Capítulo 41

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Desço os degrais com cuidado e esboço um sorriso amarelo quando vejo Elise me esperando no salão principal

— Ah querida — ela vem ao meu encontro e me abraça — Eu sinto muito

Pelas olheiras abaixo de seus olhos que nem mesmo a maquiagem conseguiu cobrir, eu sei que ela esteve sem conseguir dormir por alguns dias, além da perda recente do marido, ela acaba de receber mais uma novidade ruim.

— Obrigada — sussurro o que parece ser o último vestígio de voz que resta em minha garganta — É bom tê-la aqui

Ela olha pra minha barriga com os olhos cheios de lágrimas e eu desvio o olhar para não cair num choro profundo novamente. Não queria ser a garota que faz as pessoas sentirem dó. Mas para o meu histórico de derrotas, não posso pedir muito.
Beatrice Elisabeth Gautier, a princesa que foi diagnosticada com Xeroderma ainda bebê, perdeu o pai com dois anos de idade, presenciou dois assassinatos aos onze, sendo um deles, o da própria mãe. E aos dezesseis engravidou precocemente, porém acabou perdendo os bebês nas primeiras semanas.

Não há como não sentir dó.

Pedi para as criadas nos trazerem chá e enquanto Elise tenta mudar o clima do nosso encontro admirando minha decoração eu não consigo demonstrar o mesmo.

— Eu sou tão grata por você ter entrado em nossas vidas — ela diz com um olhar sincero

Sorri

— Descobri a pouco tempo que meu filho... — ela funga e eu lhe entrego um lenço — Que as tatuagens que ele tanto diz gostar...

Ah não, ela sabe.

— São na verdade como curativos para esconder suas agressões...

Toco seu ombro quando ela abaixa a cabeça para chorar 

— Meu filho era agredido debaixo do meu nariz, e eu nunca fiz nada para ajudá-lo...

O choro de Elise é tão dolorido que chama atenção dos guardas que se aproximam mas logo se afastam quando eu os peço.

— Eu chorei no túmulo do meu marido pelo bom homem que ele era, pelo bom pai, bom marido...

— Tudo bem — a abraço e ela chora em meu ombro por alguns segundos — Não foi sua culpa, ele mesmo a privava de saber dessas coisas pela sua própria segurança. Ele a ama tanto que muitas vezes suportou tudo calado para não lhe prejudicar

Ela se afasta e abre um risinho de lado. Nunca percebi que seu sorriso lembra tanto o de Griffin.
Olhando para ela nesse estado, eu posso sentir sua dor, porque é exatamente o que tenho sentido ultimamente. Um sentimento de culpa, como se eu pudesse ter feito mais.

— Queria poder voltar no tempo e reparar tudo isso, ajudar meu filho, dar o amor que ele tanto sentiu falta durante os anos. Amor que ele só encontrou em você — diz secando as lágrimas e segura firmemente minha mão — Ele me odeia, Beatrice?

— O que? Claro que não Elise, o Griffin a ama mais do que tudo. Assim como ama a Charli e o Jordan, e até mesmo o Antônio. Ele ama todos vocês

  Novamente ela cai num choro profundo e as crianças que estão voltando do jardim ficam olhando para nós preocupadas. Faço um sinal para eles irem embora e todos vão, mais antes de ir, Harry vem até nós e entrega uma rosa para Elise que sorri em meio as lágrimas.
Não se passou muito tempo até ela voltar no assunto das agressões que Griffin sofreu e se perguntar como nunca percebeu nada, e se culpar por tudo.

— Antônio me deixou uma carta — ela diz e eu franzi o cenho. — Griffin não me contou nada, o meu próprio marido fez isso. Ele diz que estava arrependido por tudo, e que tinha muito orgulho do homem que Griffin é, porque ele não teme nada, nem deixa a realeza ditar as coisas que faz

Princesa, Com Orgulho - TRILOGIA PRINCESAOnde histórias criam vida. Descubra agora