02| Sensações

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Eu realmente achei que o tal Axel seria um pé no saco, mas o que me surpreendeu é que ele parece ser muito diferente de todos os outros parceiros que já tive

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Eu realmente achei que o tal Axel seria um pé no saco, mas o que me surpreendeu é que ele parece ser muito diferente de todos os outros parceiros que já tive.

Ele é calmo. Educado. Inteligente. E feliz.

Exatamente tudo que eu odeio em uma pessoa.

Tudo bem, até que sua inteligência pode ser salva, mas de resto, nada me agrada.

Mas o pior de tudo, é a maneira como ele me olha.

Eu estou tentando o evitar desde que ele chegou, mas é praticamente impossível, afinal, ele é meu parceiro na merda desse caso. Que até nisso eu estou pegando raiva, só porque vou ter que dividir meu espaço com ele.

Sou tirada de meus pensamentos com uma batida na porta.

Mando a pessoa entrar, já sabendo exatamente quem é.

— Queria saber se você já está pronta para irmos tentar falar com o filho da última vítima… — pergunta, fechando a porta e tomando conta do meu espaço com esse cheiro amadeirado dele.

Droga, isso é ridículo.

— Sim, estou. Já ia te chamar. — respondo, me levantando e pegando meu casaco logo em seguida.

Mais uma vez seus olhos seguem cada movimento meu, e eu não gosto disso.

— Eu realmente acho que vai ser necessário eu falar… Não gosto da maneira como você me olha, então, para evitar problemas futuros, por favor, pare de fazer isso!

Seus olhos continuam me avaliando como uma forma de mostrar que não se importa com o que estou falando.

Dou mais um passo ficando poucos centímetros longe dele. E agora percebi que isso foi um erro.

— Você está brincando com a pessoa errada Coleman! Estou avisando para o seu próprio bem. — sussurro a última parte e me afasto, indo em direção a porta, a abrindo e saindo logo em seguida.

Escuto seus passo pesados me seguindo até fora do departamento, e aparentemente, minha ameaça surtiu algum efeito porque nosso caminho até o local onde o garoto está é completamente silencioso, e estranho.

Quando entramos na área, posso ver algumas crianças brincando em um parque e se divertindo com isso. Se elas tivessem noção do mundo de merda em que vivemos quando chegamos na fase adulta, não queriam tanto crescer.

— Olá investigadores… Sou a psicóloga do pequeno, soube que queriam falar com ele… Infelizmente não será possível, os direitos o protegem, e vocês sabem disso. — diz, em tom acusatório. — O que posso prometer a vocês é que caso eu consiga qualquer informação sobre o assassino de vocês, Não hesitarei em informar. Não se preocupem.

Enquanto ela fala, e tira a pouca paciência que eu tenho com seu sorriso simpático, posso ver que na verdade seus olhos estão completamente focados no homem ao meu lado. Como se ele fosse algum pedaço de carne muito suculento. E isso me incomoda. 

Raspo minha garganta, na tentativa de desviar seu olhar do dele, para que foque em mim, afinal, eu ainda sou uma das pessoas que realmente está interessada no caso.

Seus olhos se voltam para mim novamente, e posso apostar que vi uma pitada de desconforto ao me olhar.

— Meu cartão. Espero que você realmente entre contato comigo, caso consiga qualquer coisa com o garoto… É de extrema importância qualquer informação que ele possa nos passar. — falo, tentando não demonstrar na minha voz o que eu realmente estou sentindo.

— Claro… —  diz, e sua voz escorre ironia.

Não gostei dela.

Dou um aceno positivo e me afasto, deixando ela e meu parceiro para trás. O que não demora muito a ficar ao meu lado logo depois.

—  Por que você é assim? —  pergunta, chamando minha atenção.

Paro de andar e me viro para olhar em seus olhos.

— Assim como?

Posso até dizer que consigo ouvir seus neurônios trabalhando para formular uma boa pergunta, mas tudo que ele faz é soltar a merda de um sorrisinho e se aproximar mais de mim, o que automaticamente me faz dar um passo para trás.

O que porra ele acha que está fazendo?

— Você é mal humorada o tempo todo… Nas últimas duas semanas que estive o seu lado, tudo que você faz é ser ignorante com as pessoas que estão ao seu redor… Por que?

Passo uns dois minutos pensando em que momento ele acha que está para me perguntar algo dessa maneira. Onde e quando eu dei intimidade a ele para isso?

Sua respiração batendo no meu rosto me traz de volta a realidade e eu percebo que ele ficou mais próximo ainda.

— Se você não se afastar agora, mostrarei a você que não sou boa e utilizarei da minha arma nesse seu rostinho bonito… Não me importune mais com suas perguntas idiotas! —  me afasto, tentando buscar um pouco de espaço, porque eu não gostei nenhum pouco da sua audácia. —  Ah, e mais uma coisa… A forma como sou e trato as pessoas não são da sua conta!

Quando me viro para ir até o carro, sinto sua mão me puxar de volta para perto dele, perto demais.

Antes que eu formule uma boa resposta, ele toca em meu rosto, olhando diretamente nos meus olhos.

— Você não era assim antigamente… Sinto falta da garota que você era, acho que ela não gostaria de ver essa versão que você se tornou. — diz, sussurrando em meu ouvido, e se afastando.

Fico paralisada no lugar.

Ele me conhece?

Meu controle pelo meus movimentos parecem retornar, e eu consigo me mover até ele.

— O que você quis dizer? Nos conhecemos? —  pergunto, ainda um pouco atordoada por tudo que ele está fazendo eu sentir. Não gosto dessa sensação estranha.

— Você não é a melhor investigadora de Detroit? Será divertido ver você tentar descobrir…

Seu olhar me intimida, mas não deixo isso transparecer.

— Não vou perder meu tempo com você…Não vale a pena.  —  falo, baixo, em tom de ameaça.

Continuamos travando uma guerra com nossos olhares, e a sensação de que ela já está perdida me deixa assustada, como a muito tempo não me sinto.

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IM(PERCEPTÍVEL) | ✓Where stories live. Discover now