💍 𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐𝟕 💍

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𝐅𝐄𝐑𝐈𝐃𝐀𝐒 𝐂𝐔𝐑𝐀𝐃𝐀𝐒

❝𝐏𝐎𝐕'𝐒 𝐀𝐍𝐍𝐄

    Uma dor de cabeça era minha única companhia quando acordei naquela manhã.

    Minha cama parecia estar maior sem a presença de Gilbert. Os vários lençóis e travesseiros não supria a falta que o corpo nu dele grudado ao meu fazia, não me esquentavam da mesma forma que ele.

    Enterrei o rosto no travesseiro e chorei mais uma vez ao lembrar que na noite passada o idiota tinha me dito que tinha sentimentos românticos por mim. Eu tinha avisado, tinha pedido que não sentisse nada por mim, pois não iríamos ter nenhum futuro.

    Eu não podia fazer aquilo com ele.

     Eu tinha a consciência de que podia ter sido menos babaca com ele. Mas o único jeito de não o magoar, seria me magoando. Eu poderia ter lhe dito a verdade, podia ter dito o motivo de não podermos ficar juntos, e tenho certeza que Gilbert entenderia.

    Ele entenderia e iria embora.

    E eu me recusava a ser aquela que ficava para sofrer as consequências. E isso não vai acontecer de novo.

    Me remexi e senti um líquido caindo em cima de mim. Quando olhei para baixo, notei que havia deixado a garrafa de cachaça que tinha bebido ontem a noite aberta e ela acabou caindo e me molhando.

    Agarrei a garrafa, afastei as cobertas molhadas e me sentei no colchão. Olhei para a garrafa que estava parcialmente vazia em minha mão, e com toda raiva e dor que estava em meu peito, joguei-a contra a parede, enquanto lágrimas desciam por minhas bochechas.

    — Porra.

    Levantei da cama xingando, sabendo que teria que limpar aquilo antes que alguém visse e me perguntasse o que havia acontecido.

    Fui até o banheiro, liguei o chuveiro e entrei de roupa e tudo. Sentei no chão frio, abracei as minhas pernas e deixei que a água gelada molhasse meu corpo por inteiro. Minhas lágrimas de dor e solidão se misturaram com a água que saia do chuveiro e molhava meu corpo dolorido e vazio.

    Precisei de uma hora para me recompor; Fiz uma maquiagem para esconder as manchas roxas que haviam aparecido abaixo dos meus olhos, vesti um dos meus terninhos que tenho para uso exclusivo quando vou trabalhar, peguei minha bolsa e desci os vários lances de escada que dá diretamente para cozinha.

    E lá estava Gilbert, quieto, encolhido em sua cadeira, os olhos que costumava estar alegres estavam tristes, vazios e levemente avermelhados. Mas o que me quebrou foi ve-lo desviar o olhar do meu, como se fossemos dois estranhos, como se fossemos desconhecidos.

    Mas eu não podia reclamar, podia? Fui eu quem saiu daquele quarto dizendo que tudo havia acabado.

    — Bom dia! — Falei apenas por educação, pois, de bom, o meu dia não tinha nada.

    — Bom dia! — Quase todos que estavam na cozinha falaram.

    — Parece que um caminhão passou por cima de você. — Cole comentou, me fazendo soltar um suspiro de frustração quando percebi que todo trabalho que tive me maquiando aquela manhã não valeu de absolutamente nada.

    — Seu café da manhã está pronto. — Mary estendeu um prato com panquecas de mirtilo para mim.

    Dei um passo para trás.

    — Desculpa por tê-la feito perder seu tempo cozinhando, Mary, mas eu não estou com fome.

    — Você não desceu para jantar — Meu pai levantou da cadeira e veio até mim. — E ainda não quer tomar café da manhã? — Ele apoiou as mãos em meus ombros. — O que está acontecendo?

𝐌𝐀𝐑𝐑𝐈𝐀𝐆𝐄 ─ 𝐒𝐇𝐈𝐑𝐁𝐄𝐑𝐓Where stories live. Discover now