Capítulo 149

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Pov Miranda

(N/A sim fanfiqueiros, vocês não leram errado)

Corro pelos corredores, esbarrando nas pessoas que atrapalham o "tráfego" do Furo afim de ir mais rápido, impaciente demais para esperar que saiam da frente. Por eu ser capitã, a maioria das pessoas saem da frente na hora, mas algumas ainda insistem em ficar no meio.

A maioria dos outros se dirigem para a recém-preparada sala do trono, com o intuito de saudar meu pai como exige um rei, sigo na direção contrária. Ascian caminha ao meu lado, apesar de eu saber que ele irá se encontrar com outra pessoa.

Conheço o Furo tão bem quanto próprio rosto, e não é dificil escapar pelo pátio de entrada, desaparecendo em meio às árvores e flores bem arranjadas. O jardim de algumas fadas jardineiras leva à cozinha, pela qual passo mal me dando conta das empregadas. Eles se encolhem perante a minha presença, acostumados com minhas mudanças de humor.

No momento, me sinto uma nuvem de tempestade, escura e agourenta, prestes à explodir.

Minha respiração está ofegante e meu coração bate forte no peito, a saudade queimando dentro de mim e meus olhos ardendo em uma ameaça. Mas não vou chorar no meio de todos, não mesmo.

Tive que passar duas semanas fora por conta do reconhecimento. Duas, malditas, semanas. Graças a Deus, o meu retorno e o da minha equipe foi autorizado, eu estava prestes a enlouquecer.

É estranho pensar na minha vida desde que conheci Ela. E um tanto vergonhoso.

Vergonhoso não só pelas coisas que fiz, mas pela minha estupidez inocente em nunca pensar que havia algo errado comigo. Quem ouve vozes na cabeça e acha normal? Além de achar que é a própria conciência?

Eu. Eu fiz isso.

Num lampejo, surgem na minha mente todas pessoas que já machuquei, quase que inconscientemente mas ainda sim machuquei. Any Gabrielly, Joshua, Joalin, Noah e os outros. Eles nublam minha visão, então deixo Ascian me conduzir pelos poucos passos que faltam. Ele quase precisa me carregar para dentro do setor de dormitórios.

A visão daqueles que eu feri. Meus em um quarto conhecido, reclamando comigo mais uma vez. A sombra da maldita da Rainha aos fundos da minha mente. Inconscientemente burro, por me lembrar da minha própria estupidez.

Mas respiro fundo, afim de não ter algum ataque de raiva. Me recordo das palavras Dela. Não foi culpa minha, eu era uma criança no início, cresci acreditando que tudo que "minha consciência" dizia era o certo.

Infelizmente não era.

Às vezes ainda posso ouvir sua voz em minha mente, por mais que depois do salvamento ela tenha deixado de ler meus pensamentos. E eu odeio isso, eu a odeio, e odeio o fato dela ser a minha Rainha, odeio ter que servi-la.

Ela armou pra mim, se infiltrou na minha cabeça enquanto eu ainda não passava de um bebê, porque ela sabia que eu seria o suposto elo fraco de todos os herdeiros Royals. Não que ela não tenha garantido isso.

Ela me influenciou, me forçou, gritou na minha cabeça até que eu cumprisse cada um dos seus planos. Por ela eu me afastei dos meus "amigos", por ela eu tive supostas crises de ciúmes enquanto ainda namorava o Beauchamp - porque ela queria que eu sofresse por um coração partido, queria uma obsessão pra mim -, por ela eu quase matei um monte de gente naquele acampamento, por ela eu sequestrei um príncipe e o torturei. Fiz da minha vida uma desgraça por ela.

E eu sequer sabia que era ela, que não era eu. Me odiei a cada passo meu por muito tempo. Nos raros dias em que ela se sentia fraca e eu podia tomar conta de mim mesma por um pequeno período de tempo, eu me sentia um lixo por todas as coisas que fiz, sentia vontade de concertar. Mas é claro que ela simplesmente apagava esses sentimentos da minha mente.

𝐑𝐨𝐲𝐚𝐥𝐬 𝐚𝐧𝐝 𝐑𝐞𝐛𝐞𝐥𝐬Onde as histórias ganham vida. Descobre agora