- Thalita? - escutei alguém me chamar por trás.
- Giovanni, oi! - virei-me e o vi em pé com um sorriso no rosto. Levantei e o cumprimentei - Conseguiu achar fácil aqui?
- Vou te confessar que não - ele sentou em minha frente e fiz o mesmo. - Eu entrei umas duas ruas antes. Eu já estava mandando mensagem para você.
Eu ri enquanto ele me mostrava a tela do seu celular, que estava aberta em nossa conversa.
- Guria? - não consegui me conter sobre como o meu contato estava salvo: Guria do Avião - Pelo o que eu saiba, os paulistas não falam assim, falam?
- Ah, não - olhou para o seu celular envergonhado. - É que eu acho muito bonitinho o seu... quer dizer, o jeito que o pessoal do sul fala, então quis entrar no clima e te identificar melhor.
Esbocei um sorrisinho envergonhada também. Não devia ter perguntado nada.
- Falando nisso, o que estás achando de Porto Alegre? - tentei mudar de assunto.
- A cidade é linda! - falou, parecendo mais aliviado com o novo tópico da conversa - Estou morando com a minha tia, como eu já tinha comentado com você e ela já me levou para alguns pontos turísticos.
- Tu já conseguiu ir para Gramado?
- Estamos combinando de ir lá esse sábado - ele disse, animado.
- Vais amar lá. Eu tenho muitas saudades - falei, um pouco nostálgica.
- Faz muito tempo que você está fora? - tocou em um assunto meio delicado e retesei na hora.
- Dois anos - tentei não deixar transparecer.
- Não conseguiu voltar para visitar? - perguntou de forma inocente, como se realmente só quisesse deixar a conversa rolando.
- Não, eu... - engoli em seco - não consegui não.
- Olá, boa tarde, o que gostariam de pedir? - a garçonete veio em nossa mesa, salvando-me daquele desconforto - Thali?
Olhei finalmente para cima e a reconheci.
- Alice! - levantei de onde estava sentada e a abracei - Quanto tempo!
- Eu que o diga! - retribuiu meu abraço - Voltou quando?
- Há alguns dias - sorri e olhei para o guri sentado à mesa, que nos olhava com curiosidade. - Ai, me desculpa. Giovanni, essa é a Alice, uma amiga de muito tempo. E Alice, esse é o Giovanni, um amigo que fiz recentemente.
Eles se cumprimentaram sorrindo.
- Então, guria! O Edu e a Mel vêm aqui direto ainda - sorriu para mim. - Eles não me falaram que tu ia voltar.
- Ah... é que... - abaixei a cabeça, sem saber o que responder.
- Ela veio de surpresa, nem eles sabiam, não é, Thali? - Giovanni me ajudou ao perceber a enrascada que me meti.
- Sim, foi uma surpresa - lancei-lhe um olhar agradecido e voltei para a mulher em minha frente com um sorrisinho.
- Entendo. Fico feliz que vocês tenham conseguido superar tudo - senti um frio na barriga e assenti, tentando sustentar o sorriso. - Bom, já os enrolei demais, já sabem o que vão pedir?
Fizemos os nossos pedidos e ela pediu licença, voltando para o balcão. Voltei a me sentar e olhei para ele, grata.
- Thali? - perguntei sobre como ele havia me chamado antes, deixando escapar um sorriso lateral.
- Resolvi testar - deu de ombros e eu ri. - Gostei mais desse, se você não se importar.
- Capaz, pode me chamar de Thali mesmo. Só preciso arranjar um apelido para ti agora - ele riu e voltei a minha atenção a xícara vazia que estava na minha frente.
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Apenas Um Acaso...?
Spiritual"- Não, não, não não, não! - desesperei-me, apertando o botãozinho que tem ao lado da cama e indo em direção a porta - Enfermeira! Doutor! Alguém, por favor, ajuda! Voltei até a cama onde estava e começei a colocar a mão em seu rosto. -Por favor, nã...