01- O Momento da Desgraça

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- Ah meu Deus! De novo não! - cobri meu rosto com as cobertas que antes estavam sobre mim, enquanto o alarme soava incessantemente.

Ouvi a porta do meu quarto sendo aberta e logo após aquele som extremamente irritante ser desligado. Suspirei aliviada, até sentir algo pesado cair em cima de mim.

- Ai! - resmunguei, descobrindo o meu rosto e vendo meu irmão me dirigir um sorriso - Meu querido... para que isso?

- Para tu acordar mais rápido - espreguiçou-se, ainda jogado sobre mim.

- Acontece que já tinha acordado com essa música maravilhosa em meus ouvidos - o empurrei para frente e me sentei. - Mas muito obrigada por poupar meus esforços.

- Que esforços? - olhou-me confuso, mas com um sorriso brincalhão nos lábios.

- De movimentar o meu braço para desligar o alarme - apontei para a escrivaninha que ficava ao meu lado, onde meu celular/despertador estava.

- Bah, pelo amor de Deus, Thalita! - pegou uma das almofadas que tinha em cima da minha cama e a jogou em minha cara, enquanto eu gargalhava.

- Rodrigo! Já a acordou? - minha mãe gritou tão alto que presumi que boa parte dos vizinhos a escutaram.

- Depois desse grito, seria impossível ela estar dormindo ainda - sussurrou, para não correr o risco de apanhar depois. Como ela sempre dizia "pode ser maior de idade, mas se continuar morando embaixo do meu teto, vai apanhar do mesmo jeito ou até mais do que quando tinha dez anos". Ele apenas olhou para mim e sorriu - Anda logo, senão tu vai se atrasar.

E saiu do meu quarto.

Levantei da cama me espreguiçando e abri a janela. Arrumei minha cama e fui em direção ao meu armário. Peguei um vestido branco com manga regata todo bordado, uma bota cano curta marrom e os vesti. Catei minha bolsa no chão, guardei meu celular e sai dali.

- Ei, minha filha! - meu pai passou por mim, depositando um beijo em minha testa - Dormiu bem?

- Dormi sim - disse, deixando minha mochila no chão e me sentando a mesa.

- Meu amor, vai querer que eu prepare algo para ti? - perguntou minha mãe, lançando-me um sorriso.

- Não precisa, mãe. O que tem aqui já está bom - sorri de volta para ela, pegando algumas bolachinhas e comendo.

Depois de algum tempinho, senti pequenos bracinhos envolverem meu pescoço em um abraço.

- Ei, minha linda! - trouxe Izzy, minha irmã de cinco anos, na minha frente e dei um beijo em sua bochecha - Acordou cedo hoje.

- É que eu estou ansiosa para o passeio - sentou-se, extremamente elétrica, ao meu lado.

- Que horas ela vai? - perguntei.

- As nove - papai sorriu.

- Eu te entendo, pequena - eu disse, voltando-me para Isabelle. - Eu ficava desse jeito também quando eu tinha sua idade.

- Não me deixava dormir! - lembrou meu irmão.

- É... isso aí não mudou muito não - sorri e todos gargalharam.

Terminei de comer e fui terminar de me arrumar. Voltei para a cozinha logo depois.

- E aí, Rod? Vai rolar minha carona? - perguntei, pegando minha mochila do chão.

- Meu carro está na manutenção, esqueceu? Ele deu um problema na semana passada - abaixou o tom de voz para não receber um daqueles olhares repreendedores do meu pai. Não deu muito certo.

Apenas Um Acaso...?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora