Hannah Marie Portman

78 24 11
                                    


N/A: ei docinho de banana, não esquece do voto, me ajuda muito!!

Boa Leitura!

Mia.

30 de novembro de 2029.

- Sabe do que eu sinto falta? – Jonas estava saindo do banheiro com o cabelo ainda pingando enquanto eu enchia minha caneca de café. Levantei o rosto para ouvir a resposta. – Trabalho em grupo.

- Bateu a cabeça no box? Tá se sentindo bem? – Meu rosto se entortou em uma careta, fazendo-o rir. – Você claramente não conheceu os prazeres da vida pra ter saudade disso.

- É sério – ele pegou o pote de bolachas no armário e se sentou ao meu lado, ainda secando o cabelo. O clima entre a gente não tinha voltado completamente ao normal, mas o clima no apartamento já estava bem mais leve. – Aquele "quase evento" de ir na casa de alguém e passar o dia enrolando pra fazer o trabalho, sabe?

Apesar de me lembrar bem da sensação, balancei a cabeça em negação, como quem não acredita no que acabou de ouvir. Qual a chance de alguém sentir falta de trabalho em grupo? Eu por acaso estava morando com um doido?

- Sabe do que eu sinto falta? Vinho barato. – Jonas torceu o nariz, dando o primeiro gole no líquido quente da caneca, e dei um leve empurrão em seu joelho com a ponta do pé que estava inteiro. – É sério, daqueles que você fica enjoado depois de beber. E que te dá uma ressaca tão forte no dia seguinte que você jura de pé junto que nunca mais vai beber de novo. Isso sim, Jonas, é algo que faz falta.

- Mas não dava pra ser um vinho bom?

- Meu Deus, não! – Bati na mesa tão enfaticamente que ele quase foi trabalhar com o macacão cheirando a café. - Parte da graça é ouvir o que as pessoas têm pra dizer quando estão bêbadas, e um vinho caro não te proporciona isso.

- Cada doido com sua mania – ele deu de ombros com um sorriso nascendo no canto da boca, e só arqueei a sobrancelha em resposta, deixando que ela traduzisse um "e a doida sou eu?".

Estiquei a mão para o pote de bolacha no mesmo segundo que ele, e vi a mão de Jonas recuar imediatamente antes que meu polegar encostasse no dele. Ao contrário do que eu previa, nosso contato físico agora estava quase de volta à estaca zero – quando a mão dele relava em mim, por exemplo, ele se afastava como se tivesse tomado um choque. Minha queimadura, além disso, já dispensava curativos, então nem esse toque acontecia mais.

Uma parte de mim agradecia a todos os santos por isso – outra, no entanto, sentia falta da espontaneidade que havia entre a gente. Esse era um dos ônus de ter dado aquele fora homérico nele, mas eu podia conviver com isso. Ou pelo menos achava que podia.

- Vai fazer hora extra hoje? – Ele já tinha terminado o café e estava com o macacão de sarja fechado até o pescoço quando perguntei.

- Hoje eu volto mais cedo pra te encher o saco – Jonas piscou o olho direito, me fazendo rir. – Acho que vou comprar alguma coisa mais interessante que suco pra acompanhar a pizza, o que acha?

- Apoio cem por cento – cruzei as pernas e levantei a mão direita com os olhos fechados, tentando imitar o modo como uma madame dispensa o criado. – Uma coquinha vai cair bem, Jarbas.

Jonas riu balançando a cabeça e pegou a máscara de gás na parede, apontando para a porta, e fui atrás dele com o cadeado que a gente às vezes chamava de cadeira. Acenei quando ele fechou a porta e senti meus ombros murcharem. Não me chame de ingrata, por favor, mas ficar sozinha comigo mesma o dia inteiro podia ser um pouco entediante. Ok, sejamos sinceros: muito entediante.

Entre RuínasTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang