01| Inferno particular

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O silêncio ensurdecedor do meu apartamento me deixa aflita, mesmo eu tentando afirmar dentro da minha própria cabeça que esse é um dos melhores momentos do meu dia

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O silêncio ensurdecedor do meu apartamento me deixa aflita, mesmo eu tentando afirmar dentro da minha própria cabeça que esse é um dos melhores momentos do meu dia. Eu sei que não é. Me manter longe do contato humano é apenas uma forma que eu encontrei de me defender de tudo. Mas principalmente de sentir dor.

Assim que pego meu copo de whisky e o levo aos lábios tudo que aconteceu volta.

Cada vez que ele tirou meu sorriso.

Cada vez que ele ousou se aproximar de mim.

Cada vez que ele sorria para as pessoas como se fosse a melhor pessoa do mundo.

Cada vez que que ele dizia que me amava.

E mais uma vez, não consigo me controlar.

O ódio parece se alastrar pela minha cabeça, me deixando cega e sem controle do meu próprio corpo.

Jogo o copo com toda a minha força na parede o vendo se espatifar no chão, como aconteceu com a minha vida a anos atrás.

Cada caco de vidro no chão parece representar tudo que eu achava que eu tinha de bom na vida.

E sem perceber, sinto as lágrimas descerem pelo meu rosto, deixando a minha visão turva, mais uma vez. Como todas as outras noites.

Me deito no sofá sentindo minha respiração ficar acelerada com cada lembrança. A forma como eu fui fraca e me deixei levar para o abismo, em como eu não consigo mais parar. Eu só não consigo mais por um fim nisso. Na verdade, eu sinto que isso faz parte de mim.

Não sei se eu me perdi por causa dele, ou se foi porque eu quis. Eu só sei que agora, não tem como parar mais.

Passo as mãos em meus olhos, enxugando as lágrimas e tentando fazê-las parar.

Me sento, pegando meu notebook e abrindo na pasta do meu caso mais antigo.

O assassino da borboleta.

Faz mais de seis anos que eu o procuro, e mesmo sendo uma das melhores investigadoras, esse eu não consegui o pegar.

Ele é bom. Não deixa rastros, e sabe se esconder melhor que qualquer um dos seriais killers que eu já prendi.

Seus motivos são uma incógnita para todos, e sinceramente, não consigo encontrar nada na vida dos homens que são mortos por ele.

Não há motivo aparente.

Todos são apenas bilionários que têm suas vidas arrancadas sem explicação, simplesmente são mortos deixando tudo que eles julgam ser necessário para suas vidas.

Eu investiguei cada vítima, e não me surpreendi quando mais uma vez me deparei com o vazio.

Sua marca registrada é uma borboleta, por isso o denominamos dessa maneira.

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