Capítulo 03.

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Heloísa.

Eu não consigo dormir.

Não consigo dormir no mesmo ambiente que um russo.

Fico a noite toda velando o sono de Ivan, que por um acaso, dorme igual um bebê. Ele ronca, fica babando e também fala coisas incompreensíveis às vezes. Não confio nele e tenho medo de dormir e ser atacada por suas mãos gigantes. Ele é todo grande. Também sinto muita vontade de fazer xixi, mas evito levantar porque sinto medo de levar um tiro.

Fico durante toda a noite segurando xixi e pensando num plano para conseguir escapar das mãos dos russos. Eu também sinto vontade de matar Ivan, mas sempre que tento me levantar para pegar seu revólver, ele se mexe na cama e solta algumas palavras incompreensíveis. Merda. Eu então relembro de algo que Kristen me disse.

Ela sempre deixou claro que se eu fosse sequestrada por um inimigo, eu devia obedecer as ordens e passar confiança. Dessa forma, eles me veriam como alguém inocente e facilmente domável. Então, num momento importuno, eu atacaria eles e tentaria fugir. Kristen sempre me disse para observar tudo, inclusive, os passos dos meus sequestradores.

─ Horda de zumbis... humm... matar, matar e matar ─ ouço Ivan balbuciar e reviro os olhos. Até nos sonhos esse maluco está matando alguém. Ele é completamente louco e sanguinário.

Está tão frio e nessa cama não tem nenhum cobertor. Eu tento aquecer meu próprio corpo e fico soprando em minhas mãos para tentar aquecê-las. É tão ruim sentir frio... minha espinha está congelada e sinto meus dedos do pé dormentes. Estou quase congelando. Olho para o cobertor de Ivan e ele parece bem aquecido. Sinto vontade de pegar o cobertor dele, mas me contenho.

Busco pelo quarto alguma saída ou algum celular. Eu poderia ligar para meu pai e assim ele poderia me salvar. Eu não quero ir para a Rússia. Eu sei falar russo, mas não conheço absolutamente nada daquele país. Nunca viajei para fora da Itália.

Mas por outro lado, não quero voltar para os braços de papai e ser entregue de bandeja para Enzo. Eu quero fugir e conhecer novos lugares. Eu quero viver a vida que planejei para mim. Eu quero ser Heloísa, uma mulher livre e que toma suas próprias decisões.

─ Bambi cheirosinha... pernas bonitas... peitinhos gostosos... Ivan gosta muito ─ ele diz baixinho e eu perco o sangue da cara. Ele está sonhando comigo? Puta que pariu. ─ Bocetinha gostosa... hmmm... delícia.

E ainda por cima é um sonho erótico. Porra, esse homem é muito maluco. Eu fico o observando durante um tempo e percebo que sua camisa está levantada... revelando um pouco da sua barriga. Ele tem várias tatuagens e eu nunca vi nada parecido com isso. Geralmente, os homens da máfia italiana não têm muitas tatuagens.

Será que ele é um maníaco e está me levando para a Rússia para ser a sua escrava sexual?

Estou perdida em meus pensamentos, quando a porta é aberta e o loiro surge. Ele está dentro de roupas pretas e carrega em seus braços uma arma longa. Ele parece ser uma pessoa confiável, mas ainda sim me dá muito medo.

─ Ivan, filho da puta ─ o loiro chama Ivan e no mesmo instante o altão dá um pulo da cama e se coloca de pé. ─ Pegue a garota e vamos... o jatinho já está pronto.

E então bate a porta. Eu me encolho no canto da cama e aperto o meu corpo com meus braços. Olho para Ivan com cara feia e o mesmo se espreguiça e pega o cobertor. O vejo guardar suas coisas na mochila e depois ir direto para o banheiro. Ele ignora a minha presença e eu só consigo observar seus passos para escolher o melhor momento de agir.

Depois que ele sai do banheiro, eu também faço xixi, lavo o meu rosto, as minhas mãos e volto para a minha cama. Vejo que Ivan está terminando de arrumar a sua cama e permaneço quieta. Não quero irritá-lo.

Inimigos de Sangue [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now