𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁𝑜 𝑜𝓃𝓏𝑒

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❂Mayse Mancini❂

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Mayse Mancini

Paro na frente da porta da minha casa e suspiro, isso vai ser difícil, mas é necessário. Abro a porta lentamente e ouço as vozes dos meus pais no quintal. Caminho até lá e vejo que os dois estão rindo e conversando sobre algo. Toda a conversa e risada cessam quando eles me olham.

- Posso saber onde você estava? - minha mãe me olha furiosa.

- Tentando ajudar o John B. - desvio meu olhar para o meu pai. - Ele está vivo.

- E você já sabia disso? - meu pai me olha.

- É claro que ela sabia. - minha mãe me olha. - Soube fingir o luto muito bem.

- Eu não fingi nada! Eu fiquei sabendo um pouco antes de irmos para Charleston. E foi por esse motivo que todos nós fomos para lá. Tentar achar provas para inocentar o John B. - paro um pouco e suspiro. - E por isso que eu estou aqui. Eles querem executá-lo por um crime que ele não cometeu. Mãe, eu preciso de você mais do que nunca.

- Nem pensar. - ela se levanta. - Eu não vou defender o assassino da Susan! - ela caminha para perto de mim. - Nós duas crescemos juntas, ela foi como se fosse a minha irmã. Lutamos muito para chegar onde nós chegamos, e para que? Para um adolecente ir lá e tirar isso dela em segundos?

- Eu estou te jurando que não foi ele. Confia em mim!

- Você some por dias, que por sinal, é tudo culpa deles. - ela começa a caminhar lentamente de um lado para o outro. - Não dá nenhum sinal de vida, volta imunda para casa. Faz quantos dias que nós não temos uma reunião em família? Ah é, verdade... Desde o primeiro furacão! E só tivemos, porque éramos obrigados a ficarmos dentro de casa. Você não me conta nada! E quer me pedir um favor ainda?

- Você não confia em mim! Como vou te falar alguma coisa?

- Tudo que acontece na sua vida, é em torno daqueles meninos. Tudo! Desde sempre. Pensei que aquele tempo afastada iria mudar alguma coisa, mas parece que só piorou.

- Tem muita coisa acontecendo, muita coisa ruim. E eu nunca pude contar com você. E sempre que tento fazer isso, você se recusa.

- Você sempre colocou eles acima de tudo! - nesse momento ela já está gritando. - É como se a gente não existisse. - ela aponta para o meu pai. - Lutei tanto para poder te dar uma vida melhor e o que você faz? Joga tudo no lixo pra ficar perto daqueles... - ela para de falar.

- Daquele o que? Eles são meus amigos! E eu sei, que se fosse eu na posição de John B, eles fariam o mesmo. Você também é uma de nós.
- Não! Não me compare com esses pogues.

- Meu pai nunca te olhou de uma forma preconceituosa, que nem você olha para os meninos. Ele apenas te aceitou e ficou do seu lado. Parece que se esqueceu disso.

- Sim, me esqueci! Porque eu não pertenço a esse mundo sem futuro.

- Acho que as duas devem se sentar e se acalmar. - meu pai tenta pegar na mão da minha mãe, mas ela se afasta.

- Não, você já passou a mão na cabeça dessa menina demais. Agora já chega! - ela caminha para perto de mim. - Escolhas têm que serem feitas, Mayse. E não dá para fugir delas. Ou você é uma de nós ou uma deles, não dá para ser as duas coisas.

O silêncio predomina entre nós três. Não posso simplesmente escolher entre eles ou os meus amigos. Não posso escolher virar as costas para nenhum deles. Eu e minha mãe ficamos nos olhando até ela suspirar.

- Você já escolheu, você escolheu a muito tempo. - ela passa por mim e começa a subir as escadas.

- Mãe? - grito e começo a andar atrás dela. Ouço os passos apressados do meu pai atrás de nós duas. - Mãe, tá fazendo o que? - ela abre o meu guarda-roupa e começa a tirar as minhas roupas.

- Quer ser como eles? Então seja, mas bem longe da minha casa!

Suspiro e pego minha mochila e coloco o máximo de roupa que cabe nela. Ouço meu pai falar alguma coisa, mas não presto atenção. Termino de fechar a mochila e olhei uma última vez para a minha mãe antes de sair do quarto.

Meus olhos estão ardendo por causa das lágrimas, mas me recuso a chorar na frente da minha mãe. Abro a porta da frente e saio andando o mais rápido que consigo.

- Filha? Filha, volta aqui. Vamos conversar. - paro e me viro para o meu pai. - Vamos voltar para dentro e conversar civilizadamente.

- Não dá para conversar com a minha mãe, pai.

- Se você prometer que irá ficar e obedecer as regras, ela...

- Não posso prometer uma coisa que não vou cumprir. - meu pai fica em silêncio. - Não vou virar as costas para nenhum deles. E isso não é só pelo John B, é pela Susan também. A justiça merece ser feita, e ela vai!

- Eu não posso te proteger se você estiver longe de mim.

- Nem tudo o senhor pode arrumar para mim. - ele concorda e abaixa a cabeça. Posso ver de longe que seus olhos estão cheios de lágrimas, assim como os meus. - Quando o senhor me deu as chaves do carro, me perguntou se eu saberia lidar com as consequências, acho que essa situação é uma delas. A conta chegou. Sinto muito por te decepcionar.

Me viro e começo a andar novamente, agora sou literalmente uma sem teto. Espero que a casa de John B tenha espaço o suficiente para tanta gente. E espero que a Kiara tenha tido mais sorte que eu com os pais dela.

A brisa da noite pega meu corpo em cheio, passo minhas mãos pelos meus braços tentando me esquentar. A caminhada até a casa de John B é longa. O barulho de carro chama a minha atenção, mas continuo a minha caminhada lenta. Vejo que o carro está parando lentamente e paro de andar também. O vidro do carro se abre revelando Topper.

- Não é tarde demais pra uma Kook ficar andando sozinha por aí?

- Não é tarde demais para você vir encher o meu saco? - ele me olha como se estivesse ofendido.

- Quer uma carona?

- O que você ganha com isso? - ele bufa e desvia o olhar de mim.

- Você sempre foi legal comigo e nesse momento, parece que você precisa de ajuda. - ele me olha novamente.

- Eu já apontei uma arma para você. - ele dá de ombros. -Não sei se estou convencida.

- Vai querer a carona ou não? - desvio meu olhar e vejo que ainda falta muito para a casa de John B. Suspiro e faço a volta no carro e entro. - Eu sabia que iria aceitar.

- Não sou sua amiga por aceitar a carona.

- Relaxa, princesinha. Só estou sendo gentil. - apenas concordo e relaxo meu corpo no carro. - Você tem notícias da Sarah?

- É claro que não é nada de graça. - olho para ele. - Quer saber por que?

- Você sabe que me preocupo com ela, só quero saber como ela está.

- Uma merda. Todo mundo está uma merda com o que está acontecendo.

Ele apenas concorda e fica em silêncio.

➮ Novos planos • Outer BanksWhere stories live. Discover now