Capítulo 70 - Winter. Apresentando Savannah.

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Pov Sina

Três dias no Acampamento foram necessários para que todo mundo se recuperasse da grande batalha. Ainda que fisicamente estivéssemos inteiros, nosso emocional e psicológico estava um verdadeiro caos ainda. Sobrevivemos. Mas ganhamos realmente a batalha? Hina Yoshihara, uma das pessoas que eu mais admirava na vida, tinha se sacrificado para matar um monstro demoníaco que fez o próprio Hades, deus do submundo, paralisar por alguns segundos. Bailey sacrificou-se por um companheiro e neste último momento eu o respeitei com todas as minhas forças. O garoto estava aprendendo a ser forte, ele teria o mundo para descobrir direito os seus poderes. Mas o Destino o levou antes de descobrir todo o seu potencial.

Porém eu não podia negar que um incomodo constante, ele era forte e perturbava minha mente sempre que eu baixava a guarda. Despina havia conseguido fugir. Aquela maldita deusa poderia ter perdido a batalha, mas a guerra ainda prosseguia. Quíron fora claro ao dizer que ela só conseguiu tamanha proeza por estar em vantagem. Ela continha o elemento surpresa de ter aliados que para nós, até então, era totalmente desconhecido. Também era inverno, época do ano em que a deusa se encontrava ainda mais poderosa. Nossa missão, no entanto, fora completa. Perséfone foi libertada e agora voltava ao seu posto de Rainha do Mundo Inferior. Pouco sabia de Hécate, apenas que permanecia debilitada e isso apenas causava uma preocupação a mais. A deusa da magia também era a deusa da névoa, e era esse singelo elemento que separava o nosso mundo da ignorância humana.

Sentei na cama soltando um suspiro pesado, de nada adiantaria ficar remoendo essas coisas. O mundo não pararia para que eu pudesse entende-lo. Tentava colocar em minha mente as questões básicas e cruciais: eu estava viva, mais que isso, Heyoon também estava. Fim. Esse era o ponto que me mantinha respirando e sã no momento. Levantei disposta a pegar a minha mochila e sair do chalé, indo procurar por minha namorada. Era hora de partir e retornar a Nova York. Deuses, eu mal poderia esperar por uma torta de limão de Shizune.

Eu já estava a caminho da porta de meu chalé quando um pigarrear me fez saltar no lugar pronta para lutar. Como assim vinha um som de dentro do chalé que só continha uma morada, que no caso era eu?! Mas ao me virar, eu praticamente congelei no lugar. No centro de minha cabine geralmente havia uma estátua de Zeus... Mas no lugar dela se encontrava o próprio deus.

Sua aura de comando era tão intensa que eu poderia recuar se fosse qualquer outro. Mas não, mesmo que em menor escala, aquela aura era igual a minha e eu me mantive no lugar. Nossos olhos se encontraram, eletrizantes, intensos, desconfiados. Segundos silenciosos se passaram, eu estava alarmada, sem conseguir conceber que meu pai divino estava ali, dentro de meu chalé.

-Gostaria de ter mais tempo para ter uma conversa com você ou ensinar-lhe alguma coisa , Sina – Zeus começou em um tom brando, mas pesado. Ele ajeitou a gravata que usava a folgando – Mas não o tenho, também sofro por minhas próprias regras.

Eu sabia que regra era essa. Zeus todo poderoso ao ver que os deuses estavam se dedicando demais aos filhos, proibiu o contato direto com eles, mas os seres divinos estavam esquecendo de suas obrigações. Essa era, portanto, a primeira vez que ficávamos tão perto um do outro. Zeus não era um cara velho e de barba grande, muito menos tinha cabelos brancos. Ele usava um terno bastante fino, desajeitado apenas pela gravata que ele mesmo havia afrouxado. Ali, ele parecia um magnata poderoso e que poderia facilmente comandar todo o mundo. Bom, ele realmente comandava.

-O que você quer? – indaguei mais ríspida do que eu esperava.

-Permitir que os deuses conversassem com seus filhos, lembra-se? – Zeus falou arqueando as sobrancelhas, depois lentamente foi até uma das camas e sentou-se elegantemente – Isso também inclui a mim, já que foi a minha filha quem liderou bravamente o grupo.

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