A Montagem

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Amora

Assim que a moto para em frente ao meu portão de casa eu sinto uma nostalgia, é como se já tivesse sentindo a falta dele, tiro o meu capacete e sem que João perceba dou uma fungada em sua roupa, tentando guardar na mente o seu cheiro, para recordar mesmo quando estivermos distantes.

Desço da moto e ele também o faz em seguida, dá uma olhada para a minha casa e respira fundo.

— Quer que eu vá com você encarar os leões?

— Não precisa, eu sei lidar com eles, na verdade, é provável que não tenham ao menos sentido a minha falta, só os seguranças devem estar doidos. — Coloco o capacete pendurado na moto, e volto a atenção para ele. — Essa é uma das vantagens de ser invisível. — Brinco.

— Vá por mim, você é tudo menos invisível.

Decidida a implicar com ele, passeio os meus dedos pelo seu peitoral, ele os acompanha com o olhar e então aproximo o meu corpo ao seu, nossas bocas niveladas e ofego rente a ele que me olha de forma intensa.

— Eu acreditei que eu não fizesse o seu tipo.

— Corre sangue em minhas veias, senhorita doce bailarina, se continuar me tocando... — A sua voz morre quando desço os meus dedos para o seu quadril, serpenteio o cinto de sua calça.

— O que vai fazer se eu continuar te tocando?

— Amora...— Ele sussurra, mas permanece estático, desvencilhei-me dele e lhe dou as costas indo em direção a minha casa.

— Fraco. — Disparo e então de imediato sinto a mão segurar a minha nuca exposta, o corpo másculo me agarra por trás e o roçar de seu sexo duro em minha bunda.

— Você não deve temer a minha ação, e sim, o meu silêncio. Não me tente se não for lidar com as consequências.

— E se eu quiser lidar com as consequências? — Sussurro com os olhos fechados, totalmente excitada.

— Não vai, você ainda é a menina que tem de chegar às duas da manhã em casa. — Diz ele, semicerrando os olhos e encarando-me por um segundo, talvez esperando que eu me defenda, mas o que posso dizer, afinal esta sou eu, um fantoche dos meus pais.

— Boa noite, senhorita doce bailarina.

Eu fico imóvel vendo-o ir embora em sua moto, e mais do que nunca as palavras de João ecoam na minha cabeça "talvez precise provar para si mesma que não é um pássaro em uma gaiola."

Vou para dentro de casa e como o premeditado, não há ninguém me esperando nem mesmo para me dar uma bronca por sumir sem deixar rastro.

Subo as escadas, e já dentro do meu quarto tiro o meu vestido, ainda de calcinha e sem sutiã, pego os meus fones via Bluetooth e coloco "Earned it" no último volume, chuto fora as minhas sandálias e rapidamente entro em um par de coturnos de salto de 10 centímetros.

Encaro-me no espelho da minha parede, solto os cabelos, e conforme a batida começa eu serpenteio as mãos pelos meus quadris tocando-me, vaguei o olhar pelo meu corpo seminu no espelho.

Não quero perfeição, nada de passos perfeitos, quero sentir.

You make it look like it's magic (oh, yeah)

Você faz parecer que é mágica (oh, yeah)

'Cause I see nobody, nobody but you, you, you

Porque eu não vejo mais ninguém, ninguém além de você, você, você...

Desço até o chão, encarando-me no espelho sem parar, na batida sensual da música abro e fecho rapidamente a minha perna esquerda, dou duas reboladas e giro o corpo ao mesmo tempo, em que elevo os braços "você desafia a gravidade" lembro-me da frase que João disse.

Presa ao CEO (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now