Six;

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- Eu gosto de você.

Senti meu rosto corar mesmo não sabendo em qual sentido ele se referia.

- Eu também gosto de você.

- Eu quero ficar melhor, e quero te proteger como você faz comigo. - Ele sorri inclinando um pouco do seu corpo se apoiando com o antebraço na cama.

- O que é "proteger" pra você, Michael? - olhei para o mesmo ainda deitada.

- Um dia você vai saber. - Ele repete o que eu falei mais cedo.

- Como ousa, Michael Langdon? - falei com indignação e ele rir. - Vai dormir garoto. - Ri dando um leve tapa em seu braço.

- Ficou irritada?

- Claro que não, estava apenas brincando, mas na parte de você ir dormir era verdade.

- Sim senhora.

Rio soprado negando com a cabeça e me sento na cama.

- Você disse que quer ficar melhor, acha que tem algo de errado em você mesmo?

- Eu sou muito impulsivo e acabo machucando alguém. Eu... machuquei o padre hoje quando estava na casa da vovó - falou arqueando suas sobrancelhas.

- O que você fez com ele, Michael?

- Eu não tenho culpa, ele estava falando em latim e colocando um crucifixo na minha cara, isso me deixou desconfortável e acabei cortando a garganta dele.

Fiquei boquiaberta e soltei um suspiro. Queria que ele parasse de matar pessoas mas isso será um processo demorado pra parar com os seus impulsos.

- Não fique brava comigo.

- Calma, não estou brava com você

- Eu não queria ser assim... eu não queria. - Disse Michael.

- Você não tem culpa disso, Michael. - continuei a observá-lo.

- Por isso eu gosto de você. - Ele sorri.

- Por quê? - sorrio sem jeito perguntando o motivo.

- Você não acha que eu sou um monstro como as pessoas acham.

- Já que gosta de mim, não me machucaria, não é Michael? - disse um pouco receosa.

- Claro que não. - o mesmo se nega rapidamente. - irei me esforçar como você se esforça.

- Fico feliz em ouvir isso. - disse transparecendo uma forma agradável.

- ____. - escuto sua voz me chamar.

- Pode dizer. - Coloquei minha mão sobre meus cabelos acima da testa.

- Pode me dar um beijo? - Ele colocou sua mão sobre a minha

Senti meu coração acelerar ao ouvir suas palavras calmamente.

- Que nem você fez hoje mais cedo.

- Ah, claro. Um beijo na testa...

Não que esteja decepcionada, apenas... deixa pra lá.

Coloco os cabelos  para trás e depositei um beijo em sua testa.

- Por que seu coração tá batendo tão rápido? - indagou.

Mas que p-, como ele conseguiu ouvir?

- Isso não interessa agora... - tentei desviar do assunto.

Ainda bem que ele deixou quieto o que havia perguntado, desesperei de todas formas possíveis porque não sabia explicar.

Fiquei ali na cama até ele adormecer, o que me deixou mais surpresa foi ele me abraçar e não me soltar mais. Parecia que havia um gato em cima de mim porque eu já estava com cãibra e não queria me mexer pra não acordá-lo. Meu braço que estava acima da cabeça do Michael, tentei mover ele um pouco pra cima e coloquei minha mão em seu cabelo começando a fazer um leve cafuné.

Eu pensei a grande parte da noite pensando no Michael, e como ele confia em mim. Ele não era assim com Constance, mas ela não o tratava bem e nem sequer deu o mínimo de amor pro menino... me diz Michael, por que eu quero tanto ficar ao seu lado e te mostrar que posso te tratar melhor que qualquer um já tratou?

Quero te mostrar que você não é o monstro que acha que é.

(...)

Amanheceu e acabei nem percebendo que havia dormido com ele na mesma cama. Abri meus olhos lentamente e a primeira visão que tenho é a do criado-mudo, já não estava mais abraçada com ele como ontem a noite.

Me sento na cama praticamente dormindo ainda e cocei meus olhos, viro meu rosto para o lado e vejo que ele ainda estava dormindo, os lábios formavam um bico e seus cabelos loiros caídos sobre seu rosto o deixava bonito até dormindo.

Nada contra mas da um ódio de pessoas que conseguem ser bonitas sem esforço.

As vezes dava uma vontade de bater no Michael só pelo fato dele ser bonito de todo jeito.

Me levantei colocando meus chinelos e fui em direção a porta para sair do quarto e  para o meu. Entrei no banheiro que havia no meu quarto e escovei meus dentes e fiz um coque em meu cabelo, logo me despi entrando no box, liguei o chuveiro e deixei a água gelada cair sobre meu corpo me dando leves arrepios, ninguém merece água gelada a essa hora da manhã.

.

Saio do quarto já vestida com meu cabelo solto e agradável. Vou até a cozinha e comecei a preparar o café da manhã.

                (Quebra de tempo)

- Vamos, Michael. - O chamei na porta ainda dentro de casa.

Ele chega em alguns segundos e eu abro a porta dando passagem para ele sair e em seguida faço o mesmo, tranco a porta colocando a chave em meu bolso.

Entrelacei seu antebraço ao meu e fomos andando até o ponto do taxi.

- Tá na hora de comprar um carro, não suporto mais táxi. - reclamei

- Quer que eu consiga um pra você?

- Para com isso, Michael. Você não vai roubar um carro. - o olhei rapidamente e ri de seu comentário.

- Eu não tava pensando em roubar. - deu um ênfase ao falar "roubar"

- Vou fingir que acredito. - ergo minhas sobrancelhas virando a cabeça para o outro lado até acenar para o taxi.

O carro parou e nos adentramos no veículo. Percebo que Michael estava meio apreensivo ao olhar para o motorista.

- Aconteceu algo? - falei baixo o puxando levemente para ficar mais perto de mim.

- Não, tá tudo bem. - Ele se nega rapidamente com a cabeça.

Me encosto no banco e acabei soltando um suspiro involuntariamente.

Observo que ele olhava pela janela do carro o movimento que estava lá fora. É bom que ele esteja querendo sair comigo, se não, seria difícil trazer ele para cá.

Não demorou muito para que nós chegássemos no "supermercado" que na verdade nem era tão grande assim. Saio do carro e paguei o motorista, ele pergunta se gostaria que o mesmo esperasse se não houvesse alguém querendo carona e eu aceitei e agradeci por sua simpatia.

- O que ele falou? - escuto a voz de Michael

- Ele disse que nos esperaria se não houvesse outras pessoas querendo o táxi. - falei pegando um carrinho e entrando no local.

- Por que ele esperaria a gente? - o tom de dúvida percebe-se na sua voz

- Não sei mas achei gentil de sua parte - o olhei de canto e os olhos do garoto estava fitado em algum lugar. - Parece incomodado, viu alguma coisa?

- Ele. - ouvi sua única palavra.

- Ele? - Repeti.

- O motorista. - parei e olhei para Michael que também estava me olhando. - Ele não parava de olhar pra suas pernas.


Who is saved? - Michael Langdon Where stories live. Discover now