07 - Parte da Verdade

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O alarme tocou incessantemente ao meu lado e me virei para desligá-lo, bufando. Mais uma semana começando.

Sentei-me na cama para não voltar a dormir de novo e encarei o vazio. Ignorei Cecília o fim de semana inteiro pois sabia que insistiria para eu ir ao encontro, ao qual eu desmarquei logo na manhã do sábado. Não poderia encará-la e dizer que cancelei tudo por conta de um sonho. Ela já estava no meu pé com essa história, se soubesse disso logo quando desmarquei... eu não teria paz! Mas naquele momento não havia mais como evitá-la.

Giovanni reagiu bem. Achei que precisaria de mil argumentos para convencê-lo a me liberar, mas não... disse apenas que entendia. Acho que Ceci estava errada, no final das contas. Cíntia conseguiu sim o assustar... e acho que no fundo eu não reclamava.

Levantei da cama e fui tomar banho para poder despertar. Lavei minha cabeça tentando de alguma forma tirar toda a impureza e sofrimento que existia aqui dentro, mesmo sabendo que seria impossível. Preparava-me mentalmente para o que viria a seguir. Já tinha se passado uma semana, mas não criava a ilusão de que as coisas melhorariam, muito pelo contrário.

Terminei meu banho, fazendo minha higiene matinal e colocando meu uniforme logo em seguida. Penteei meus cabelos, peguei minha bolsa e desci para tomar café.

— Bom dia! — mamãe veio até mim, depositando um beijo em meu rosto e me entregando uma caneca de leite com achocolatado, a qual eu agradeci.

— Thali, vou ter uma entrevista de emprego perto da sua escola na hora do almoço, acho que vai acabar perto da hora de tu sair, quer ir almoçar comigo? — meu irmão perguntou, mordendo um grande pedaço de pão.

— Pode ser... — falei, desconfiada. Tudo bem que eu e o Rod nos dávamos bem, mas mesmo assim... ele não era tão legal assim, pelo menos não desse jeito comigo — Tu quer alguma coisa, né?

Meu irmão abriu a boca para protestar, mas lancei um olhar que ele conhecia muito bem, fazendo-o desistir e falar baixo:

— Quero, mas depois explico melhor.

— O que estás aprontando, Rodrigo? — minha mãe chegou por trás dele, assustando-o.

— Nada, mãe! — respondeu prontamente, o que me fez franzir as sobrancelhas.

Ele era um péssimo mentiroso.

— Filho, já tem a parcela do carro que tu quebrou e precisa pagar, sem contar que não tens trabalho ainda! Veja lá o que vai fazer — mamãe disse, sentando-se na cadeira, esgotada e dando-se por vencida.

Tinha certeza que mesmo com seu aviso, o guri ainda aprontaria alguma coisa.

— Relaxa, mãe, não vou fazer nada! Tu não tem confiança em mim não? — perguntou, tomando seu café logo em seguida.

— Não — ela falou com um pequeno sorriso e bebericando sua bebida.

Isso me fez gargalhar enquanto Rod a olhou de forma indignada. A moral dele não estava em alta naquela época.

O carro quebrado ao qual ele sempre era cobrado aconteceu há tres semanas. Ele e os amigos tiveram a brilhante ideia de apostar racha em uma rua deserta. Deu certo até meu irmão passar por um buraco grande de uma forma brusca, quebrando assim o amortecedor do veículo. Ainda bem que tinha sido apenas isso e não algo pior, como atropelar alguém que não tinha nada a ver com a história nessa brincadeira estúpida.

Rodrigo foi obrigado a contar para os meus pais o que e como aconteceu e, por isso, ele foi quase esfolado vivo. Tinha conseguido recentemente um emprego perto de casa e com o seu primeiro salário teve que pagar as custas do carro, coisa que meu pai o obrigou a fazer, pois não ia arcar totalmente com o estrago e idiotice dele, apenas cobrir o que faltasse, isso se fosse realmente necessário, o que eu dava total razão.

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⏰ Last updated: Jan 15, 2023 ⏰

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Apenas Um Acaso...?Where stories live. Discover now