Os pedidos de Kate

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Ponto de vista - Kate 

— Podemos comprar hambúrguer agora? — Perguntei novamente. Já perdi as contas de quantas vezes já fiz a mesma pergunta e obtive um não como resposta. No banco da frente, meu pai e o tio Sam parecem concentrados na discussão entediante sobre música. Eles quase nunca chegam num acordo. Ao meu lado, o anjo Castiel parece emburrado enquanto encara os dois bobões no banco da frente. — Eu só quero um hambúrguer com porção extra de bacon, batata frita e um milk-shake! Eu não estou pedindo algo impossível! 

— Não tem nem meia hora que saímos de casa, Kate. — Dean, o resmungão comentou ao fazer pouco caso do meu protesto. 

— O que houve com a nossa dieta, Kate? — Tio Sam me encarou surpreso. Eu tentei, eu juro que tentei acompanhar os passos dele quanto todos aqueles matos e sucos, mas sinceramente... Eu só preciso de qualquer coisa feita com bacon, e torta. Sempre haverá espaço para torta. 

— Eu tentei, tio Sam... — Resmunguei ao revirar os olhos. — Não percebeu meu mal humor?! Eu estava tão amargurada, tio Sam... — Lamentei. 

— Tudo bem, Kate... Eu ainda estarei aqui quando chegar aos seus trinta anos e precisar cuidar da saúde... Você ainda vai comer bem! — Reforçou. 

— Ah lá... Enquanto vocês falam de mato... Vejam só. — Dean nos chamou a atenção ao estacionar em frente à uma lanchonete no meio da estrada.

— O quê?! Dean, não temos tempo! — Castiel reclamou assim que acompanhei meu pai para fora do carro. 

— Relaxa, Cas... — O loiro pediu. — Vamos comendo no caminho... — Ele garantiu ao entrar na lanchonete. 

E lá estávamos nós, o quatros em volta de uma mesa enquanto esperamos ansiosamente pelos nossos pedidos. Uma música entediante está tocando ao fundo e o mal humor do anjo Castiel parece cada vez mais contagioso. Tio Sam parece emburrado também. 

— Como assim eles não têm saladas?! — Reclamou ao largar o cardápio sobre a mesa. Ah... Não, não é contagioso não... 

Não demorou muito para que meu pai e eu estivéssemos devorando nossos lanches dentro do carro enquanto tio Sam dirige e Castiel nos lembra dos fatos que não podemos esquecer. Dentre eles, o fato de que deixei o profeta sair depois de anos e agora ele pode simplesmente conseguir ler a tal placa. Eu não acho que seja possível já que estamos presos naquele bunker há anos e ele nunca soube mais que meia dúzias de palavras... Na verdade, eu acho mesmo que aquele tal Kevin não é profeta coisa nenhuma. Mas se o anjo Castiel acredita nisso... Temos que apoiá-lo. 

E não, eu não me sinto culpada, muito menos responsável pelo sumiço daquele garoto estranho. Eu não era a babá dele e muito menos tinha o dever de ficar de olho nele. Ele quem deveria ficar de olho em mim, e olha só, ele se foi na primeira oportunidade. Será que eu sou mesmo impossível? Hm... Vou começar a refletir sobre isso. 

— Sabe rapazes, eu estava pensando sobre uma coisa... — Comentei assim que terminei de comer e um silêncio chato se entendeu pelo pequeno ambiente. 

— Você tem algum plano, Kate? — Anjo Castiel me encarou em expectativa. Sinto em decepcioná-lo... 

— Na verdade sim, mas não envolve o profeta lá... — Comentei. 

— E sobre o que pensou, Kate? — Tio Sam perguntou sem desviar o olhar da estrada. 

— Bom, já que em breve estarei no último ano, que tal me matricularem num escola de verdade? Eu não aguento mais aqueles aulas virtuais! Eu me sinto solitária naquele bunker! — Afirmei. 

— Mas e as nossas tardes do chá, Kate? — Anjo Castiel pareceu surpreso ao me encarar. Tomar chá da tarde com Castiel é o mesmo que despertar todos os dias... Ele deve ter lembranças da minha infância, eu não sei ao certo, mas fazemos isso quase todos os dias. 

— Podemos fazer a noite do chá, Castiel. — Sugeri. Ele pareceu pensar sobre o assunto. 

— Sem chance! — Dean disparou. — Absolutamente, não! 

— Assim sem pensar, Dean? — Tio Sam perguntou. 

— Sem chance! Já basta termos que lidar com todas aquelas coisas atrás dela desde que ela entrou nas nossas vidas, ainda terei que lidar com todos aqueles pirralhos cheios de hormônios em cima da minha garotinha?! Nem pensar! — Disparou convencido. — Sem chance! 

— Você parece um velho rabugento, Dean! — Afirmei irritada. — Eu só queria agir como uma garota normal da minha idade. Eu nem tenho amigas! 

— Tem o Castiel! — Apontou. — E todas aquelas reuniões e todo aquele glitter no sobretudo do Cas?! 

— Dean... — Anjo Castiel reclamou. 

— Estávamos fazendo arte com papel, seu... Argh! — Dean sempre consegue me deixar irritada. — Tio Sam... — Por esse lado, talvez eu consiga alguma coisa. 

— Sabe que isso é bem complicado, não sabe? — Ele perguntou pacientemente. — Não queremos que se exponha tanto. 

— Então é melhor me embalsamarem e me colocarem numa vitrine! — Reclamei. — Como podem me privar até de parecer um pouco normal?! 

— Você não é normal, Katherine! — Dean reforçou em bom som. — Não somos uma família normal, não temos uma vida normal e isso nunca vai mudar! Agora esquece esse assunto! 

— Droga, droga, droga! — Resmunguei. — Por que droga foi dormir com a minha mãe?! — Nos instantes seguintes apenas a música agitada na rádio passeava entre nós e a minha raiva parecia emanar do meu corpo. Eles não me entendem, não me escutam! 

— Para ali, Sam! — Dean pediu ao avistar um hotel barato à pouco metros. — Vamos passar a noite e saímos cedinho. — Avisou. — Cas, tudo bem ser babá do sono da Kate? — E como se não bastasse, ainda terei que dormir com o anjo Castiel me observando. Eles não fazem isso desde que eu fugi do bunker quando criança... 

— Ótimo... — E naquele instante eu estava começando a acreditar que ficar no bunker teria sido um opção bem melhor... Acho que odeio essa parte sobre ser uma Winchester... 

A Filha de Dean Winchester (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora