Imagine Carl (Parte 3 - Final)

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Avisos: Menções a assédios, Violência, trauma.

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A raiva borbulhava dentro de mim junto ao nojo do meu próprio corpo naquele momento. Nunca pensei que uma pessoa tão amável que conhecia a bastante tempo poderia fazer algo assim, mesmo tentando tirá-lo de mim o garoto insistia e isso me deixava com uma ânsia ao relembrar.

— Ei, ei! O que aconteceu? - uma mão foi colocada no meu ombro me fazendo saltar para trás com medo do toque, olhei para cima e vi um homem que era como um pai pra mim.

— Eu... Eu... - as palavras não saiam e vi o homem se aproximando de mim devagar, como se estivesse com receio de me assustar mais ainda. Me inclinei e recebi sua mão de bom agrado na minha cabeça em um carinho terno, me puxando para um abraço.

Estar com aqueles braços quentes me segurando, mostrando segurança para mim e me acalentando fizeram com que tudo que estava suprimido saísse, não deixei o garoto saber, mas ao meu "pai" não esconderia nada, minhas mãos e pernas tremiam e soluços escapavam por conta do choro que agora não escondia mais.

— O que foi que aconteceu?? - o homem mais uma vez perguntou, meu medo era maior do garoto tentar se fazer de vítima ou ninguém acreditar em mim quando contasse, já que o Carl era querido por todos.

— Podemos sair daqui? Eu estou com medo... - com um pouco de luta consegui proferir essas palavras e senti braços passando por minhas coxas, me colocando no colo dele e me levando embora daquele lugar.

(...)

— Pode me dizer agora o que ouve, garota? Ou você quer que eu chame o Rick? - por mais que quisesse desmascarar o garoto, ainda não queria encarar o pai dele então me contentaria em contar ao Daryl antes de me encontrar com o pai do meu assediador.

— Daryl... Lembra daquela vez quando estávamos em uma busca e acabamos nos encontrando com aqueles caras que tentaram abusar de mim? - já sentia as lágrimas chegando aos meus olhos novamente mas eu tinha que ser forte e contar tudo para ele, o que o Carl tinha feito foi ativar novamente o meu trauma daquele dia.

O homem é minha frente estava com um semblante raivoso, sabíamos muito bem que ele lembrava daquele dia, o dia que ele me salvou e me ensinou a me defender daquele tipo de gente. Olhei para baixo e vi que seus punhos estavam cerrados, eu sabia que tinha que falar a verdade para ele, não ia ficar escondendo safadezas do Carl.

— Eu... Eu me defendi como você me ensinou aquele dia, não quero mais ficar com ele... - pelas minhas palavras dava para saber a quem eu me referia, observei olhar chocado do homem e me encolhi na cama, o que eu tanto temia aconteceu, será que ele não acreditava em mim? Abracei meus joelhos e me encolhi na pequena cama de solteiro da cela.

— Desculpe... - o pedido foi feito baixinho, senti mãos tocando em meus braços e me encolhi mais ainda.

— Do que você está se desculpando, garota? Não vai me dizer que pensa que a culpa é sua? Que idiotice! - me abraçou mais uma vez e me senti segura nos braços dele.

— Ele tentou me forçar a fazer aquilo com ele, eu não queria... Eu não queria... Não queria... - minha voz foi ficando cada vez mais cansada, eu não aguentava aquilo, queria esquecer que o menino que eu mais confiava tinha feito isso comigo... Meu olhos ficaram pesados até que dormi nos braços quentes que me acalentavam.

(...)

Sussurros me acordaram no meio do cochilo que dei, olhei em volta e não vi ninguém, então tinha que ter vindo do lado de fora da cela.

— Está me ouvindo, não é? Se ele chegar mais uma vez perto dela, eu vou bater tanto nele que você não reconhecerá mais seu filho. - vi duas sombras se formarem por conta do possível por do sol que estava acontecendo.

— Os socos que você deu no menino já devem ter dado um aviso, não posso dizer que não teria feito o mesmo... Eu não criei aquela criança pra fazer uma coisa dessas. - no momento que ouvi brevemente a conversa, percebi qual era o assunto.

Já que o motivo da conversa era minha pessoa, limpei o rosto das lágrimas e sai da cela dando de cara com os dois. Fiquei ao lado de Daryl e encarei o pai do menino, que viu o estado que estava.

— Olhe, S/n... Ele não vai mais fazer isso com você, ok? - Daryl falou baixinho do meu lado, segurando minha mão.

— Isso mesmo, eu não deixarei ele fazer isso com mais ninguém, me desculpe pelo comportamento do meu filho, não deixarei ele chegar perto de você pois pelo visto o garoto não sabe se controlar e vai ser castigado severamente por isso. - vi em seus olhos que estava sendo sincero, não falei nada só acenei com a cabeça e apertei a mão do maior que ainda estava tenso.

— Vamos comer algo, você dormiu por muito tempo. - puxou minha mão em direção ao local onde o pessoal se reunia para comer, não tinha muita coisa pois já estava tarde mas ainda sim minha barriga roncou ao ver o restinho de sopa que tinha.

— Os leões estão com fome, baixinha? - meu rosto esquentou na hora, não pensei que meu estômago faria um barulho tão alto, apenas concordei com a cabeça e fui rapidamente em direção a panela de sopa.

— Deixe um pouco pra mim, heim?

— Pensei que só gostasse de comer esquilos! - vi sua cara de indignado e sorri, uma gargalhada que sabia que precisava dar a muito tempo. Escutei um suspiro alto sair dos lábios de Daryl e fiquei confusa só pra ver o motivo, a poucos metros de nós estava o causador de toda essa confusão, um sorriso surgiu em meus lábios ao ver o estado do rosto do garoto, seu lábios cortados e os roxos de seus olhos me deixaram felizes já que eu sabia quem tinha ido defender minha honra daquela forma.

— Vamos comer, Daryl!!! - segurei a mão dele o troando daquele lugar, dando as costas ao menino que um dia confiei.

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