Capítulo 36

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__ E então?

__ Sinto muito.

Não consegui me conter; meus olhos expulsavam lágrimas em excesso.

__ Sente muito? ... pelo quê? - Com um medo descomunal, ousei perguntar.

__ Ela está morta, Aurora.

As palavras foram como uma navalha sobre a carne; meus ombros se contraíam enquanto eu chorava, minhas pernas perdiam as forças, e lentamente escorreguei até o chão.

__ Sinto muito, muito mesmo. Fizemos de tudo para salvá-la, mas ela foi infectada, e não houve o que fazer. - Disse Natália.

__ A culpa é minha, a culpa é minha, a culpa é minha. - Repetia incessantemente enquanto passava as mãos pelo cabelo.

__ A culpa não é sua, meu amor.

__ Ela morreu no meu lugar, era eu, não ela.

Chorava sem parar.

__ Aurora, não é sua culpa.

__ Como não, tia?

__ Ela lutou até o fim e em nenhum momento a responsabilizou por nada. Ela vivia dizendo que você viria; eu não acreditava nessa possibilidade. Quando ela estava prestes a morrer, pediu para eu escrever uma carta.

__ Uma carta?

__ Sim.

__ Onde está?

Com um olhar triste, Natália me entregou uma folha amarelada e manchada de sangue.

Minhas lágrimas molhavam a folha, causando manchas escuras e circulares. Com dor no peito, abri e comecei a ler, mesmo incomodada com as lágrimas e os olhos ardendo feito brasas na pele.

" Aurora, eu sabia que viria, sempre soube que nunca me deixaria para trás. Me lembro como se fosse ontem o dia em que nos conhecemos, lembro das brigas desnecessárias, dos risos e dos choros. Quero que saiba que eu não mudaria nada em minha história, se eu tivesse a certeza que você estaria nela. Eu não me arrependo de nada que fiz ao seu lado, e eu passaria por tudo que passei até esse momento em que estou escrevendo essa carta, por você. Lembre de mim, mas não pense nesse momento triste, lembre dos momentos felizes que passamos juntas, pois são esses que vou carregando comigo. E não se culpe, esse erro não é seu. Lute para sair desse lugar e seja feliz; vou sempre estar com você. Com muito amor, Vanessa."

Um grito de dor escapou de minha garganta, e as lembranças com ela começaram a passar como um filme em minha mente.

" Oi, eu sou Vanessa."

" Vamos morar juntas?"

" Eu só queria ajudar."

" O que vou dizer pro seu noivo, Aurora?"

" Sabe, Aurora, existe uma punição para quem mente para melhores amigas."

" Vanessa, nos quebramos toda."

" Comida italiana?"

" Seu primo voltou lá, depois que você saiu e bem..."

" Aurora, está chorando?"

__ Por favor, não, não me deixe, por favor. - Abraçei os joelhos, meu coração parecia que ia explodir de tanta dor.

__ Vai ficar tudo bem. Vamos conseguir sair daqui, e prometo que vou ajudar a vingar a morte de sua amiga e de todos os inocentes que morreram nas mãos desses malditos.

__ Eu não vou aguentar, eu não vou...

__ Aurora! O que está fazendo?

Já estava flutuando quando a necessidade de gritar bem alto me invadiu. Enchi os pulmões de ar e gritei, criando muitas ondas de magia. As mulheres ao lado voaram longe, os vidros das janelas se explodiram, e ouvi passos rápidos do lado de fora do cômodo que estávamos.

Lobos- Encontro De Almas| Livro 01| Concluído| Livro Físico Em BreveWhere stories live. Discover now