Desabafos

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Não sabia direito dizer se estávamos tensos ou nervosos demais. Nós agimos de forma tão rápida que nem poderia explicar ao certo do porquê de tudo isso em apenas dois dias.

- Acho melhor eu iniciar essa conversa. – A encaro, abrindo totalmente o meu coração diante da situação. Vejo ela assentir com a cabeça. – Tudo bem... acho que poderia dizer que eu nunca imaginaria essa situação, nunca mesmo. Fui pego de surpreso quando te olhei e.... tudo se desenrolou da forma sentimental inesperada.

- Vou ter que concordar com você. – Ela desvia o olhar diversas vezes pelo quarto, tentando não olhar diretamente para meus olhos. – Eu já tinha gostado de outros garotos antes, como é muito provável de você também, mas... não sei... nunca foi assim, dessa maneira, com esses sentimentos, com essa força.

- Entendo perfeitamente, pois isso nunca foi experimentado por mim, e eu não sei nem ao certo como o nomear o que sinto. – Me avanço em sua frente e pego a sua mão com delicadeza. – Tenho dito a mim mesmo que estou agindo como um bruxo apaixonado, mas não me parece apenas isso... parece mais... – Eu falo um pouco mais baixo, fazendo ela finalmente me encarar.

"Parece mais, Mione, tudo isso que estou sentindo parece mais que apenas um sentimento. Tenho a sensação que é um turbilhão de emoções me invadindo toda vez que penso em você, toda vez que a vejo, não importa a maneira que for. É algo muito mais que uma simples paixão. "

Ficamos nos encarando por um tempo indeterminado, sei que não foi muito, porém não sabia o quanto. O silêncio não era apenas para respirarmos um pouco e refletirmos sobre as primeiras declarações.

Estávamos, na verdade, perdidos em meio de nossos olhares, tinha ficado observando aqueles olhos achocolatados se conectando com os meus verdes esmeraldas. Não desviamos disso por um tempo, até ela soltar um suspiro pesado.

- A vontade que tenho agora é de sair daqui correndo e nunca mais olhar na sua cara por tudo o que me causa internamente, esse conflito com o que sinto, mas penso que, só no decorrer da tarde sinto um vazio no meu peito por não o ter por perto, imagino como seria se me afastasse completamente. – Ela começa a encarar as minhas meias, pois tínhamos tirado os sapatos para subir na cama. Acompanhei o seu olhar rapidamente.

" A minha casa é a casa dos corajosos, Harry, e como eu pertenceria a grifinória se eu não fosse corajosa? – Ela permanece com seu olhar para baixo. – Estou com medo do que pode acontecer daqui em diante apenas pelo fator de nunca ter ocorrido comigo antes. Entretanto estou sentada aqui nesse momento, enfrentando uma parcela dos meus medos e inseguranças e.... – Sua voz acaba diminuindo, como se ela precisasse de tempo para continuar, desenvolver, algo para falar. – Nem sei o porquê estou me abrindo tanto assim. "

Entendia a sua situação, passei por isso algumas vezes na minha vida. Desabafar ou falar sobre os seus sentimentos não era uma tarefa fácil, se deixar levar por eles, nem que seja por alguns minutos, poderia gerar uma estranha sensação caso a pessoa sempre controlou tudo aquilo que dizia.

Vendo como ela estava reagindo, levo as minhas mãos em direção ao seu rosto, fazendo-a me ver. Começo pequenas carícias sobre a sua bochecha, acabando por me aproximar um pouco mais de seu corpo. Percebo ela ceder pelo carinho, ocasionando no fechamento dos seus olhos e um pequeno gemido.

- Está tudo bem, querida. – Disse um pouco mais baixo, do mesmo tom que ela havia usado anteriormente, só que foi falado de uma maneira mais meiga. – Não tem problema, aqui comigo, pode desabafar sobre o que está sentindo. Nós passamos por muitas coisas, é normal nos retrairmos, deixando nos levar mais pela a parte lógica do que a emocional. – Deslizo minha mão de sua bochecha, já um pouco avermelhada, para seus cabelos.

Professor PotterWhere stories live. Discover now