Capítulo 13 - Primeiros socorros

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Para Eddie, estava obvio que precisava conversar com Richie antes que os pais do menino voltassem para casa naquela tarde. Em seu interior, ele queria que tivesse mais tempo para refletir sobre o que estava sentindo (agora que descobrira que realmente estava sentindo alguma coisa, queria descobrir o que era exatamente), mas ao mesmo tempo, sabia que conforme os adultos estivessem na casa, tudo ficaria cada vez mais complicado. Tinha que aproveitar os momentos que estariam sozinhos.

Pensou em ligar antes para avisar a Richie que estava indo, mas não havia motivo – com certeza o moreno estaria em casa naquele horário de manhã, isso se não estivesse dormindo ainda. Eddie, então, colocou um tênis e somente saiu andando pelas ruas, sem pressa, afim de pensar enquanto caminhava.

Não fazia a menor ideia do que diria para ele. Precisava explicar o que tinha acontecido no banheiro? Só de pensar nessa possibilidade, um vermelhão subiu por seu rosto e cobriu suas bochechas; definitivamente não iria mencionar os momentos que passara sozinho naquele espaço. Mas então, como diria para Richie o que estava sentindo? Na verdade, o que estava sentindo?

Eddie passou por uma pequena praça e pensou em sinceramente se sentar ali, mas não podia se demorar. Quanto mais enrolasse, mais saberia que menos teria o que falar. Sim, estava sentindo alguma coisa, e isso já não podia ser o suficiente? Continuou andando em passos leves até a casa do amigo, ao chegar lá, bateu algumas vezes, sem resposta.

"Rich?" Continuou. Nada. Tentou tocar a campainha, e finalmente ouviu alguma movimentação no andar de cima da casa, então se aprumou. Sentiu o coração bater na garganta enquanto a porta se abria. "Richie, eu..."

Rich estava com a cabeça baixa, os cachos caindo por seu rosto para tampar alguma coisa que não estava conseguindo muito bem. Eddie deu um passo para frente, sua ansiedade agora se transformando em angustia.

"Richard Tozier! O que aconteceu com seu rosto??" Segurou a face do menino e puxou-a para fazê-lo se virar em direção a ele. Seu olho direito estava com um grande hematoma, o queixo com um corte profundo, mas já levemente cicatrizado.

"Shh..." Richie franziu as sobrancelhas. "Por favor, não grite... Dor de cabeça..." O menino disse somente, os olhos se fechando enquanto deixava o outro entrar em sua casa. Eddie fechou a porta atrás de si e continuou a falar no mesmo tom de voz, assustado e preocupado.

"Você andou brigando??" Seguiu Richie pela casa, onde conseguiu ver uma garrafa quase vazia de vodca. "E bebendo?? Sozinho?? Richie, o que estava na cabeça??"

"Bem, definitivamente não era coisa boa." Soltou uma leve risada, enquanto entrava na cozinha para pegar um copo de água. Bebeu tudo em somente um gole, com tanta sede que estava. Serviu-se novamente, ainda sem encarar o mais novo que o olhava com toda a pose de braveza. "O que você queria que eu fizesse, Eddie? Geralmente, costuma ser normal as pessoas beberem depois de terem o coração partido, sabe." Deixou o copo na pia, em um baque agudo de vidro com mármore.

"Coração partido...?" O pomo de adão de Eddie se mexeu de baixo para cima, enquanto ele engolia seco. Respirou fundo, perdendo a pose de irritado, mas tentou não se esquecer de seu foco. "Isso não explica a situação do seu olho. Está roxo, Tozier, ROXO!"

Richie se encolheu quando ouviu a última palavra, levantando a mão e franzindo as sobrancelhas.

"Por favor, eu já disse para não gritar..." Tentou mais uma vez, mas foi ignorado pelo mais novo, que segurou em sua mão com força. "O que está acontecendo?"

"Eu vou cuidar de você, é claro. Caso você não tenha nem se olhado no espelho, você também está com um corte no queixo. E se não percebeu, seu nariz parece ter saído um pouco de sangue. Vamos limpar tudo isso e depois podemos conversar." Levou-o em direção ao banheiro, decidido.

Só em noites do pijamaWhere stories live. Discover now