Capítulo 1 - Recuperando

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Capítulo 1 - Recuperando

DESSA VEZ, ABRIMOS OS olhos juntas. O ambiente em que nos encontrávamos era completamente branco. Móveis brancos, paredes brancas e decoração branca. Acho que nunca havia enjoado tanto de branco em toda a minha vida. Lua virou nossa cabeça para a esquerda, e vimos um Curandeiro se aproximando da cama, que eu nem havia percebido pela leveza dos passos. Ele era alto, como qualquer outra pessoa se comparada à mim, e me parecia com Jared, exceto pelos cabelos ruivos.

- Olá, querida, sou Sons Livres da Melodia. Qual seu nome? – perguntou o Curandeiro.

Minha primeira reação clara seria dar um pulo da maca em que estava e procurar a primeira arma que pudesse encontrar para poder matá-lo. Mas, contra a minha vontade, meus lábios se esticaram para cima em um sorriso.

Acalme-se, Melody, lembre-se que violência não é com Almas, sussurrou Lua em minha mente, e eu fiz o necessário para acalmar minha mente.

- Brilho Prateado do Luar, mas pode me chamar de Lua. – ouvi-me dizendo, a voz mais simpática do que eu ousaria usar com uma Alma que não fosse as das cavernas de Jeb.

Aquela não era eu. Podia ter meu rosto, meus olhos, minha boca, meu corpo, minha voz. Mas aquela que estava sendo simpática com uma Alma que ajudava a massacrar a raça humana não era eu. Jamais seria eu.

- Lua, eu soube que já fez uma outra passagem pela Terra. – disse o Curandeiro. – Esta é uma hospedeira resistente? Ela fazia parte da resistência.

Respiramos fundo.

- Não a sinto em lugar algum. - Lua nos fez responder.

- Posso comunicar o Buscador que te encontrou então? Precisarão trabalhar juntos para encontrar os outros humanos.

Eu quase senti meu coração parar. Lua também ficou apreensiva, mas nada alarmante e eu fiquei confusa.

- Não será necessário. - ela respondeu, com um sorriso pequeno no rosto, e seu tom era claramente de mentira, como Peg usava para tentar convencer Almas de algo. - Eu já tenho contato com um Buscador e ele prometeu me ajudar.

- Muito bem então. - O Curandeiro disse por fim. Ele parecia convencido, mas não é como se ele estivesse procurando por mentiras. Almas nunca estavam procurando por mentiras, mesmo que ela estivesse clara no tom de voz dela. Minha? Nossa. - Consegue se virar a partir daqui?

- Consigo sim, obrigada! – Lua disse em minha voz e a próxima coisa na qual me dei conta foi de meus pés sendo jogados um pouco infantilmente para fora da maca e meu corpo descendo para o chão.

- Então qualquer coisa que for necessária, pode me procurar.

- Obrigada, mas acho que consigo ir até o hotel mais próximo. – Lua disse usando a minha voz e eu quase implorei para sair correndo dali.

Saí – ou saímos – dali pelo prédio, ou hospital, não sabia ao exato. Eu mal vi o caminho que percorremos para for dali, mal via Lua cumprimentando as Almas que passavam por nós com um sorriso delicado que eu imaginava jamais poder ver em meus lábios. Tudo o que eu pensava, tudo o que ocupava a minha metade da mente, era que eu queria meu corpo de volta. Eu queria o controle dele, eu queria o controle da minha vida. Talvez agora eu entendesse sobre o que Melanie passara todo o tempo que ficara presa com Peg. Sinto-me presa numa jaula. Sinto-me uma marionete. E eu queria ser liberta. Eu queria cortar os fios.

Calma, Mely, estamos quase chegando, sussurrou Lua novamente.

Se eu pudesse, respirava fundo, porque meu coração estaria acelerado ao lembrar do apelido que Jamie havia me dado.

Heimkehr || Jamie StryderWhere stories live. Discover now