- Bruxo Procurado -

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O Frio da noite ainda me dá arrepios, o som das folhas nas árvores, algumas caindo pois não resistiram a ventania, os carros passando pelo parque. Essas são as únicas coisas que me entretém nesse momento, além das tristes memórias recentes que ainda percorrem minha cabeça.

- Meu filho é um viadinho? - Meu pai grita enfurecido.

- Não acredito, porque fez isso com a gente filho? - Minha mãe tenta dizer isso se desabando em lágrimas.

Essas foram as frases que destruíram a minha vida, junto a frase que revelou a eles vindo da minha carinhosa irmã.

- Vocês sabem que o Samuel é gay né? - Diz ela em um tom de deboche.

Ela queria aquilo, queria que eu fosse embora pra não atrapalhar mais ela, eu não estava esperando aquilo vindo dos meus pais, quando falavam do assunto com outras pessoas se mostravam sensatos só as vezes dando uma "escorregadinha". De casa eu não trouxe nada além de roupas que eu estava vestindo, eles nem se quer...

- O que você tá fazendo aqui garoto? - Uma voz grossa e masculina surge junto a uma grande sombra em minha frente.

- Eu... Tô só observando os carros passarem. - Digo me sentando e com uma voz trêmula.

- Enquanto se treme de frio? - Ele fala se sentando ao meu lado e revelando sua beleza.

- Sim... - Digo forçando risadas. - Eu esqueci minha jaqueta em casa. - Minto.

- Toma... - Ele diz tirando seu blazer. - Pode ficar pra você. - Ele fala me oferecendo.

- Não precisa, ele é muito bonito e... Daqui a pouco eu tô voltando pra casa. - Minto outra vez forçando educação.

- Aconteceu alguma coisa com você? - Diz ele me olhando com aqueles hipnotizantes olhos castanhos claros.

- Não... Eu, tô bem... Eu só gosto de vir aqui às vezes.

- Eu sei que é estranho desabafar pra um cara que você nem ao menos conhece mas... Eu tô aqui pra te ouvir, não teve como não ver sua beleza do meu carro... - Diz ele cauteloso. - O meu nome é Edgar... E o seu?

- O meu nome é Samuel, muito gentil da sua parte vir aqui me ver, mas...

A quem eu tô querendo enganar? Eu preciso sim daquele blazer e seria ótimo ter alguém pra me ouvir depois desse baque na minha vida, mesmo sendo um estranho que pode me sequestrar, é melhor que continuar nesse parque também perigoso.

- Tudo bem... - Suspiro. - Ontem a noite, eu fui expulso de casa porque... Eu sou gay... - Digo tímido.

- Ainda fazem isso hoje em dia? Isso é coisa de décadas atrás. - Ele me assusta com sua resposta.

- Minha irmã contou pra eles enquanto a gente jantava só pra se livrar de mim, ela sempre me odiou por eu ser o mais novo e roubar a atenção que meus pais tinham nela. - Desabafo entristecido e cabisbaixo.

- Tá tudo bem ficar triste, principalmente quando as pessoas que deveriam te apoiar fazem isso com você.

Eu não consigo aguentar, ao ver que o futuro que eu imaginava na minha vida foi completamente destruído por conta dos meus próprios pais, eu começo a chorar, Edgar percebe e me abraça, me impressionando mas me acalmando, como se me protegesse de pensamentos terríveis.

- Muito obrigado... - Digo limpando minhas lágrimas. - E me desculpa por mentir e te fazer passar por...

- Não precisa se desculpar, eu vim aqui pra isso, seus pais infelizmente devem ser os únicos que não vêem potencial em você, provavelmente acham que você escolheu isso, como se tivesse escolhido ser expulso de casa. - Ele simplesmente lê meus pensamentos. - Eu sinto muito Samuel, mas caso queira ficar um tempo lá em casa eu irei te receber com muito carinho. - Diz ele acompanhado de seu lindo sorriso.

Pleasures | Romances Gays [+18]Where stories live. Discover now