𝗖𝗮𝗽í𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟬𝟮

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Luísa

Eu não estava com um pingo de vontade de ir pra baile algum mas depois de muita insistência da Paula eu decidi ir, afinal tô à muito tempo sem sentir o mínimo de diversão.

Depois que eu terminei de limpar a casa resolvi deixar algo pro meu pai comer, não sabia que horas ou que dia ele voltaria para casa mas pelo menos comer ele ia. Coloquei um pouco de feijão com arroz no prato e fritei o ovo, graças a algumas ações solidárias que acontecem aqui no morro nós não passamos fome pois sempre rola doação de sexta básica.

Escutei a porta ser aberta e avistei ele entrar com a maior cara de louco do mundo e era sempre assim, ele passava dias fora de casa e voltava como se nada tivesse acontecido na procura de algo pra comer ou algo que tivesse algum valor pra trocar por uma pedra de crack.

O Jorge estava totalmente horroroso e magrelo, fedendo à álcool e sujo. Eu ainda conseguia lembrar do sorriso dele quando minha mãe ainda era viva, era um homem forte e que fazia qualquer mulher babar.

Suspirei e fui pro meu quarto, peguei a roupa que eu iria vestir no baile e tranquei a porta com a chave e o cadeado logo depois. Não dava pra confiar, ele sempre tentava entrar aqui procurando algo pra roubar.

Eu fico totalmente frustada vendo que não posso fazer nada pelo meu pai mas tenho fé que vou conseguir um emprego e as coisas irão mudar.

Terminei de arrumar e soltei meu cabelo, passei a única maquiagem que eu tinha em casa e desci.

- Já vai sair, tá que nem uma vagabunda - ele falava enquanto ria.

- Vou sim - sorri falsa.

Se eu disser que essas palavras não machucam eu iria tá mentindo porém fazer o que? Esse é um dos efeitos dessas merdas que ele usa.

Dei de ombros e saí de casa esperando a doida da Paula passar e pra minha surpresa ela nem demorou.

- Mona tu tá uma gostosa - ela me girou.

- Olha quem fala - ela riu -.

- Vamos lá, tem gente me esperando. Vou te apresentar pra algumas pessoas - Eu assentir e nós começamos a andar.

De longe se escutava o estrondo da música, o batidão não parava de tocar por um momento e eu logo comecei à me animar.

- Tá animadinha em - Eu ri e ela puxou minha mão.

Quando entramos foi maior empurra empurra, é muita gente querendo entrar. Pagamos a entrada e finalmente entramos dentro do baile.

Toma vai novinha, surra de cacete bem na sua bucetinha.

Paula ia rebolando na minha frente enquanto eu tentava acompanhar.

- Ué, a gente vai subir lá? - puxei ela pro canto quando vi ela estava indo na direção do camarote.

- Tu vai se incomodar se nós subir lá? Vai ser rapidinho, depois a gente desce.

- Não, tá de boa - sorri e voltamos a ir na direção do camarote.

Eu tava mentindo, não ia ficar nem um pouco confortável lá em cima porém fazer o que né? Não ia desagradar ela, a garota tava fazendo maior esforço para que eu viesse.

Liberaram a nossa entrada e eu vi a putaria rolando no canto. Gente se comendo e os caralho a quatro, eu já estava ciente do que acontecia aqui em cima porém quando tu vê o negócio de perto é totalmente diferente. Tinha de tudo, de fiel à amante e de playboy à traficante.

Paula me puxou pra um canto e colocou uma lata de Skol Beats na minha mão.

- Aí Raquel, essa daqui é aquela mina que eu te falei. - ela chamou a atenção da Loira.

A tal de Raquel era bem bonita, aparentemente tinha silicone nos seios e tava cheia dos ouros. Pelo cordão no pescoço com o símbolo da letra C ela era mulher de bandido.

- Luísa, né? - ela falou sorrindo e eu assentir - satisfação, meu nome é Raquel mas me chamam de Loirão.

- O prazer é meu - sorri.

- Prazer aqui é só na cama - Paula respondeu e elas riram.

Ficamos ali no canto com a Loirão. Ela me explicou que era irmã de um dos chefão e que o C do cordão era de Coronel, o nome do marido dela.

Maior exagero esse tipo de coisa mas quem sou eu pra julgar?

O baile tava uma uva, até consegui curtir bastante mas quando bateu o cansaço fiquei doidinha pra ir embora porém a Paula ficou me segurando.

- Para de ser chata e aquieta esse cu aí, garota - ela encheu meu copo mais uma vez.

- Porra Paulinha, amanhã eu vou pra rua de novo atrás de emprego, só vim pra não te fazer desfeita.

- Vou deixar tu ir embora só porque você tá cansada, mas da próxima já sabe? - ela riu e me abraçou.

Me despedi das meninas que eu tinha feito amizade e saí daquele camarote o mais rápido possível.

Mas foi só eu descer que eu bati de cara com aquele Gomes, ele me olhou com a maior cara de cão e saiu.

- Cão que ladra não morde - revirei os olhos seguindo o meu caminho.

𝗡𝗼𝘀𝘀𝗼 𝗠𝘂𝗻𝗱𝗼 - PAUSADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora