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O TERCEIRO INOCENTE

“A fantasia que acompanha e suscita a antecipação que precede o crime, é sempre mais estimulante que a sequela imediata do crime em si.”

—TED BUNDY

É tão deprimente ver uma mulher querer um homem e não poder ter. Eu sei bem como é isso. Eu sei porque eu vi alguém próximo assim. E eu realmente acho que ninguém mereceria morrer por isso, mas essa, infelizmente, vai.

A próxima vítima é alguém tão chato que posso até dizer que essa é o mais difícil de finalizar. Eu realmente não gosto de matar pessoas que não fizeram nada comigo intencionalmente. Mas dessa vez, de fato, eu tenho que fazer isso. Tudo faz parte do meu plano, e essa, vai ser o gran finale.

Sorrio largamente olhando meu celular e vendo como é fácil destruir os sonhos de alguém. Às vezes me pergunto como seria viver uma vida de verdade. Ter uma casa, uma família e ser amada. Acho que seria algo interessante, mas eu não nasci para isso, eu nasci para matar e salvar crianças dos monstros, essa é a única coisa que eu tenho certeza. Então, não vai ser tão difícil assim concluir o que eu comecei.

Espero pacientemente a hora dela chegar enquanto observo sua casa por inteiro. Vim aqui algumas vezes para ter certeza dos pontos que iria utilizar, foi quando descobri das câmeras, de início, achei que não fosse necessário usar elas, mas depois, as coisas foram tomando um rumo diferente do pretendido, por isso, optei por usar elas de uma maneira certa. Deixando o detetive Coleman ver meu rosto, nem tão bonito assim.

O barulho do seu carro, me faz ligar as câmeras que eu tinha desligado — até porque, ele não pode ver tudo que fiz aqui — e voltar a me esconder em um lugar que me faça ver bem tudo que ela está fazendo.

Assim que ela entra, a vejo se sentar em seu sofá, com as mãos no rosto, aparentemente abalada emocionalmente.

Sei bem como é isso, amiga. — penso, sorrindo novamente.

Depois do seu surto deprimente, ela vai tomar banho, e resolvo optar por esperar ela terminar, não quero deixar ela morrer suja, tadinha.

Vou até o espelho que tem na sala e verifico como estou. Nada parecido com o meu estilo, mas, pelo menos, tudo dará certo.

— O que você está fazendo dentro da minha casa? — pergunta, me pegando desprevenida. Merda! Não era para ser assim, mas tudo bem.

Me viro lentamente, olhando para ela.

— Olá… — falo, colocando meu melhor sorriso irônico.

— Você não respondeu o que está fazendo dentro da porra da minha casa? — praticamente grita, e inferno, se tem uma coisa no mundo que eu não suporto são pessoas que gritam sem necessidade. Me trazem lembranças que não gosto nem um pouco.

— Ok, não precisa gritar baby… Eu só vim te dar um aviso sabe?

Me aproximo dela bem devagar, com um sorrisinho diabólico no rosto.

Ela parece sentir o perigo emanando do meu corpo porque corre em direção ao seu quarto, creio eu.

Respiro devagar, olhando para as minhas unhas, pensando em como é patético essas pessoas tentarem fugir de algo que não tem como fugir. Porque mesmo sendo situações distintas, eu também tentei fugir durante anos e nunca deu certo, por isso aprendi várias técnicas para deixar as pessoas acharem que vão conseguir, como ele fazia comigo.

Depois de alguns minutos, vou na direção que ela foi, provavelmente para seu quartinho secreto que eu já descobri onde fica.

— Baby, não adianta fugir, ok? — sussurro, baixo, enquanto me aproximo mais.

Escuto ela falar com alguém pelo celular e sorrio percebendo como isso fica cada vez melhor. Estou adorando.

Quando finalmente a encontro, ela tenta, juro como ela tenta se salvar, mas eu sou boa, eu sei o que estou fazendo, então, logo, ela está morta. Simples e fácil. Como sempre é.

Deixo propositalmente um fio de cabelo em especial na cena e vou fazer minha obra de arte, mas dessa vez, não consigo concluir ela com toda a atenção que ela merece, infelizmente.

Me levanto, guardando meus materiais na bolsa e antes de partir, olho diretamente para câmera dando um sorriso para o meu detetive.