「Capítulo: Treze」

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— Vem cá — Disse chamando a atenção de Connor — Açúcar e Jazz foram realmente a sua aposta para diminuir a nossa vontade de te matar?

— Talvez... Pelo menos você não parece mais alguém que irá me estrangular com as próprias mãos — O professor se levantou do piano, pegando uma pequena caixa de cigarros que estava no bolso interno do seu blazer preto — Bem... Como foi o seu primeiro dia de aula, Pietro? — Ele perguntou me oferecendo um cigarro.

— Em qual sentido? — O refutei pegando um dos cigarros. Ele era um bom observador.

— Comente sobre as suas aulas e os seus colegas de classe, primeiro — Connor disse retirando um cigarro da caixa e a guardando.

— Foi tudo normal... Eu acho.

— Só isso? — Ele colocou aquela cigarrilha entre os lábios e pegou um isqueiro.

— Já havia conhecido o colégio e as aulas foram bem chatas, então até aqui está tudo no seu lugar. Mas eu conheci muita gente hoje. Normalmente, eu mal faço amigos nos lugares, acredito que seja algum tipo de energia que o Harry transmita.

Connor acendeu o isqueiro e o aproximou de mim. Com aquela cigarrilha entre o dedo do meio e indicador, a aproximei daquela chama e levei o cigarro em direção aos lábios após um tempo. Connor apenas aproximou o isqueiro do seu cigarro e o guardou em seguida. Acredito que já faz quatro dias que fumei pela última vez, então estava suplicando por esse cigarro. O homem, antes de soltar a fumaça pela primeira vez, abriu janela para que aquela brisa levasse consigo o cheiro do tabaco.

— O Harry tem esse poder — Ele comentou — Ele parece um pouco com o Andrew nesse aspecto.

— Você acha?

— Sim... Apesar das personalidades contrárias.

— O Harry tem a sua fama pelo colégio. Pude perceber isso andando ao seu lado por apenas dez minutos.

— O Andrew também é famoso pelos corredores. Ser algo sociável dá nisso — Connor se sentou ao meu lado, colocando novamente o cigarro entre os lábios — E como foi encontrá-lo depois de todos esses anos?

— Sinto como se estivesse vivo.

— Você não sentia que estava antes?

— Meu mundo perdeu as suas cores assim que ele foi embora — Lhe expliquei olhando na direção do jardim do colégio — Encontrá-lo hoje foi um pouco assustador, na verdade. Talvez já estivesse acostumado com aquele mundo cinza.

— Foi assustador ter ele voltando para a sua vida? — Connor perguntou.

— Não é isso... Eu estava com medo no início, por vários motivos, e quando finalmente lhe vi debaixo daquela enorme pessegueira, hesitei por um momento.

— É normal hesitar, Pietro... Vocês ficaram quatro anos separados.

— Meus pensamentos ainda estão uma bagunça — Comentei soltando um pouco de fumaça pelos lábios.

— Imagino...

— Ainda não sei o que pensar sobre o dia de hoje. Tudo aconteceu rápido demais para acompanhar. Meu mundo sempre foi calmo e parado há mais de quatro anos e vê-lo se mover desta forma me assustou muito no início. Quando a Charlotte disse que eu parecia com o garoto que o seu amigo estava procurando eu pensei que fosse desmaiar... Talvez até antes disso. Após isso, tudo passou como se fosse um borrão preto, eu conheci pessoas, meus pensamentos vagavam entre o racional e o imaginário, e quando me dei conta, ele estava lá, parado debaixo daquela árvore me olhando como se estivesse prestes a chorar. Na hora em que finalmente lhe abracei, percebi que enfim tinha recuperado a coisa mais importante do mundo, mas quando Andrew retribuiu o abraço, os seus dedos eram como lâminas cortando a pele das minhas costas — Dei uma pequena pausa para respirar e pensar. Não sabia mais o que estava falando para Connor naquele momento — Minha mente não está conseguindo acompanhar tudo que está acontecendo ao meu redor... Eu estou no automático desde de manhã.

Sunlight: O Encontro do Sol e da LuaWhere stories live. Discover now