Capítulo 59 - Winter. Conexão

757 65 31
                                    

Pov Sina

Nunca poderia explanar em palavras o que eu tinha passado nas últimas horas. O mais próximo que poderia chegar era dizer que estava em um caleidoscópio poderoso de emoções.

Raiva. Medo. Frustração. Fragilidade. Ressentimento.

Tudo se misturava e me sufocava, me fazendo sentir como se nunca mais fosse conseguir levantar novamente. Eu sabia que não estava bem e não queria que Heyoon presenciasse uma queda como essa. Talvez fosse orgulho, talvez fosse vergonha, mas eu me destruiria ainda mais se aqueles olhos castanhos que eu tanto amava vislumbrasse esse meu lado quebrado. Então eu a afastei e me trancafiei dentro de mim mesma, me mantendo em meu quarto, protegida do mundo e protegendo o mundo de mim. Eu chorei, gritei abafando o som contra o travesseiro. Quebrei coisas, chutei outras. Senti claustrofobia, mas não sabia como sair desse mundo tão escuro e frio.
Então ela apareceu. Batendo a minha porta e trazendo o ar que eu precisava para respirar. Em minha mente vinha sempre a pergunta de como eu tinha sobrevivido aquelas horas sem aquele cheiro ou calor. Pois assim que deixei que Heyoon entrasse e me joguei em seus braços, de alguma forma tola eu sabia que tudo iria ficar bem. Bastava que ela estivesse ali.

Heyoon Jeong era a minha paz, a minha calmaria. Sempre seria.

Deixei que ela cuidasse de mim, me desse carinho enquanto comia a minha atual sobremesa favorita: torta de limão. Ela não me julgava, ela não fazia perguntas difíceis. Seus braços finos e albinos apenas me embalava  contra si enquanto o seu cheiro deixava-me automaticamente serena.

Eu precisava de Heyoon em minha vida. Era mais do que amor, era uma pura e simples necessidade. Uma que me dava medo ter, pois se eu a perdesse seria como o mais doloroso fim. Naquele momento eu queria tentar dizer isso para ela, falar que meu mundo era o dela. Que eu já não me pertencia mais ou que iria lutar contra isso. Éramos almas gêmeas, éramos nascida uma para outra. Mas nada seria suficiente. Os seres humanos ainda não tiveram a capacidade de inventar uma palavra que mensurasse a profundidade daquele tipo de sentimento. Então eu precisaria demonstrar, ou tentar.

Foi pensando nisso que a pedi para deixar que a amasse. Foi com esse intuito que eu a beijei. Um beijo completa e totalmente diferente de qualquer outro que já tivéssemos trocado na vida. Não havia domínio ou busca por ele, apenas uma sincronia e sintonia mais que perfeita. Nossas línguas se encontravam sem pressa, nossos lábios pareciam dançar uma valsa apaixonada. Nossas respirações escapavam pesadas. Mordidas suaves nos lábios, sugadas delicadas que nos entorpecida. Um beijo puramente nosso. Se um beijo pudesse dizer “eu te amo”, seria exatamente como aquele beijo estava sendo. Lento. Intenso. Carinhoso. Ousado. Uma mistura que combinava tudo o que sentíamos.

-Deuses – Heyoon murmurou ofegante quando o beijo teve fim.

Ela ainda estava de olhos fechados e eu absorvia cada detalhes. Desde os cabelos castanhos espalhados sobre o meu travesseiro ao traço dos lábios dela. Ela era tão absurdamente linda para mim que meu coração teria um ataque só de olhá-la. Porém nada se comparava a força de uma certeza que crescia exponencialmente dentro de mim. Eu a amava. Eu a amava tanto que doía. Como se todo aquele amor não coubesse dentro de mim e eu fosse explodir a qualquer momento. Heyoon abriu os olhos lentamente. O universo todo estava contido naquelas íris amendoadas, ao menos o meu universo. E saber disso simplesmente me tirava todo o ar.

-Você é a melhor coisa que já aconteceu em minha vida, Heong – eu sussurrei com toda a sinceridade – Eu já não sei onde começo se você não for o meu fim.

Estações - Versão SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora