Toques

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“Ei, você está acordado?”

A voz distante, o toque suave da ponta do dedo indicador sobre sua bochecha o fez despertar subitamente do sono, a visão embaçada e o canto dos pássaros eram tão familiares quo o fazia se sentir aconchegado naquela atmosfera. O céu completamente azul, limpo, como a brisa que corria entre suas roupas e agitava a vegetação ao redor de si.

“Por que você estava dormindo? O dia está lindo, Sasuke!”

Não havia ninguém sobre aquele gramado além do menininho de cabelos arrepiados, aquela voz ficava mais próxima, dizendo coisas desconexas ao ponto que sua mente começou a rodopiar, se sentia no olho de um furacão; dando voltas e mais voltas, mas ainda assim, sem sair do lugar. E de repente tudo ficou em silêncio, as árvores não se moviam com o vento, os pássaros haviam sumido. Até que um estalo veio.

— O que você está fazendo?

Com o mesmo rosto de anos atrás, e o mesmo olhar curioso seria impossível de não reconhecê-lo. As orbes grandes e o sorriso gentil, pareciam brincar com seu coração que acelerava gradativamente, aos poucos ele se aproximava, unindo as pontas dos narizes pequenos. Era um ato bobo, que o fazia querer rir, era reconfortante a sensação de estar com o mais velho alí, sentia que ninguém no mundo podia alcançá-los. Como um laço invisível que os interliga de alguma forma, predestinados a sempre sorrirem ao lado um do outro.

— Eu cumpri a promessa, somos só nós dois agora... Para sempre.

Tudo se escureceu em um piscar de olhos, a brisa desapareceu, apenas um frio tomava conta de seu corpo que agora se movia lentamente por conta da sonolência. Sasuke abriu os olhos, e ao invés de ver o céu azul de alguns segundos atrás, fitou apenas o teto de madeira clara do seu quarto. As cortinas fechadas e o silêncio diziam que ainda estava de madrugada, e seu sonho não passava de um simples sonho, no qual seu cérebro tentava de alguma forma reconfortá-lo por ter crescido sozinho e com a esperança que um dia teria uma tarde perfeita com um certo garoto de cabelos longos, e um olhar cheio de compaixão. Sasuke suspirou demoradamente, sentia uma ponta de frustração por ser apenas um sonho, mas ao mesmo tempo estava feliz por sentir aquela breve sensação de ter a companhia do mais velho.

Três dias se passaram desde então, a correria na mansão apenas havia começado, com o inverno cada vez mais forte, o jantar de noivado se aproximava, e a cada dia mais imprevistos também entravam no caminho da família Uchiha, como se o próprio universo quisesse impedir aquele casamento. Porém nem mesmo o universo abalava a força de vontade de Madara, que por cima de paus e pedras iria findar o acordo de posses, nem que fosse preciso retirar da sua frente quaisquer obstáculo ou distração. Mesmo que não o envolvesse diretamente, ele ainda tinha influência na maioria das pessoas naquela casa; incluindo a família do Hatake.

Em frente do espelho, a mulher de cabelos loiros ajustava cuidadosamente suas jóias e colares, o batom vermelho destacava sua pele clara, o vestido exuberante com um tecido nada modesto entregava que a mesma estava se preparando para se encontrar com alguém importante, bom, seu marido poderia se considerar importante. Tsunade respirou fundo fitando sua imagem pela última vez antes de se levantar daquela penteadeira, caminhou até a porta de seu quarto mas antes de sair, olhou para o interior do cômodo uma última vez apenas para verificar se havia esquecido de algo, ou talvez, no fundo não quisesse sair dali tão cedo para enfrentar o alvoroço que a mansão se encontrava.

— Tenha um bom dia, Tsunade-Sama. — Shizune fez uma reverência, antes de voltar a se dirigir à mulher. — Kakashi-Sama está aguardando a senhora no salão.

— Obrigada. — Respondeu desanimada. — Pode me acompanhar até lá?

A serviçal assentiu prontamente, seguindo sua superior pelos corredores que se encontravam um caos, empregados pra lá e pra cá carregando caixas e mais caixas de decorações que sabem lá onde iriam ficar. Madara com certeza iria adiantar o casamento antes da data prevista, pois era notável pelos preparativos exorbitantes que estavam chegando na mansão. Tsunade não se sentia confortável com aquilo, principalmente após seu filho adotivo ter se relacionado com Izumi nesse meio tempo, por agora teria que dar um jeito de afastar Naruto da garota, e é claro, afastá-lo do caminho de Madara que não enxotou o garoto para fora da mansão, pois o mesmo não tinha para onde ir sozinho. Seria uma tarefa difícil, a mulher rezava para todas as crenças possíveis que Naruto fosse compreensível e que acatase o pedido de seus pais adotivos.

O Barão - ItaSasuOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz