Capítulo 3 (p.o.v. - L.W.)

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- Jovem mestre? Jovem mestre? - repete o assistente atrás de mim, apoiado na porta

- Hnm? - Respondo sem tirar os olhos da fotografia em minha mão esquerda. Ângulo horrível, imagem levemente borrada. Tomo um gole de café da xícara na minha mão direita. Umedeço os lábios.

Que foto péssima.

O fotógrafo é patético.

Olhando pelo lado bom, se esse garoto consegue parecer decente em uma foto tão mal feita, deve ser de uma beleza sem par.

- O jovem mestre precisa descer, a senhora está lá embaixo, ela pede uma audiência com o senhor -

Ah, maravilha.

O madrasto.

- Já vou descer - Digo. Estou um pouco irritado. Tiro meus óculos de leitura, e pouso a xícara de café na mesinha de centro. Visto o casaco por cima da blusa de gola alta e me dirijo à porta.

Enquanto passo pelo corredor, minha irritação irradia em forma de feromônios, e os poucos servos, atendentes e empregadas parecem ficar um pouco tensos. Tento interiorizar a raiva para controlar meus feromônios. Um passo em falso com minhas emoções, e as coisas podem ficar complicadas.

- Qual é o meu cronograma pra hoje? - pergunto ao secretário. Observo aquela mansão sufocante e cheia de "pássarinhos", que tinham o péssimo hábito de contar cada passo meu para minha madrasta. Sem problemas.

Logo eu estaria livre.

- Jovem mestre, a senhora está lá embaixo... - Ele replica, com urgência e um certo temor na voz. O encaro irritado e repito a pergunta.

- Qual é o meu cronograma para hoje? - ele parece tremer, e depois de alguns segundos ele responde.

-O senhor tem uma reunião com os administradores do instituto de pesquisa às 11 e meia, o almoço está marcado para uma hora, outra reunião com os diretores do conclomerado está progamada para às duas horas em ponto, o de costume depois das quatro da tarde, e por fim... Bom, o senhor sabe, o... Jantar com sua excelência Andrei Kristian Lycan, às oito e meia. - Ele fala mecânicamente, olhando um ficheiro. - Mas, a senhora... - ele começa, mas o interrompo.

- Eu não sou surdo, Natsume. Ouvi da primeira vez. -

Caminho lentamente em direção à sala de recepção. Lá, sentado no sofá vintage vermelho, em meio as almofadas bordadas estava ele. Enorme, quase um continente próprio devido ao estado avançado de gravidez. A terceira "esposa" do meu pai. Um ômega de nome Iori. Um homem obviamente. Era apenas pela tradição que o chamavam de "senhora",já que ele era "esposa" do meu pai.

Uma cobra peçonhenta.

- O que o trouxe aqui? - pergunto antes mesmo de me sentar. - Não tenho tempo para jogos, mamãe. -

É hilário chamá-lo assim quando eu era apenas sete anos mais novo que ele. Ele sorri pra mim. Nunca é um bom sinal quando ele sorri. Só olhar para o seu rosto me dá vontade de vomitar.

- Não seja assim, querido~ - Ele arrasta as palavras, num tom doce e agudo que não combina com um homem de 32 anos.
Ele me causa asco.

- Diga de uma vez o que você quer. - Falo, tentando ser o mais educado possível. "se controle, se controle, você não vai deixar Iori estragar o seu humor".

- Eu só vim checar como você se sente, perante a perspectiva de, finalmente, abrir sua asinhas, e voar para longe da proteção dos seus familiares... - ele fala pausada e melosamente, enquanto acaricia a grande barriga redonda. - Afinal, de um jeito ou de outro você é meu filho também, eu me preocupo com você... - A servente chega com uma travessa de chá, e serve uma xícara para Iori.

- Enteado, não filho. - Corrijo, desconfortável e irritado. - E eu não sinto nada em particular. - Ele arregala os olhos dramaticamente.

- Sério? Quando mais novo você sempre pareceu tão... Contra... esse tipo de coisa~ - Iori solta um sorrisinho de canto,e arruma os cabelos loiros atrás da orelha, enquanto dá um gole no chá. - Dizia que era, como foi que você dizia mesmo... Ah! Desprezível, não foi? -

- Pessoas mudam, e eu cresci, madrasto. - Devolvo, a voz carregada de sarcasmo.

- Oho... - Ele parece divertido - Bom, você de fato cresceu~ - ele me olha de cima a baixo, sorrindo por trás da borda de sua xícara de porcelana.

- ... -

-Não estou certo de que você consegue lidar com a pressão, mas você sempre me surpreende, não é? Não é nenhum segredo que o grande Lucian Kurt Wolfgang é um prodígio em tudo. -

-Não entendo o que quer dizer, Iori. - Faço questão de destacar seu nome, em minha fala, traçando a linha entre mim e ele. Ele toma mais um gole de chá, visivelmente irritado, e eu cruzo as pernas. - Eu não sou o que alguém chamaria de prodígio -

- Bom, eu devo ir, já que você parece tão ocupado, o verei no jantar, meu adorado filho. - Finalmente ele foi embora. Seguro a ponte do nariz com os dedos. Eu não preciso ser submetido à ainda mais estresse, pelos Deuses Já tenho muito com o que me preocupar.

Pego meu sobretudo e o visto, me dirigindo novamente para o escritório, havia esquecido a pasta de documentos.

- Jovem mestre, o senhor não vai tomar café? - pergunta uma empregada, provavelmente uma novata.

- Não estou com fome. - Respondo, tentando ser suave. É claro que com meu ar estressado, falho miseravelmente, e ela abaixa a cabeça, temerosa. Suspiro. - Apenas... Mantenham tudo em ordem. -

Saio através das portas duplas de madeira de lei, indo em direção à Mercedes preta na frente do prédio, o mordomo já a havia preparado para que eu não perca tempo indo buscá-la na garagem.

Gosto dele. Ele é competente, honesto, leal.

Dirijo pra fora da propriedade, de encontro à mais um dia cansativo e monótono, cheio das mesmas coisas cansativas e monótonas. Bom, não de todo. Há aquele assunto. O assunto que vai me ajudar a conseguir direito definitivo ao posto de herdeiro e o livramento das minhas preocupações.

Regras irritantes.

É melhor que eu me foque no que tenho que fazer agora, não posso me distrair. É, terei um longo dia à minha frente.
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- VOCÊ CHEGOU!!!- Diz uma jovem beta que se joga em mim com se eu fosse uma tábua flutuante e ela um náufrago.
- Sakurai, me solte. - ela faz uma biquinho. Suspiro profundamente, esse dia será longo. Sakurai Maiko é minha amiga de infância, e trabalha como secretária e atendente pessoal para mim na empresa.

Ela também é problemática.

Eu tenho certos problemas em lidar com ela, e não me sinto confortável com seu comportamento. Ela age como uma criancinha, e tenta ser "adorável" e parecer inocente, mesmo que já seja uma adulta com 26 anos nas costas. Se eu fosse descrevê-la em duas palavras, seria obsessivamente perturbadora.

Uma promessa de infância da qual eu sequer me lembro, foi o que a moveu nessa "cruzada" para "conquistar meu coração". O caso é: ela é de fato uma boa escolha de casamento, a conheço desde criança, sua família não é nada pobre, é subordinada da minha já há gerações, tem conexões com muitas figuras importantes da política local, etc.
Havia só esse pequeno problema.

Esse pequeno, porém significativo problema.

Ela jamais seria capaz de me dar um filho.

Não importa o quanto tentasse.

Dar continuidade à linhagem da família é uma prioridade. Ela cumpria muitos requisitos, mas não o mais importante deles. Só que o problema não era com ela.

Era comigo.

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E aí? Como vcs tão? Gostaram??? Eu gosto de fazer meio que um mistério, e interromper a imersão só pra causar raiva, frustração e curiosidade, então me perdoem tá?
Mas não se preocupem, vai ser interessante MUAHAHAHAHAHAHAHAHAH

Amor Não é Necessário (A/B/O/MPREG/)Where stories live. Discover now