Nine;

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Pode ser que ele tenha desenhado do lado errado... não quero me preocupar com isso.

- ____? - ouvi Michael chamar meu nome e deixo o papel em cima da escrivaninha e saio do quarto.

- Ah, eu só estava... - inclinei a cabeça para o lado apontando para o quarto e quando volto minha atenção a ele vejo que estava com um sorriso em sua face.

Ele me abraçou fortemente e eu fiquei sem entender o porquê dele ter feito isso

- Michael? - O chamei falando baixo.

- Espere só um pouco. - Ele me apertou em seus braços.

- Eu não consigo respirar - falei e o mesmo me soltou.

- Desculpe - vi a expressão agradável em seu rosto.

- Não, tudo bem. - acabei dando um sorriso

- Eu terminei de ajeitar as coisas, faltava pouco.

- Ah! obrigada, não precisava fazer isso sem mim.

- Você já 'tá fazendo demais por mim.

Abri um sorriso para o mesmo e acariciei seu rosto.

- Michael... - o tom da minha voz saiu lento e vejo que ele estava prestando atenção em mim atentamente. - Como você matou aquele cara?

Gostaria de saber como aquela pergunta saiu de minha boca, eu sei que ele fez algumas coisas mas não consigo acreditar que foi ele que colocou fogo naquele carro.

- Eu não sei bem... apenas fiz aquilo. - Ele falou calmamente.

- O que você sentiu quando fez isso? - levantei minhas sobrancelhas

- Senti uma raiva diferente. - Respondeu. - Eu não quero que alguém tenha má intenções com você.

Ele só queria me proteger...

- Tudo bem, Michael. - faço uma expressão agradável. - Vou fazer panquecas pra nós, vem - fiz um gesto com a cabeça dizendo para me seguir até a cozinha.

Eu gosto do Michael. É algo que não consigo explicar direito, um sentimento tão estranho, na verdade, acho que "estranho" é até uma palavra fraca pra descrever o que é esse sentimento.

Está uma confusão na minha cabeça.

.

Termino de fazer as panquecas e as coloco em dois pratos. Michael me esperava sentado na cadeira com seus antebraços apoiados na mesa e suas mãos entrelaçadas, senti o seu olhar sobre mim quando estava cozinhando porém não me importei muito com isso

- Aqui está. - Coloquei o prato com a panqueca em cima da mesa e vou na geladeira pegar o suco que havia feito.

- Isso aqui tá ótimo. - Falou com um sorriso em seu rosto após colocar o garfo com a comida que fiz. - Pode me ensinar a fazer?

- Quer mesmo que eu te ensine? - rio soprado me sentando na cadeira ao seu lado.

- O que você quiser me ensinar eu aceito.

- Já que é assim, vamos assaltar um banco e fugir daqui. - disse enquanto provava a panqueca.

Cade aquela que hoje mesmo falou pra não roubar um carro?

- Não me leve tão a sério com o que falei. Vai que levo você pro mal caminho, não posso fazer isso -falei

- Se não podemos assaltar um banco, poderíamos fugir daqui. - Ele deu complemento a minha fala.

- Sim mas não teríamos um lugar pra ficar...

- Isso não importa muito... - coçou a nuca.

- Claro que importa, por que não? - perguntei e dei um gole de suco

- Se estou com você, tenho um lugar pra ficar.

Fiquei em uma situação embaraçosa com sua resposta.

- Você tem que parar de fazer isso.

- Parar com o que? - Perguntou confuso.

- De me deixar sem resposta. - revirei os olhos.

- Então você ficou envergonhada? - Observei seus olhos azuis me olharem ao fazer a pergunta.

- Não, é só que... - Droga. - Vamos deixar isso de lado.

- Eu queria saber, poxa.

- Para de querer rir, Michael.

Eu gosto tanto quando ele está feliz, e com esse sorriso no rosto. Prefiro ouvir sua risada do que seu choro, as vezes quando ele chora, me parte o coração.

Tenho que cuidar desse Michael e do pequeno Michael que está machucado bem no fundo de sua essência.

(...)

- Ei, vem cá. - o chamei com a mão sentada no sofá.

Ele veio e se sentou ao meu lado. Peguei o controle da TV e deixei no filme que estava passando porque pra escolher um, eu demoro um século.

Olhei para o loiro e ele estava atento ao filme. Peguei um puff para apoiar meus pés e me afastei para o canto direito do sofá.

- Deita aqui. -  dei batidinhas na minha coxa insinuando para ele deitar.

- Não precisa, o- o interrompi.

- Deixa coisa, deita aí.

Ele apenas obedeceu e deitou em minha coxa, ainda bem que o sofá era grande o suficiente, esse garoto de 1,80m é complicado.

Estava fitada na televisão até desviar e olhar para baixo e ver Michael. Coloquei minha mão sobre sua cabeça e fiz um leve cafuné em seus cabelos loiros.

Ao olhar para ele, fico pensando...

Sei que ainda fica frustrado com relação a sua vó, sua mãe e também o seu pai, ou também pelo fato de não ter sido acolhido como deveria e ensinado a não fazer coisas erradas. Mas eu já percebi... que essas coisas que o Michael faz, é de nascença.

Ele só deve saber como usar esse dom que foi concedido a ele desde sempre. Deve ser bastante complicado, aliás, eu só vi poucas coisas até agora.

Ainda há um Michael no fundo que se sente solitário e que tem medo de si mesmo, e medo de machucar a pessoa que ama sem querer.

Ele não é um monstro.

Você não é um monstro.

Eu sei que você acha que é isso e não quer se expor pra mim... não quer se mostrar vulnerável, mas estou tentando fazer você perceber que você é mais do que imagina.

Who is saved? - Michael Langdon Where stories live. Discover now