Capítulo 4

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Alguns anos depois...

Pov Lauren Jauregui:

- Bom dia, meu amor - Falo fazendo um leve carinho no seu couro cabeludo. - Está na hora de acordar - Ela resmunga algo indecifrável ao puxar seu cobertor para o rosto. Sorrio. - Vamos lá, precisamos trabalhar - Tomo impulso e me sento sobre a cama.

- Eu não quero ir - A voz manhosa me faz sorrir mais ainda. - Por que não posso viajar com a vovó?

- Porque seus avós vão em uma viagem de negócios, e lá é um lugar chato onde vários médicos se reúnem para falar sem parar - Faço uma careta para que quem sabe assim, ela perca o interesse. Ela me encara duvidosa, seus olhos castanhos atentos em minhas expressões. - Sem contar que se você for comigo para o hospital, vai rever seus amiguinhos lá da escolinha, hm? - Ergo uma sobrancelha e isso parece ser o suficiente para ela se animar.

E sem falar nada, ela jogou os cobertores para o lado e saiu da cama, correndo em direção ao banheiro. Esperei alguns segundos até escutar seu chamado, neguei com a cabeça antes de seguir seus passos.

E era assim todas as manhãs, pois desde que Grace nasceu, dividimos o mesmo quarto, obviamente por opção minha. Acho que por isso ela é tão manhosa e mimada. Mas o que eu posso fazer? Ela é a minha vida.

Minha filha está prestes a completar seus cinco anos de vida, que para sua idade, lhe considero muito inteligente.

Geralmente Grace fica com sua babá, mas como hoje ela está de folga e mamãe vai viajar, o jeito é levar ela comigo. Eu trabalho no hospital dos meus pais, que futuramente será meu, mesmo depois do sermão que levei por conta da gravidez e ser ameaçada perder esse posto. Mas depois que tudo se acalmou, meus pais se mostraram solidários e consequentemente se tornaram os avós mais babões do mundo. Isso me ajudou muito para meu crescimento pessoal, eu não tranquei a faculdade, pelo contrário, só me afastei os meses que eram necessários para minha recuperação pós parto.

Ainda moro com eles, na minha visão foi uma boa escolha, eu não queria que minha filha tivesse só a mim presente no seu dia a dia, e talvez assim, não me questionasse tão cedo sobre a existência de outra pessoa, cujo também foi responsável por sua existência.

Eu não tive mais notícias de Camila, não vindo diretamente dela. Então o pouco que sei é que ela se formou e ainda mora na Inglaterra, pois teve uma oportunidade de começar sua vida profissional lá e não quis desperdiçar.

- Acha que Alice vai estar lá? - Olho para Grace.

- Talvez - Me limito ao encarar melhor minha filha. Ela é uma cópia fiel da outra mãe. Seus cabelos longos e cacheados, sua pele levemente bronzeada, seu rosto fino, boca grande e carnuda, nariz perfeito... sem contar com esses olhos idênticos, é como se Camila me vigiasse durante todo esse tempo. - Vamos? - Chamo após comprovar que ela está prontinha, e eu também.

Pego sua mochila já preparada com tudo que vamos precisar no dia, e ela faz questão de pendurar em suas costas. Pego minha bolsa antes de sairmos do quarto.

- Bom dia - Mamãe fala assim que alcançamos o andar de baixo. - Olha só se não é nossa futura médica, tão nova e já vai começar a estagiar? - Sorrir divertida para minha filha.

- Bom dia, vovó - Corre para os braços da minha mãe. Me aproximo das duas e beijo a bochecha de dona Clara.

- E meu pai?

- Está no escritório, fazendo algumas ligações antes da viagem - Assinto. - Vamos, a mesa já está posta para o café da manhã.

{...}

Chegamos ao hospital depois de deixar meus pais no aeroporto, Grace fez manha querendo ir junto mas no fim tudo deu certo.

Agora estou com uma criança chorosa que não me larga por nada.

Passamos pela a recepção que estava cheia, e quando fui em direção a sala onde os filhos dos funcionários ficam, minha filha se agarrou em mim como se sua vida dependesse disso.

- Não quero!

- Não quer ver se Alice está? - Nega com a cabeça enterrando a mesma contra meu pescoço. - A mamãe precisa atender os pacientes, já conversamos sobre isso - Afago suas costas.

- Mas eu não quero ficar aqui, mamãe - Se ergue para me encarar, seus olhinhos brilhando em lágrimas. Ela fez um biquinho fofo, esse que faz meu coração apertar.

- Eu não posso atender com você, minha vida - Beijo seus cabelos quando ela começa um choro desesperado. - Veja, o que acha de ir até a lanchonete? Podemos comprar um sorvete e quando você se acalmar voltamos aqui, hm? - A menção pareceu chamar sua atenção, já que a danadinha rapidamente se ergueu novamente, limpando seu rosto de um modo desajeitado. - Mas depois do sorvete vai vir brincar com seus amiguinhos, ok? - Reforço.

- Eu entendi, mamãe - Sorrio para a moça que aguardava para receber Grace, a mesma apenas assente já que ouvia toda a conversa.

Coloquei Grace no chão e segurei sua mãozinha, caminhando em direção da lanchonete.

Quando atingimos o espaço, minha filha ficou inquieta ao tentar se soltar, mas só fiz isso quando segui seu olhar, ela viu Ally sentada em meio ao espaço.

Soltei Grace e sorri com sua corrida desengonçada, mas arregalei os olhos quando seu corpinho foi ao chão. Ela havia batido contra as pernas de uma pessoa. Rapidamente fui até ela que já abria o berreiro novamente.

Me aproximei das duas mulheres que socorreram minha filha, elas estavam de costas e antes que eu terminasse de me aproximar, paralisei observando a cena.

- Camila, me dê ela aqui - Puxou Grace para seus braços.

- Foi ela que entrou na minha frente - Se defendia enquanto dava de ombros.

E por mais que eu quisesse esquecer, não poderia. Por isso não foi difícil reconhecer aquela voz, tão pouco sua estrutura que mesmo virada de costas para mim, continuava a mesma. 

- Tudo bem, querida - Era a mãe de Camila, também me recordava perfeitamente. - Onde está sua mamãe? - Fazia um carinho no rosto de Grace enquanto me procurava com o olhar. Até que seus olhos se encontraram com os meus. Ela franzio o cenho para mim e esse seu ato fez Camila seguir seu olhar, sendo assim também paralisando.

Destino (G!P) Where stories live. Discover now