir a minha vida até aqui e ver o quanto eu perdi. Agora eu entendo que esse cargo não serve de nada. Não adianta crescer como presidente da merda do grêmio se o que conta na nave principal é o seu caráter. Eu me sinto péssima por ter perdido o que poderiam ter sido os melhores anos de minha vida. Eu perdi Sooyoung, eu perdi minhas amigas, eu perdi tudo para manter uma reputação que nem é boa... Poderia ter me focado em suas provocações, seria menos nocivo.

— Você precisou perder para compreender, Rosé — Jennie não recebia a retribuição do olhar.

— Chegar à conclusão de que o que eu precisava era amor me destrói ainda mais... É tão difícil assim me amar?! — Roseanne mordeu o lábio inferior para conter as lágrimas que se formaram no canto dos olhos.

— É impossível amar alguém que não se ama, Rosé — Jennie passou o indicador pela lágrima que escorreu ao rosto da de fios lavandas.

— Acha que é tarde demais?!

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