Capítulo 10.

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Heloísa.

Acordo no outro dia me sentindo péssima. Ivan não está mais do meu lado, mas consigo sentir o cheiro do seu perfume no ar. Eu vomito no vaso sanitário e sinto uma dor horrível no estômago. Minha cabeça está para explodir e eu mal consigo me manter em pé.

Eu saio do quarto dele e caminho até o meu. Faço as minhas higienes, jogo uma água no rosto e resolvo descer para tomar algum remédio e beber um pouco de água. Percebo que estou sozinha em casa e não encontro nenhum vestígio de Ivan. Será que está tudo bem?

São dez horas da manhã e eu estou morrendo de fome. Preparo um sanduíche de atum, coloco um pouco de suco no copo e vou para a sala de estar assistir um pouco de televisão. Minha cabeça está melhorando aos poucos, mas ainda me sinto um pouco ruim por conta da ressaca. Beber é bom no momento, mas no dia seguinte os efeitos colaterais são péssimos.

Eu pego o meu celular e tento ligar para Ivan, mas só dá na caixa postal. Eu também tento falar com Julie, mas ela não atende. Eu logo começo a imaginar o pior e resolvo ficar em casa e esperar até que alguém apareça. Não quero ser inconveniente e ir até a casa de Julie sem avisar, eu causei um grande problema ontem e tenho noção disso. 

Eu só espero que Ivan esteja bem e que nada de ruim tenha acontecido. Eu sei que errei, mas agi na inocência. Eu lembro de tudo e me sinto mal. Sei que ele tentou me proteger, mas não consigo tirar da minha cabeça o som dos disparos e o modo frio que ele se portou comigo.

Eu só faço coisa errada.

Passo o dia deitada no sofá, a minha ressaca ainda se faz presente e eu cochilo várias vezes durante o dia. Eu como qualquer coisa e fico assistindo alguns filmes. 

Sinto falta de Ivan e queria que ele estivesse aqui comigo.

Eu passo o dia sozinha e ninguém dá sinal de vida. Eu começo a ficar nervosa e procuro algo para ocupar a minha mente. Resolvo fazer o jantar e penso numa receita que Ivan gosta muito, que é uma sopa típica da culinária russa. Se chama Borscht. Ele gosta muito de sopas e de comidas com legumes. Eu pego todo o material necessário na geladeira e começo a cozinhar.

O tempo passa rápido e enquanto eu cozinho, coloco alguma música americana para tocar e me perco nos meus pensamentos. Tudo está tão confuso e eu me sinto um pouco perdida. São um emaranhado de sentimentos e eu não sei como assimilar tudo isso. Eu nunca vivi algo do tipo e está sendo difícil me adaptar. 

Quando eu termino de fazer o jantar, como um pouco da sopa e fico um tempinho parada no jardim olhando a noite fria que ocupa o céu da Rússia. Como a minha vida mudou em duas semanas. Eu ia me casar, fui raptada, estou morando na casa dos inimigos da minha família e estou sentindo coisas estranhas por um assassino. Minha vida é cheia de novidades.

Resolvo aproveitar um pouco a piscina e tomar um banho quente. Eu sempre gostei muito de nadar e tenho certeza que isso me ajudará com a ressaca moral que estou sentindo.

Eu me culpo muito por tudo o que aconteceu e tenho certeza que Ivan está triste comigo e decepcionado. Eu sou muito ingênua às vezes e odeio isso. Eu pensei seriamente que aquele sérvio me levaria para um lugar mais reservado e me beijaria. Seria o meu primeiro beijo. Mas me enganei. Como fui burra.

Eu estou vestido um maiô preto e um roupão branco por cima. A água da piscina está bem quentinha e eu sinto muita vontade de nadar e relaxar um pouco. Não vejo Ivan desde cedo e acho que ele ficará o resto da noite fora.

Tanto faz. Eu sempre fui sozinha mesmo.

Deixo o roupão de lado e ajeito o maiô em meu corpo. Pensei em chamar Julie ou as crianças para me fazerem companhia, mas Aslan deve estar com ódio da minha cara e por isso quero evitar qualquer tipo de confusão.

Inimigos de Sangue [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now