Capítulo 1

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Limpo as lágrimas dos olhos e observo uma última vez a imagem dos meus pais dentro daquele caixão.

Minha vida acabou de perder o sentido, sem eles eu não consigo!

Em meus vinte anos nunca havia sentindo uma dor como essa, uma dor que se alastra silenciosamente e te consome aos poucos.

Até não sobrar nada.

Me despedi de alguns familiares próximos, olhando perdidamente o céu e entrei em um táxi que estava parado ali.

Provavelmente um de meus tios o chamou.

Apoiei minha cabeça no vidro, sentindo as lágrimas voltarem e dei o endereço ao motorista.

Quando chegamos em casa o paguei dando um sorriso agradecido e vi seu olhar de pena.

Eu não quero isso, só quero ficar sozinha e esquecer de tudo o que aconteceu. Mas não posso, a cada respiração a imagem do dois mortos aparece me atormentando.

Abri a porta indo em direção a meu quarto e apoiei meus braços na parede vendo meu reflexo no espelho.... pálida, com olheiras e sem vontade de viver.

Suspirei tirando o vestido que usava e liguei o chuveiro, sentindo as lágrimas irem embora deixando apenas um rastro de solidão.

Não sei conviver com isso e não sei se um dia saberei.
Essa dor é forte demais!

Tentando não me perder em mim mesma peguei a única coisa que acalmará nesse momento.

Minha chupeta!

             1 semana depois

Olhei uma última vez para traz e  deixando todo meu passado aqui embarquei no primeiro vôo que encontrei para fora da cidade.

Uma semana sem fazer nada a não ser encarar o teto branco do meu quarto e pensar me fizeram estar aqui agora.

Ir para um lugar novo, encarar novos ares me fará melhor. Ontem procurei uma casa para alugar e sem muito custo achei um pequeno apartamento em Nova Orleans.

Vou recomeçar e quem sabe um dia não volto melhor e sem essa dor que me atormenta a cada instante.

Não vou abandonar a cidade em que cresci apenas dar um tempo e descansar de tudo.

                            ..........

Algumas horas depois desembarquei na linda cidade.
Peguei minha mala dando um fraco sorriso para a moça que me ajudou e procurei a saída.

Assim que a achei caminhei distraidamente olhando a área de pousos particulares e acabei batendo em algo, caindo logo em seguida.

Soltei um gemido de dor sentindo meus olhos encherem de água e olhei para cima vendo dois homens caminhando apressadamente.

Escutei falarem algum chingamento e me levantei colocando a mão na minha bunda. Eles me machucaram.

Suspirei piscando para não chorar e sai daquele lugar cheio.
Não gosto de muitas pessoas ao meu redor, me da pânico.

Procurei um táxi para pegar e durante a corrida observei a cidade um pouco maior que a minha.
Meus olhos curiosos não deixavam nenhum detalhe passar, pegavam até o mais pequeno sorriso no rosto das pessoas.

São esses os detalhes que importam, os que fazem diferença na vida de alguém. O simples e singelo sentimento. Sentimento esse que não vou sentir por um bom tempo.

Sai dos pensamentos ouvindo o motorista me chamar e sorri forçadamente ao ver que chegamos ao apartamento.

Lhe paguei a viajem e desci minha mala encontrando a corretora me esperando na entrada do enorme edifício.

Eu: Senhora Rivera - apertei sua mão educadamente.

Rivera: Bem vinda a sua nova casa - falou nos guiando a porta de número 466.

Agradeçi com um aceno e adentrei o local deixando a mala na soleira da porta.

Observei os móveis claros em contrate com o tapete escuro formando uma combinação única e dei um sorriso.

Procurei o resto dos cômodos, me sentindo imprecionada pela elegância do lugar e dei um pequeno pulo ao ouvir meu telefone despertar.

Está na hora de tomar remédio!

Tirei a cartela da bolsa colocando um comprimido na boca e fui até a torneira pegar água.

A anos sigo essa mesma rotina, tomar o remédio e aguardar que faça efeito.

Aos 12 anos fui diagnosticada com excesso de hormônios no corpo, para controla-los minha ginecologista me receitou esse remédio. O problema: comecei a lactar!

No início desenvolvi uma breve depressão por me achar estranha e nojenta, mas aos poucos fui me adaptando e conclui que isso não me faz diferente.

Quando meus pais eram vivos  doavamos leite ao orfanato local, mas com suas mortes não consegui mais doar.

Durante a semana em que decidi me mudar, comecei a sentir meus seios um pouco mais pesados que o normal, causando um leve desconforto. Então no banho faço um pouco de pressão e retiro o leite manualmente.

Suspiro balançando a cabeça e vou ao quarto começar a arrumar minhas coisas. Ainda quero fazer uma pequena faxina para retirar a poeira.





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Doce SeduçãoWhere stories live. Discover now