Guerra

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O último dia que vi meus pais, estavam sendo levados para um massacre em frente de nossa casa, na mesma rua que eu brincava toda tarde com meus amigos. No primeiro lugar que chamei de lar um dia.

Um dia antes...

— Sasuke! Venha, o almoço está pronto. — A mulher de cabelos castanhos me chamava na porta, peguei meu carrinho e corri para dentro de casa, o cheiro de peixe fez minha boca salivar, joguei os chinelos para longe, fui até uma bacia com água e lavei as mãos sujas de terra. — Ei, ei me deixe arrumar essa cabeleira, mocinho. Amanhã vou pedir uma tesoura emprestada para cortar esse seu cabelo.

— Obrigado, mamãe. — Sorri animado, meu cabelo passava dos meus ombros em tamanho, meus pais simplesmente estavam ocupados demais para cortá-lo. — Disseram que pareço uma menina...

— Não diga bobagens, filho. Você é o menino mais lindo que já vi. Mas vamos comer agora antes que fique frio. — nos sentamos na mesa para comer, havia menos comida no prato dela do que no meu. — Seu pai vai almoçar no trabalho.

— Então pegue mais um pouco pra senhora! — ela deu um sorrisinho, mas balançou a cabeça em negação dizendo que já estava cheia. — Mamãe.

— Sim, meu querido?

— Um dos meus amigos disse que a guerra vai chegar aqui. — o olhar dela mudou repentinamente, parecia que uma preocupação imensa a atingiu. — O que é guerra?

Minha mãe respirou fundo limpando os cantos da boca com um pequeno pedaço de pano, ela encarava a comida como se estivesse pensando em uma resposta adequada.

— A guerra... são o que as pessoas fazem para se machucar, muitas vezes por motivos egoístas.

Então seria egoísmo fazer uma guerra para vingar a morte dos meus pais?

[ ... ]

Ouvi os gritos da minha mãe, ela apareceu em nosso quarto desesperada me pedindo para acordar, ela mexeu nos armários e tirou algumas peças de roupas. A partir daquele momento pude ouvir explosões e gritos se aproximando, minha mãe tirou as roupas que eu usava e me pôs um vestido branco que eu nunca havia visto, ele ficava um pouco grande em meu corpo, ela soltou meus cabelos antes de segurar nos meus ombros e me encarar com a respiração ofegante.

— Filho, me prometa que não importa o que aconteça, você não irá abrir a boca. — os olhos dela começavam a se encher de lágrimas. — Você entendeu? Não fale com ninguém, não responda perguntas!

— Mãe... o que tá acontecendo? — o medo tomava conta de mim a cada segundo. — Por você diz isso?!

— Se ouvirem sua voz, vão saber que você é um menino então fique calado! Jamais abra sua boca em hipótese alguma, prometa isso para sua mãe.

Apenas assenti como ela pediu, aquilo mexeu com minha cabeça, estava tudo confuso, porém as palavras dela cravaram em minha mente de uma forma dolorosa. Depois, saímos correndo de nossa casa até chegarmos no portão do vilarejo, havia uma carroça com porcos aguardando, minha mãe me colocou junto com eles, ela me deu um abraço forte enquanto chorava.

— Mamãe você não vem? E o papai?

— Não se preocupe, Sasuke... vamos estar com você para sempre.

Antes de partir, ela me deixou um anel, eu não sabia ler o que estava escrito dentro da pedra vermelha que estava cravada na jóia, minha mãe pediu para guardar como se fosse minha vida e assim eu o fiz. A carroça começou a andar e vi a imagem da minha mãe ficando cada vez mais distante, os porcos faziam um barulho assustador, eram o dobro do meu tamanho e o vestido começava a ficar sujo por conta da lama no piso da carroça.

Eu sequer imaginava para onde estava indo, ou se ia voltar, nem mesmo sabia do porquê estar partindo sem meus pais. Enquanto estávamos na estrada que ficava na pequena montanha, pude ver nosso pequeno vilarejo ser tomado por chamas, um pouco mais à frente, meus amigos, meus pais, e meus vizinhos, todos em uma fila esperando pela morte. Eu ainda estaria lá se não fosse por minha mãe.

Morrer com eles seria menos doloroso do que viver sozinho...

Bom, eu também pensei nisso no início.

O Barão - ItaSasuWhere stories live. Discover now