Capítulo 4 - Fugindo

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Capítulo 4 – Fugindo

NO DIA SEGUINTE, EU DESCI PARA a recepção com uma garrafa de água cheia em uma mão e a chave do quarto na outra. Comi o suficiente no café da manhã oferecido, mas parecia que nada queria parar no meu estômago. Ainda era cedo, mas eu não queria permanecer ali por muito mais tempo. Quanto mais cedo saísse dali, mais cedo poderia chegar às cavernas de Jeb e mais cedo veria Jamie novamente. Quando cheguei à recepção, o homem baixo e robusto do dia anterior estava ali.

- Já está indo? – ele perguntou, pegando o caderno com o nome dos hóspedes.

Eu segurei a vontade de revirar os olhos.

- Preciso continuar a viagem. – respondi, sem dar-lhe muitos detalhes.

- Tudo bem, espero que faça uma boa viagem. Qual seu nome mesmo, querida? – ele perguntou, procurando nas últimas folhas escritas no caderno.

Abri a boca, prestes a dizer Melody Harris, mas lembrei-me que havia anotado o nome de Lua.

- Brilho Prateado do Luar. – respondi, sorrindo levemente para ele.

O homem riscou o nome no caderno e sorriu para. – Pronto, querida. Tenha uma boa viagem.

Acenei, ainda com o sorriso forçado nos lábios, e saí do estabelecimento. Olhei em direção à Hillux que havia deixado ali na noite anterior. Dava um aperto no coração pensar que a deixaria ali, mas não havia outra saída. Procurei pelo pequeno estacionamento por algum outro carro esportivo, qualquer um. Um esportivo era mais econômico e com certeza a melhor opção para a estrada sem pavimentação que pegaríamos até o deserto. Um F-Type Coupé pareceu brilhar diante dos meus olhos, não muito longe. Escolha perfeita. Sorri marotamente.

Acabe logo com isso, Mely, você está começando a me deixar nervosa com essa história de roubo, pediu Lua, nervosa.

Revirei os olhos. E como você fazia para levar os humanos até a resistência, por acaso?

Pegava um telefone emprestado, entrava em contato com eles e depois apagava a chamada, ela respondeu, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

E talvez fosse.

Decidi não pensar muito e simplesmente agir. Peguei o grampo do meu cabelo e fiz um malabarismo básico para girar a ponta sem que a garrafa de água caísse da minha mão. Olhei em volta e, ao não achar qualquer Alma suspeita, destravei a porta e entrei. Passei pelo mesmo procedimento que fiz na Hillux, abrindo o painel, desencapando os fios e ligando-os. Testei a embreagem e sorri ao ver que funcionava e quase não prestei atenção quando um apito soou na minha consciência.

- Saia do carro. – a voz masculina ao lado da janela fez meu corpo ficar tenso.

Era um Buscador.

Mely, o que faremos?!, perguntou Lua em minha cabeça, começando a ficar desesperada.

Não perdi meu tempo de respondê-la. Sabia que não teria tempo para pensar em uma resposta. Olhei-o de soslaio, vendo uma arma apontada para minha cabeça. Estava prestes a abrir a boca e perguntar ao homem o que havia de errado do jeito mais inocente possível quando ele se pronunciou.

- Sei que é humana resistente, já tive problemas com uma. Agora saia! – ele exigiu, sem aquele típico tom de voz calmo que a maioria das Almas usavam. Acho que eu estava começando a irritá-lo.

Levantei os braços em rendição enquanto saía com cuidado da F-Type Coupé. Virei-me de frente para o Buscador, sem qualquer ar inocente no olhar e com os músculos tensos, preparando-me para agir.

O que você pretende, Mely?!, perguntou Lua e novamente eu não a respondi.

- Vire-se devagar e coloque as mãos atrás do corpo. – ele disse. – Não precisamos chamar muita atenção.

Heimkehr || Jamie StryderWhere stories live. Discover now