Capítulo 6

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Ainda estamos no saguão, esperando meu pai. Mamãe disse que ele estava procurando por algo, e que parecia importante para o momento ou coisa assim. Só espero que não esteja procurando um anel de noivado, não quero parecer um desesperado.

A verdade é que eu poderia perfeitamente não me casar, não engravidar pelo bem de outra pessoa, não me atrelar a uma relação incerta e sem afeição alguma.
Mas sem autoridade e influência ou um apoio político forte eu não vou conseguir ter uma posição firme o suficiente dentro do conselho geral.

No conselho dos ômegas não existe nenhum ômega de nascimento mais alto que omeu, mas esse conselho não possui suficiente poder político pra influenciar as decisões políticas da miríade.
Eu preciso de um apoio feito de pedra e intransferível pra subir ao posto de chefe da família. Um que mesmo um divórcio não seria capaz de tirar de mim. Eu tenho que entrar no conselho dos consortes.

O conselho dos consortes é composto de todas as esposas e esposos dos chefes e membros das famílias influentes de Latvérnia, mesmo ex-esposas e viúvas fazem parte do conselho, quanto mais influente for a família na qual se casou, mais alto você estará na hierarquia, mas também depende bastante da quantidade de crianças que você teve, se o herdeiro da sua família é o seu primogênito, etc.

No conselho dos consortes, minha mãe é o esposo mais alto, somos a segunda família mais influente, mas ele está no topo. As circunstâncias são únicas, pois a família Wolfgang (1° em influência) tem dois consortes, mas nenhum deles é a mãe biológica do herdeiro; e no caso da minha mãe, ele é o progenitor biológico de todas as crianças da família, e portanto, mesmo que um de nós morra ou seja retirado da sucessão, ele ainda vai ter a posição mais alta, sendo a mãe do herdeiro.

Essa é a posição que eu preciso conquistar, me tornar esposo do herdeiro dos wolfgang vai me tornar segundo em importância, tanto pelo nascimento quanto pelo casamento, e futuramente, por meio de uma criança.

Eu sei que parece cruel e egoísta da minha parte, usar uma criança para subir na hierarquia, eu tenho consciência disso. É exatamente o que parece, e eu não me importo. Esse é um jogo que eu faço questão de vencer.

- Boa noite. - sou arrancado dos meus pensamentos pela voz grave do meu pai. Seus olhos cinzentos desfocados se direcionam aos meus, sua tempestade revolta sombreando o meu inverno glacial.

(Andrei Kristian Lupei)

(Alexander Sariel Lupei)

- Boa noite, pai. - observo-o mais atentamente e percebo que o mesmo está carregando uma caixa de madeira antiga, escurecida pelo tempo.
Ele a põe em minhas mãos, o que me confunde; ele estava procurando uma caixa de madeira? O que infernos tem dentro?

- Abra. É seu. - ele diz. Um homem direto, como sempre.
A irônica genética decidiu que eu deveria herdar os genes do meu pai, deveria parecer com meu pai, ter a força, agilidade, resistência e capacidade de liderança dele, mas não o que era mais necessário para um herdeiro, não, isso nunca. É pura comédia.

Abro a envelhecida caixa. Eu já a havia visto muitas vezes antes, mas nunca despertara grande curiosidade em mim, não cheirava a nada além de madeira e metal. Lá dentro, descansando entre as dobras de veludo azul estava um pequeno camafeu de prata, um pouco desgastado, mas brilhante como se tivesse recentemente sido polido, no centro dele há um S cursivo, feito de minúsculas safiras enfileiradas, em um trabalho delicadamente intrincado.

- Pai... É lindo. O que... Por que está me dando isso? - pergunto deslumbrado com a pequenez e preciosidade da mínima jóia.

- Era do irmão do meu trisavô, o último ômega a ser gerado na família principal antes de você nascer. Partiu para o País de Ta-hwan, já que não poderia herdar a família na época, mas não sem deixar algo pra trás. - meu pai fala de forma sóbria, erguendo o camafeu pela fina corrente de aço e o colocando no meu pescoço.

Amor Não é Necessário (A/B/O/MPREG/)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora