「Capítulo: Nove」

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— Andrew? — Minha voz finalmente saiu, ridiculamente baixa.

— Por favor — Ele deu um passo à frente, seus olhos brilhavam e seu rosto suplicava por algo — Qual é o seu nome?

Após isso, vi duas linhas descerem de seus olhos, escorrendo por toda a sua bochecha. Cerrei os punhos, tentando extrair um pouco de coragem daquilo que restava de mim.

— Pietro — Gritei caso ele não estivesse ouvindo, me forçando a parar de chorar, o que foi um pouco em vão — O meu nome é Pietro Rossi, seu idiota!

Ele apenas parou, surpreso enquanto me olhava fixamente. Mais e mais lágrimas caíram de seus olhos, como se não pudesse acreditar no que estava vendo.

— Eu estou aqui, Pietro — Ele se forçou a sorrir naquele momento, aquele velho sorriso de uma criança que tinha acabado de ganhar doces — Eu estou...

Antes que ele pudesse sequer terminar a frase, eu permiti que meu lado sentimental assumisse controle de tudo e corri para abraçá-lo. Enquanto o abraçava, ouvi o livro cair no chão, depois algumas páginas passando rapidamente com o vento. Ele me abraçou de volta após um tempo. Suas mãos trêmulas tocando minhas costas doíam como se ali estivessem sendo cravadas pequenas lâminas, perfurando mais e mais à medida que o garoto soluçava contra o meu peitoral.

— Por favor... Me diga que isso não é um sonho — Ele disse um pouco abafado — Eu não vou conseguir acordar sem você aqui.

Aquelas palavras me atingiram como um tiro. Com certeza, isso teria sido a coisa mais cruel que minha mente poderia fazer. Posso ter sonhado com esse dia várias vezes, mas nenhuma teve tantos detalhes.

— Não é um sonho, Andrew — Falei após juntar um pouco das minhas forças.

Sem falar mais nada, ele apenas chorou, se consolando em meus braços. Respirei fundo, juntando novamente forças para levar minha mão até seus cabelos. Ao sentir novamente os seus macios cachos, lhe fiz um cafuné, tentando fazê-lo parar de chorar.


Percebi que fui egoísta ao pensar que era o único que sentia saudades. Agora sei que não fui o único também a pensar que tudo não se passava de uma brincadeira de mal gosto da minha mente, apenas um mero sonho. O seu toque continuava caloroso, mas agora o pequeno cabia por inteiro em meus braços. Percebi que nesses quatro anos eu cresci demais em comparação a ele. Quatro anos...

— Desculpe por ter ido para Itália — Estas palavras apenas saíram da minha boca, sem pensar muito.

— Você está aqui agora, é isso que importa — O tom da sua voz parecia um pouco mais calma.

Dei uma gargalhada, sentindo um enorme alívio e com isso, chorando mais um pouco.

— Eu sabia que você falaria isso — Comentei sorrindo entre algumas lágrimas — Você não mudou nada, Andrew.

— Você também não... Apenas cresceu como uma árvore — Ele disse ainda um pouco abafado, então tirei minha mão de seus cabelos e o soltei um pouco, lhe dando mais espaço. Porém o pequeno não se moveu do lugar — Falei para não crescer tanto, idiota.

— Realmente... Você continua pequeno, como sempre...

Ele me deu um tapa leve nas costas, acredito que era para ser forte.

— Mas a sua voz mudou um pouco. — Comentei rindo e abaixando um pouco a cabeça, sentindo o cheiro de amêndoas de seus cabelos.

— Eu cresci bastante nesse tempo, também tenho barba, apesar de odiar ela.

Sunlight: O Encontro do Sol e da LuaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora