ɪ ᴅᴏɴ'ᴛ ᴄᴀʀᴇ | ɴᴀᴛᴀsʜᴀ ʀᴏᴍᴀɴᴏғғ

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Pedido de mirsblack. Espero que goste!


Não era de se duvidar que não era do feitio de Natasha Romanoff se apaixonar e muito menos engajar em um relacionamento propriamente assumido. 

Natasha possuía um espírito livre e adaptável que fazia com que ela não demonstrasse sentimentos ao primeiro momento. Eram exatamente nesses momentos de reflexão total que a mente de Romanoff retornava alguns anos no passado, para o seu pesadelo obscuro denominado Sala Vermelha, fazendo-a estremecer perante as lembranças perturbadoras. A ruiva havia ouvido de alguém lá dentro que pessoas como ela — uma espiã e lutadora assassina, treinada apenas para cumprir missões que lhe foram designadas — não tinham tempo para o amor. Então, desde sempre, Romanoff achava que aquilo era o certo e limitava a si mesma aos flertes com os colegas de trabalho e afins, nunca realmente abrindo uma brecha para seu lado amoroso que muitos achavam ser inexistente.

Ademais, havia algo em S/N que fez com que a ruiva fosse contra toda a sua teoria de relacionamentos que ela havia criado para si mesma, que resumia-se em sempre manter o seu lado sagaz e tentador acima de todos os outros sentimentos. Natasha era uma amante nata de provocações — uma pessoa cínica e sacana, assim por dizer, que gostava mesmo era de atiçar e fazer com que todos os olhares se dirigissem a ela embora a mesma não se importasse com nenhum deles. Apenas obter a plena certeza de que ela era capaz de desconcentrar quem quer que fosse com as suas investidas cínicas e a sua arte dos flertes era o suficiente. Esse era o super poder secreto de Natasha Romanoff.

S/N S/S, agente e espiã que integra o grupo dos Vingadores originais e que, possuindo as mesmas habilidades que Natasha, sempre acabava por acompanhá-la nas divisões durante as missões, podia ser facilmente descrita como o oposto de Romanoff. S/N era uma mulher frágil para o amor, muitas vezes considerada uma pessoa "trouxa" quando o assunto era paixões e escolhas amorosas. Sua personalidade levemente carente entrava em total contraste com a de Romanoff; enquanto uma estava sorrindo, a outra queria assassinar meio mundo. Enquanto uma ria em meio as dificuldades, a outra acionava o seu lado vingativo e implacável.

Ao primeiro momento, Natasha não soube exatamente como reagir às demonstrações de afeto e adoração por parte de S/N. Essas demonstrações eram repentinas e novas para a ruiva e, mesmo que ela não gostasse de admitir, elas despertavam certa sensação estranha dentro do sei peito, a qual ela nunca ousara sentir antes. Natasha nunca comentou isso com S/N, afinal; na verdade, ela preferia demonstrar isso, como por exemplo fazendo questão de ficar no mesmo cômodo que a mulher e de ser enviada para as mesmas missões na companhia da mesma — mesmo que isso lhe acarretasse diversas discussões com o restante da equipe.

A predominância das noites abafadas em Nova York entregavam a vinda do verão nesse lado do hemisfério, onde o movimento nas ruas aumentava assim como nos bares e restaurantes espalhados pela cidade. Naquela noite em especial, os Vingadores já tinham planos em mente: eles iriam sair para aproveitar a temperatura amena após o longo e rigoroso inverno nova iorquino em um ida a um dos bares mais famosos a cidade, como uma forma de se divertir e relaxar após as missões exaustivas e pesadas.

Surpreendentemente, Natasha recusou o convite dos amigos, o que fez com que todos estranhassem esse seu comportamento repentino. Porém, a explicação surgiu logo depois: após a última missão do grupo em uma região do outro lado do país, a mudança drástica de pressão e temperatura fez com que a imunidade de S/N ficasse propícia a um resfriado, que acarretou um mal estar súbito na mesma. Em condições normais, Natasha nem ligaria para isso; porém, no momento, ela simplesmente sentiu que o certo a se fazer era ficar ali, cuidando de S/N — embora isso lhe custasse grande parte da paciência que Natasha não possuía.

Adentrando o quarto de S/N enquanto segurava uma garrafa de água em uma das mãos e lenços de papel na outra, Natasha logo percebeu o emaranhado de lençóis sobre a cama, onde S/N jazia imóvel por baixo de camadas de tecidos fofinhos. Romanoff nem se surpreenderia se ela estivesse morta naquele momento.

— Todos já saíram. — Natasha chamou a atenção de S/N, ao que a mulher remexeu-se preguiçosamente na cama. Pelo menos viva ela estava.

S/N retirou o lençol que cobria o seu rosto e olhou para Romanoff, franzindo o seu nariz vermelho por causa dos espirros enquanto resmungava palavras indecifráveis.

— Vai morrer asfixiada aí embaixo. — a ruiva alertou, em um misto de ameaça e preocupação.

— Obrigada, mãe. — S/N respondeu, sua voz soando anasalada por causa do resfriado.

— Não começa.

— Desculpa, amor.

— Não estamos namorando. Sequer podemos chamar isso de relacionamento. — Natasha largou a garrafa de água por sobre a cômoda ao lado da cama, virando de costas logo em seguida.

— Então por que você está aqui e não se divertindo com o restante da equipe? — S/N questionou, erguendo minimamente a sua cabeça para visualizar Natasha por inteiro.

Natasha revirou os olhos de modo tedioso. Mesmo em seus últimos suspiros, hiperbolicamente dizendo, S/N continuava a mesma mulher irritante que Romanoff ainda recusava-se a acreditar que nutria algum sentimento sobre.

— Arcaria muitas consequências se uma vingadora morresse sozinha dentro do complexo. — Natasha respondeu, simples, começando a caminhar em direção a janela trancada do cômodo.

— Se isso foi uma ameaça, eu não me importo. — S/N respondeu, afastando os lençóis de perto do seu rosto até a altura da sua cintura. — Não abre a janela!

— O ar precisa circular nesse cômodo, S/N. — Natasha respondeu, ignorando os protestos da outra mulher. A ruiva destrancou a janela e abriu uma pequena fresta da mesma, espiando para fora na direção da escuridão densa do terreno imenso do complexo.

— E se alguém resolver entrar aí? — S/N questionou, esticando o seu torso na direção da cômoda onde os lenços de papel jaziam a sua espera.

— Vou pedir pra que te levem para bem longe daqui. 

— Natasha!

— Eu vou ficar aqui com você. — Romanoff virou-se na direção de S/N, que parecia tão inofensiva deitada sobre a cama coberta de lençóis embora a temperatura não estivesse lá tão fria assim. A mulher já havia sido devidamente medicada, ou seja, Natasha não podia fazer nada além de fazer companhia para S/N.

— E se você ficar resfriada?

— Eu não me importo.

— Por quê?

— Não me faça perguntas difíceis, sua insuportável.

S/N sorriu, escorando o seu braço por sobre o travesseiro enquanto apoiava a lateral da sua cabeça sobre a sua mão, encarando Natasha de longe.

— Também te amo.

Natasha bufou e virou a cara, quase que em um gesto de ofensa. Entretanto, o sorriso admirado que prostrou-se em seus lábios após a fala de S/N entregou tudo.


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