Capítulo 3 - Um sonho muito real

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A campainha tocou duas vezes e, logo em seguida, algumas batidas vieram na porta. Richie havia acabado de sair do banho e ainda estava terminando de pentear o cabelo, já de roupa trocada, portanto somente bagunçou com os dedos os cachos ainda bem úmidos e pendurou a toalha no pescoço para ir abrir a porta.

"Já vou, Stan, eu sei que é você!" Riu baixo ao destrancar a porta da frente e abri-la para deixar o loiro entrar. "Isso tudo é seca, é?"

"Não," Stanley fechou a porta atrás de si, olhou Richie de cima a baixo e desenhou um sorriso de canto de lábio. "Mas isso daqui é, sim..." Segurou, com as duas mãos, as pontas da toalha nos ombros do amigo e puxou-o para perto de si; ali mesmo na entrada da casa deu-lhe um beijo com vontade.

Richie o colocou contra a parede e acompanhou o beijo, uma mão ao lado de seu rosto e a outra passando por entre seus fios claros atrás da orelha, o desejo acompanhado de movimentos rápidos para aquela recepção calorosa.

"Eu, ein!" Tozier afastou depois de pouco tempo que o beijo havia começado, e logo já tirou a toalha que estava em volta de seu pescoço para secar novamente seu cabelo. "Se eu soubesse que você estava com tanta vontade assim, teria te chamado em um outro dia para vir aqui em casa! Tá pior do que peixe que caiu pra fora do aquário, Jesus. Opa, Jesus não, desculpa... Ham... Moisés. É, isso aí."

Stan riu baixo, revirando os olhos. O pior de beijar Richie era ter que aguentar suas piadinhas, mas conseguia fazer isso de vez em quando. Os dois entraram mais para dentro da casa e foram até a cozinha.

"Aceita alguma coisa para beber? Comer? Tem resto de pizza na geladeira, e acho que tem alguns bombons que talvez..." Falou enquanto abria a geladeira.

"Não, acho que a gente já pode ir para o seu quarto, Rich." Stan cruzou os braços e levantou as sobrancelhas. "O que foi, você geralmente é o que menos enrola..."

"Nossa, teu cu tá piscando, é??" Richie levantou as sobrancelhas, mas logo já fechou a geladeira que havia aberto. "Ok, ok, você me pegou... Eu..." Soltou um suspiro. "Eu não posso fazer isso hoje, Stan." Negou de leve e abaixou a cabeça. "Na verdade, eu não posso fazer isso por um tempo... Mas só por um período próximo." Mordiscou o lábio.

"Ué? Menstruou? O que aconteceu?" Stanley descruzou os braços e usou-os de apoio para sentar no balcão de centro, de frente para o moreno. Este demorou um pouco para responder, enrolando.

"Olha, não conta para ninguém, viu? Mas... Eu e o Eddie... Depois de tanto tempo, sabe, o motivo de nós dois termos começado isso que temos foi porque eu não conseguia ter nada com o Eds, e agora eu e ele... Bem... Não é que a gente tem alguma coisa, mas... É que..." Todo embolado, passou a mão pela nuca e chutou o nada. "Ele me beijou, é isso, cara eu nem acredito que realmente aconteceu, mas a gente se beijou de verdade, duas vezes ainda!" Levantou os olhos para encarar o amigo, que estava chocado.

"Mentira. O Edward? Estamos falando da mesma pessoa??" Suas sobrancelhas estavam arqueadas ao máximo que podia. "Se isso aconteceu, ainda existe esperança para mim e para o Bill!" Falou essa última parte em um quase sussurro em esperança. "Quem sabe se ele esquecer a Beverly de vez..."

"É, bem, já faz alguns anos que a Bev mudou de cidade, talvez chegou a sua hora de tentar alguma coisa com ele, acho que o mundo anda de ponta cabeça porque aconteceu de verdade, Stan, eu e o Eddie, o Eddie e eu, quantas vezes nós dois não discutimos que era mais provável o Bill beijar você depois me beijar do que o Eddie e eu rolarmos??" Richie agora sorria abertamente. Seus olhos encaravam o teto, jogou a cabeça para trás e passou ambas as mãos pelo rosto, sem conseguir crer. "Acho que estou sonhando. É um sonho mesmo?"

"Eu não sonharia com você e o Eddie se pegando, Tozier. E eu não sonharia que eu sou coadjuvante do seu sonho." Stan riu baixo. "Acho que não é sonho não, viu, acho que dessa vez aconteceu de verdade!"

Stanley balançou as pernas na bancada e mordeu o lábio inferior, pensando em si mesmo. Pensou no quanto fora divertido se enroscar com Richie para matar a vontade que tinha de, na verdade, estar com Bill – assim como Richie estava com ele para matar a vontade que tinha de estar com Eddie. O desejo dele parecia tão longe de se tornar realidade, mas o do amigo também parecia e agora se tornara real... Ou será que não?

Será que Eddie estava na mesma página que Richie estava? Estavam se beijando porque Eddie gostava dele ou porque tinha outro motivo para fazer isso acontecer? Várias perguntas se passaram pela cabeça de Stan, enquanto Richie permanecia quieto, pensando na sorte que tinha de estar vivo naquele momento. Stanley tinha que ser cauteloso para não estragar o prazer do amigo.

"Olha... Rich... só... toma cuidado, tá bom? Não vai cair de cabeça numa coisa que você nem tem certeza absoluta do que é ainda..." Tentou dizer, delicado. "Se o Eddie dizer que está afim de você, tudo bem, aí você diz também, mas não vai se tacando pra se machucar ou assustar ele, viu?"

"Eu sei, eu sei. Eu estou bem ciente de tudo que está acontecendo, por isso que eu disse pra você que só por enquanto nós vamos ficar sem fazer o que sempre fazemos. Só por enquanto, quem sabe talvez a gente ainda volta." Richie deu de ombros. "Eu espero que não, mas talvez a gente volte..."

"Ok, não tem problema por mim, mas... Eu só não quero que você volte chorando, entende?" Stan olhava o amigo com preocupação no fundo os olhos, e foi retribuído com um sorriso calmo e inocente.

"Pode deixar. Você sabe que, no fundo no fundo, eu sou muito chorão!"

Só em noites do pijamaOnde histórias criam vida. Descubra agora