💍 𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟑𝟕 💍

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𝐄𝐔 𝐓𝐄 𝐀𝐌𝐎

❝𝐏𝐎𝐕'𝐒 𝐆𝐈𝐋𝐁𝐄𝐑𝐓

    Eu sabia que Anne daria muito bem com a família da minha mãe. É claro que foi muito pouco tempo para eles se conhecerem, mas, mesmo assim, eu notei que ambos se gostaram.

    Keila e Kyla — as caçulas da minha vó —, embora gêmeas, são totalmente diferente uma da outra em suas personalidades. Tia Kyla era mais aberta, gentil sorridente, adorava trabalhar tanto no hospital quanto no bar. Já tia Keila, era mais fechada, durona, amava dedicar sua vida no bar mais do que tudo no mundo, e embora também seja bastante gentil, ela podia ser muito grossa as vezes.

    Erik, o mais velho dos filhos, embora não parecesse, por mais que tivesse uma cara e jeito de durão, ele era muito parecido comigo em sua personalidade. Os que não o conhecia o temiam, e aqueles que sabiam que meu tio era o ser mais carinhoso e gentil do mundo, o amava incondicionalmente. Mas aquele que acha que, só por ele ser uma pessoa muito boa pode montar em cima, está bastante enganado. Ele era esperto e estava a espreita.

    Por último, vem a minha vó. Rilla Stuart era uma das mulheres que eu mais amava nesse mundo. Apesar de não ser tão jovem, tinha o espírito de um. Ela vive em cima da sua moto, andando de cima para baixo, ajudando as pessoas, cuidando do seu grupo e daqueles que necessitavam.

    Essa "tradição", de entrar para a gangue da família, vem de muito, muito antes de eu nascer. Começou quando meu bisavô foi expulso de casa pelo padrasto que o odiava. Ele não tivera um lar por dias, e quase morrera de fome, até encontrar um grupo de pessoas que o ajudou. Quando conseguiu superar seus obstáculos, quando, por meio da ajuda desses, ele conseguiu se recuperar, estudar e subir na vida, meu bisavô jamais esqueceu do que fizeram por ele, e prometeu que faria pelos outros o mesmo que fizeram por ele.

    Dito e feito.

    Meu avô ensinou para meu avô, meu avô ensinou para minha mãe, e minha vó precisou me ensinar, pois minha mãe sentia vergonha demais da sua família para fazer tal coisa, e meu vô havia falecido pouco antes da minha mãe ir embora de casa com meu pai.

    Agora estava eu ali, duvidoso se deveria fazer parte do grupo. Quero dizer, fazer a tatuagem não me colocaria mais dentro da família do que já estou, pois como sempre dizia meu avô: "família não é sangue, você precisa merecer estar nela". E como se merecia estar dentro da minha família? Ajudando aqueles que precisam. E era isso o que eu sempre faria quando podia.

    É claro que eu podia enfrentar a irá do meu pai, mas aquela tatuagem iria manchar a minha pele para sempre. Significava que eu estava dentro totalmente da família, que eu tinha uma obrigação de passar os ensinamentos para meus filhos — caso eu e Anne resolvemos adotar — e, claro, seguir suas tradições.

    Só que, esses dias eu tive tantas coisas para resolver em Londres que eu acabei não pensando muito na minha família parte de mãe, eu pensava mais no meu futuro com Anne.

    Foram duas semanas inteiras de trabalho árduo. Precisei falar com os donos de empresas que eu trabalhava e dei um tempo para que se organizem antes da minha saída definitiva. Passei todas as informações para o que iria ocupar meu lugar, e depois fui arrumar minha mesa no escritório que eu passava meus dias trabalhando.

    Muitos abraços e apertos de mãos depois, eu cheguei no apartamento, totalmente exausto, desempregado, mas bastante feliz.

    — Gatinha, eu cheguei.

    Fechei a porta de casa, coloquei as chaves do carro sobre a mesinha e a maleta no sofá. Retirei meu paletó e o coloquei sobre o braço do sofá, afrouxei a gravata e a tirei pelo pescoço, abri os botões da camisa e a coloquei junto com o paletó. Empurrei os sapatos com os pés, tirei as meias e as coloquei dentro do sapato, e depois os coloquei junto com minha roupa.

𝐌𝐀𝐑𝐑𝐈𝐀𝐆𝐄 ─ 𝐒𝐇𝐈𝐑𝐁𝐄𝐑𝐓Where stories live. Discover now